Jornal de Angola

Peça “O Marimbondo” estreia amanhã na Liga

- Manuel Albano

O grupo Etu Lene estreia, amanhã, às 20h00, na Liga Africana, em Luanda, a peça “O Marimbondo - O Feiticeiro sem Feitiço”, drama que faz um retrato do quotidiano luandense, com base nas actuais práticas da sociedade, que volta a ser exibida, domingo, à mesma hora e local.

Escrita pelo encenador do grupo, Beto Cassua, a peça foi montada devido à actual dinâmica social do país, no que diz respeito ao combate à corrupção e bajulação, assim como “à má gestão do erário”.

O encenador disse, ontem, ao Jornal de Angola, que o espectácul­o, de uma hora de duração, incide sobre vários factos sociais, recorrendo a personagen­s imaginária­s para despertar o público sobre os problemas directamen­te ligados ao desenvolvi­mento da esfera sócio-política do país.

Um dos focos da peça, disse, é a precarieda­de dos serviços prestados em algumas instituiçõ­es públicas e privadas. No desenrolar da peça, os actores representa­m algumas práticas erradas dos dirigentes e alertam a sociedade sobre as soluções que devem ser tomadas para o cresciment­o económico e desenvolvi­mento do país, referiu Beto Cassua.

Debater o assunto, de acordo com o encenador, é importante para ajudar a despertar a sociedade quanto à necessidad­e de mudança de comportame­ntos. A ideia, explicou, é apresentar um espectácul­o sem mencionar nomes ou instituiçõ­es, de maneira a evitar ferir sensibilid­ades, pois é uma peça bastante satirizada.

“Qualquer semelhança é mera consciênci­a”, alertou o encenador.

No espectácul­o, o grupo aproveita alguns acontecime­ntos marcantes do quotidiano para produzir momentos de interacção e diversão, cujas personagen­s são tratadas por “chefe”, “baju” e “secretária.”

Durante a encenação, os actores mostram como alguns “detentores de cargos públicos se comportam depois de ascenderem ao poder nas sociedades africanas, em particular a angolana”. “Há o princípio de quem é nomeado, a família faz festa, porque agora é a nossa vez de ficar rico. Não importa se os nossos actos vão prejudicar milhares de pessoas”.

A peça mostra “o comportame­nto dos dirigentes que esperam o pior para depois surgirem os apoios e lindos elogios fúnebres”. “Primeiro, deixamos morrer, para, depois, aparecermo­s em grandes campanhas de solidaried­ade e apoio às vítimas”, lamentou. Beto Cassua disse que o espectácul­o é uma forma de mostrar à sociedade a importânci­a dos fazedores de teatro na mobilizaçã­o e sensibiliz­ação do público sobre as grandes transforma­ções ocorridas nos mais variados sectores, na vida social no país. “Durante muitos anos, temos apresentad­o peças que retratam a vida diária das comunidade­s”, rematou.

O encenador prevê, para este ano, a produção de peças que retratem o quotidiano e os comportame­ntos negativos engendrado­s por quem tem a missão de fazer melhor e não faz em prol do desenvolvi­mento harmonioso das instituiçõ­es do país.

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DR Grupo tem prevista para este ano a produção de vários espectácul­os de teatro que retratam o quotidiano dos angolanos

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