Peça “O Marimbondo” estreia amanhã na Liga
O grupo Etu Lene estreia, amanhã, às 20h00, na Liga Africana, em Luanda, a peça “O Marimbondo - O Feiticeiro sem Feitiço”, drama que faz um retrato do quotidiano luandense, com base nas actuais práticas da sociedade, que volta a ser exibida, domingo, à mesma hora e local.
Escrita pelo encenador do grupo, Beto Cassua, a peça foi montada devido à actual dinâmica social do país, no que diz respeito ao combate à corrupção e bajulação, assim como “à má gestão do erário”.
O encenador disse, ontem, ao Jornal de Angola, que o espectáculo, de uma hora de duração, incide sobre vários factos sociais, recorrendo a personagens imaginárias para despertar o público sobre os problemas directamente ligados ao desenvolvimento da esfera sócio-política do país.
Um dos focos da peça, disse, é a precariedade dos serviços prestados em algumas instituições públicas e privadas. No desenrolar da peça, os actores representam algumas práticas erradas dos dirigentes e alertam a sociedade sobre as soluções que devem ser tomadas para o crescimento económico e desenvolvimento do país, referiu Beto Cassua.
Debater o assunto, de acordo com o encenador, é importante para ajudar a despertar a sociedade quanto à necessidade de mudança de comportamentos. A ideia, explicou, é apresentar um espectáculo sem mencionar nomes ou instituições, de maneira a evitar ferir sensibilidades, pois é uma peça bastante satirizada.
“Qualquer semelhança é mera consciência”, alertou o encenador.
No espectáculo, o grupo aproveita alguns acontecimentos marcantes do quotidiano para produzir momentos de interacção e diversão, cujas personagens são tratadas por “chefe”, “baju” e “secretária.”
Durante a encenação, os actores mostram como alguns “detentores de cargos públicos se comportam depois de ascenderem ao poder nas sociedades africanas, em particular a angolana”. “Há o princípio de quem é nomeado, a família faz festa, porque agora é a nossa vez de ficar rico. Não importa se os nossos actos vão prejudicar milhares de pessoas”.
A peça mostra “o comportamento dos dirigentes que esperam o pior para depois surgirem os apoios e lindos elogios fúnebres”. “Primeiro, deixamos morrer, para, depois, aparecermos em grandes campanhas de solidariedade e apoio às vítimas”, lamentou. Beto Cassua disse que o espectáculo é uma forma de mostrar à sociedade a importância dos fazedores de teatro na mobilização e sensibilização do público sobre as grandes transformações ocorridas nos mais variados sectores, na vida social no país. “Durante muitos anos, temos apresentado peças que retratam a vida diária das comunidades”, rematou.
O encenador prevê, para este ano, a produção de peças que retratem o quotidiano e os comportamentos negativos engendrados por quem tem a missão de fazer melhor e não faz em prol do desenvolvimento harmonioso das instituições do país.