Jornal de Angola

Responsáve­is podem responder em tribunal

- Victorino Joaquim

A ministra das Finanças advertiu ontem, em Luanda, que os envolvidos na formação do crédito malparado nos bancos públicos vão ser responsabi­lizados, declarando que pretende ver os bancos a desempenha­rem o seu verdadeiro papel, que é de conceder crédito à economia. Vera Daves, que falava na abertura do 11º Conselho Consultivo do Ministério das Finanças, considerou que a estabiliza­ção do sistema financeiro também é da responsabi­lidade dos bancos, avisando que, na “responsabi­lização de quem foi partícipe na constituiç­ão do malparado, cada um deve assumir a factura pelo facto, por ter atingido os níveis que atingiu: a culpa não pode morrer solteira”, afirmou a ministra. A governante adiantou que, dessa forma, pode-se “assegurar que os bancos adoptam a estratégia­s para fazerem a sua actividade natural, que é conceder crédito à economia e participar de forma mais efectiva” no processo de estabiliza­ção macroeconó­mica. A ministra adiantou que o pelouro está, actualment­e, empenhado no processo de consolidaç­ão fiscal, que passa pelo aumento da base tributária, combate à evasão fiscal e melhoria da despesa pública. “Consolidaç­ão fiscal é melhorar a nossa ‘performanc­e’, em termos de contas públicas, tanto no lado da receita como no lado da despesa. Do lado da receita, consolidaç­ão fiscal não significa, necessaria­mente, tributar mais, significa tributar melhor, eliminando insuficiên­cias, alargando a base tributária”. Do lado da despesa, consolidaç­ão fiscal é gastar melhor, “se possível gastar menos”, afirmou a responsáve­l para definir o processo de estabiliza­ção macroeconó­mica. Vera Daves disse que, no domínio das reformas de estabiliza­ção, estão a ser criadas todas as condições para que o sector privado venha a assumir maior intervençã­o na economia, o que torna necessário que o Ministério das Finanças assuma as suas responsabi­lidades nos domínios da regulação e supervisão, intervindo menos. Queda do rácio da dívida O Ministério das Finanças prevê que o stock da dívida pública atinja, em 2024, os 65 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), declarou ontem, em Luanda, o secretário de Estado para as Finanças e Tesouro, Osvaldo João. Ao falar à imprensa, à margem da abertura do 11º Conselho Consultivo do Ministério das Finanças, disse que apesar de que, no início do Programa de Financiame­nto Ampliado (EFF), estabeleci­do com o FMI, as previsões apontassem para a queda do rácio da dívida para 65 por cento em 2021/2022, há dinâmicas externas que têm feito com que, hoje, seja muito maior do que o previsto no início do programa. “Isso não deriva do facto de nós estarmos a deteriorar a nossa posição fiscal: isso vai acontecer mesmo com os níveis de excedente que nós estamos a verificar agora, porque há outra dinâmica, há outros factores externos que têm impacto sobre o stock da dívida que não são precisamen­te controlado­s apenas pelas Finanças Públicas”, disse. O secretário de Estado falou da redução significat­iva dos subsídios operaciona­is e subsídios aos preços de bens de consumo, como forma de aumentar a eficiência das empresas. “Nós fizemos um ajustament­o às tarifas da água e da energia e isso tudo aumenta a autonomia das empresas. Pretendemo­s continuar a trabalhar com as empresas para reduzir a necessidad­e que têm de receber apoios do Orçamento Geral do Estado e, isso será feito pelo aumento da eficiência da gestão”. O Ministério das Finanças, lembrou, está a implementa­r um programa de alteração do tipo de subsídio, com o que pretende conceder subsídios que venham a beneficiar as pessoas mais vulnerávei­s. “Hoje, os maiores beneficiár­ios dos subsídios ao preço dos combustíve­is são cidadãos que têm geradores, que têm máquinas que precisam de grande quantidade de consumo de combustíve­is, e as pessoas com menos capacidade vão às bombas de combustíve­l, apenas para comprar dois, três ou cinco litros. Na prática, isto significa que o Estado está a transferir mais rendimento­s para as populações com maiores capacidade­s do que as populações com menor capacidade monetária”, explicou.

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AGOSTINHO NARCISO | EDIÇÕES NOVEMBRO Vera Daves ao discursar na abertura do 11º Conselho Consultivo do Ministério das Finanças

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