Os homens no centro do processo
"O Presidente Trump sabia exactamente o que estava a acontecer. Estava ao corrente de todos os meus movimentos. Eu não fazia nada sem a aprovação de Rudy Giuliani ou do Presidente", disse Lev Parnas, em entrevista a Rachel Maddow, na MSNBC. "Porque é que o círculo do Presidente Zelensky ou o ministro Avakov (ministro do Interior) ou o Presidente Poroshenko iriam reunir-se comigo? Quem sou eu? Eles receberam indicações para se reunirem comigo e é esse segredo que tentam manter. Eu estava oculto, a fazer o trabalho deles", disse Parnas.
Parnas acrescentou que Rudolph Giuliani, advogado pessoal de Donald Trump, deu instruções para informar o assessor principal do novo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que as "relações iriam azedar" e que os EUA iriam deixar de dar ajuda militar se Kiev não anunciasse a investigação a Joe Biden. No dia seguinte, o vice-Presidente Mike Pence cancelou a sua presença na cerimónia de tomada de posse de Zelensky.
Lev Parnas, de 48 anos, é o mais recente suspeito de acções criminosas que se vira contra Donald Trump. Detido no ano passado com Igor Fruman, que partilha a origem soviética e negócios em comum na Florida, enfrenta uma pena de prisão de 20 anos. Em Outubro, foi acusado pela procuradoria de Nova Iorque de violar a proibição de doações estrangeiras relacionadas com eleições, conspiração, falsas declarações e falsificação de documentos, após ter recebido um milhão de dólares provenientes de uma conta bancária da Rússia e canalizado para dois congressistas do Partido Republicano.
Quando Parnas e Fruman foram presos, Donald
Trump disse que não os conhecia, embora tenha admitido que podia ter sido fotografado ao lado deles. "Não conheço esses cavalheiros", afirmou.
"Está a mentir", disse Parnas, quer a Rachel Maddow, quer já na última quinta-feira no programa New Day, da CNN. "De cada vez que ele disser isso, eu mostro uma foto", declarou. À MSNBC, explicou que não se considerava amigo de Trump. "Não víamos jogos de futebol juntos nem comíamos cachorros-quentes, mas sabia perfeitamente quem eu era. Interagi muito com ele em eventos, falei muitas vezes a sós em reuniões."
Parnas e Fruman, conta a Mother Jones, estarão ligados ao oligarca ucraniano Dmytro Firtash, que luta há anos para não ser extraditado de Viena para os Estados Unidos, onde pendem acusações de corrupção.
Segundo a procuradora
Rebekah Donaleski, era Firtash quem estava a pagar as viagens dos dois homens, que foram detidos no aeroporto quando iam para Viena. Firtash teve também negócios com Paul Manafort, o homem que dirigiu a campanha de Trump e está a cumprir pena de prisão em casos de fraude e conspiração.
Entretanto, o Ministério do Interior da Ucrânia anunciou ter aberto uma investigação sobre a possibilidade de a embaixadora dos Estados Unidos ter ficado sob vigilância ilegal por desconhecidos antes de ter saído do posto em Maio.
Os documentos acrescentam mais material às acusações de que Trump pressionou a Ucrânia para anunciar uma investigação ao filho de Joe Biden, seu possível adversário político nas eleições de Novembro, enquanto a prometida ajuda militar estava retida.