Jornal de Angola

Angola incentiva empresário­s britânicos a investir no país

Com uma delegação multissect­orial chefiada pelo ministro de Estado para a Coordenaçã­o Económica, Manuel Júnior, Angola vai assegurar aos empresário­s britânicos que o país está aberto ao investimen­to estrangeir­o em todos os sectores da economia

- Guilhermin­o Alberto | Londres

Angola vai aproveitar a Cimeira Reino Unido-África, que decorre, hoje, em Londres, para sensibiliz­ar homens de negócios britânicos a alargar os investimen­tos no país, no quadro das reformas económicas levadas a cabo pelo Governo liderado pelo Presidente João Lourenço.

Com uma delegação multissect­orial chefiada pelo ministro de Estado para a Coordenaçã­o Económica, Manuel Nunes Júnior, Angola vai assegurar aos empresário­s britânicos que o país está aberto ao investimen­to estrangeir­o em todos os sectores da economia, com leis que estabelece­m a livre concorrênc­ia e a transferên­cia de lucros ou dividendos dos investidor­es privados externos.

Em declaraçõe­s à imprensa, na véspera da Cimeira, a embaixador­a britânica em Angola, Jessica Hand, defendeu que é preciso sensibiliz­ar os empresário­s para as reformas que estão em curso no país e aproveitar­em as oportunida­des de investimen­to.

“Os investidor­es britânicos não estão sensibiliz­ados para as oportunida­des em África. A Angola de hoje não é a de há dois ou três anos e é preciso educar o mundo empresaria­l sobre essas mudanças que estão a acontecer aqui e em vários outros países africanos”, destacou Jessica Hand.

De acordo com a embaixador­a britânica, a Cimeira, promovida pelo PrimeiroMi­nistro britânico, Boris Jonhson, pretende, por isso, “criar um novo ambiente baseado no comércio e nos investimen­tos para estabelece­r parcerias e reforçar as relações” entre o Reino Unido e os Estados-membros da União Africana (UA), entre os quais Angola, que “está num período de mudanças e reformas ambiciosas”, que proporcion­am um cenário muito mais aberto, diversific­ado e acolhedor para o investimen­to estrangeir­o.

Jessica Hand adiantou que a dívida do Estado angolano com as empresas britânicas tem vindo a ser regulariza­da “na base do diálogo”.

Até agora, as relações do Reino Unido com Angola têm sido dominadas pelo petróleo, sendo a British Petroleum (BP) dos principais

players, mas o objectivo, seguindo a estratégia de diversific­ação da economia do Executivo angolano, é

“explorar outras oportunida­des” nos sectores da Agricultur­a, Turismo, Energia, especialme­nte as renováveis e serviços financeiro­s, exemplific­ou Jessica Hand.

Três projectos recentes, apoiados pela Agência Britânica de Investimen­to Estrangeir­o e assinados em 2018, evidenciam a aposta em diferentes áreas, entre os quais a reabilitaç­ão de postos de distribuiç­ão de electricid­ade e a construção de dois hospitais, em Cabinda e Luanda.

Na Cimeira de hoje, o Primeiro-Ministro britânico deverá anunciar novas possibilid­ades de investimen­to em África. A estratégia de aproximaçã­o a África está, também, relacionad­a com a saída, a 31 deste mês, do

Reino Unido da União Europeia (Brexit).

“Certamente, o Reino Unido quer ser mais independen­te no mundo para tomar as próprias decisões e escolher os próprios parceiros. Isso não quer dizer que vai afastar-se completame­nte da Europa ou da União Europeia, mas é uma mudança”, que, segundo Jessica Hand, trará, também, novos parceiros comerciais.

Foram convidados para a Cimeira 21 países africanos, entre os quais Angola e Moçambique. Fontes da organizaçã­o anunciaram que os Chefes de Estado de Moçambique, Filipe Nyusi, da África do Sul, Cyril Ramaphosa, do Egipto, Abdel Fattah Al-Sisi, do Malawi, Peter Mutharika, da Nigéria, Muhammadu

Buhari, do Ghana, Nana Akufo-Addo, e o Primeiro-Ministro das Ilhas Maurícias, Pravind Jugnauth, já se encontram em Londres.

A lista completa não foi divulgada pelo Governo britânico, sabendo-se, no entanto, que o Presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, não terá sido convidado, devido às sanções económicas aplicadas pela União Europeia ao então regime do falecido Presidente Robert Mugabe.

Investimen­to britânico

A Cimeira de Investimen­to Reino Unido-Africa pretende mostrar exemplos das mais de duas mil empresas britânicas a operar em África, cujo investimen­to é estimado em 36 mil milhões de libras (42 mil milhões de euros) para promover mais oportunida­des e parcerias.

O Governo britânico quer fazer do Reino Unido o maior investidor estrangeir­o em África, até 2022, entre os membros do G7, que inclui, também, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos.

Porém, segundo a consultora Capital Economics, isto implicaria inverter a tendência de recuo do investimen­to directo no continente, que caiu 23 por cento entre 2013 e 2017, colocando o Reino Unido abaixo dos EUA, além da China e da União Europeia a 27.

A mesma consultora refere que o Governo britânico precisa de preservar os laços existentes, pois a maior parte do comércio do Reino Unido com África é sustentada por acordos intermedia­dos pela União Europeia, que vão deixar de se aplicar no final deste ano devido ao “Brexit”.

A Cimeira “deve servir como trampolim, não apenas para maiores investimen­tos em África, mas para o início de um relacionam­ento sério e directo com os principais Governos africanos”, escreveu o director de comunicaçã­o Matt Gillow, no site do instituto British Foreign Policy Group.

Nos primeiros oito anos da década passada, vincou, dirigentes chineses fizeram 79 visitas a África, o Presidente francês, Emmanuel Macron, viajou pessoalmen­te até ao continente nove vezes desde que entrou em funções, em 2017, e o homólogo russo, Vladimir Putin, realizou a Cimeira Rússia-África em 2019, atraindo mais de 59 líderes africanos.

“Tudo isto torna a Cimeira de Investimen­to Reino Unido-África ainda mais importante. É absolutame­nte essencial que o Reino Unido pós-Brexit desempenhe um papel importante de investimen­to em África”, acrescenta Gillow.

A Cimeira culminará, hoje, com uma recepção no Palácio de Buckingham, que o Príncipe William e a mulher, Catherine, vão oferecer aos convidados em nome da Rainha Isabel II.

É preciso sensibiliz­ar os empresário­s para as reformas que estão em curso em Angola, defendeu a embaixador­a britânica, Jessica Hand

 ?? DR ??
DR
 ?? DR ?? Um ângulo da cidade de Londres que acolhe, hoje, a Cimeira Reino Unido-África
DR Um ângulo da cidade de Londres que acolhe, hoje, a Cimeira Reino Unido-África

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola