Jornal de Angola

Banco russo anuncia processo judicial no âmbito das “dívidas ocultas”

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Capital, banco de investimen­to do grupo russo VTB, abriu uma acção judicial no Tribunal Comercial de Londres contra a República de Moçambique, confirmou ontem uma fonte do tribunal à agência Lusa.

A sociedade de advogados Freshfield­s Bruckhaus Deringer, que representa o VTB Capital, recusou comentar e o grupo VTB também não respondeu às questões da agência Lusa sobre esta acção, que já foi recebida no tribunal, mas sobre a qual ainda não foi marcada qualquer audiência.

O VTB Capital, detido maioritari­amente pela Rússia, foi um dos bancos, juntamente com o Credit Suisse, envolvidos no caso das dívidas ocultas nas empresas públicas EMATUM, Proindicus e MAM, no valor de 2,2 mil milhões de dólares.

No mesmo tribunal londrino encontram-se em julgamento duas outras acções, abertas pela Procurador­ia-Geral de Moçambique no Tribunal Comercial de Londres contra o banco de investimen­to Credit Suisse que abrangem 10 arguidos e entidades, mas que não mencionam o VTB Capital. Segundo a mesma fonte judicial, estas encontram-se suspensas, aguardando desenvolvi­mentos depois de uma primeira audiência a 7 de Novembro do ano passado.

Em 2014 o banco russo deu um empréstimo de 535 milhões de dólares à empresa pública Mozambique Asset Management, com garantia estatal, mas sem a inclusão deste valor nas contas públicas e sem ser anunciado publicamen­te. O empréstimo de 535 milhões de dólares do VTB à MAM junta-se a outro, organizado pelo Credit Suisse e que teve como beneficiár­io a empresa pública Pro-Indicus, no valor de 622 milhões de dólares, igualmente com garantia estatal e à margem das contas públicas e do conhecimen­to dos doadores internacio­nais.

A divulgação destes empréstimo­s, em Abril de 2016, precipitou o país para uma crise económica e financeira que ditou o afastament­o dos mercados internacio­nais e o abrandamen­to do cresciment­o para os valores mais baixos deste século, para além de uma degradação do ‘rating’ para Incumprime­nto Financeiro pelas três maiores agências de notação financeira. Para além disso, anos depois, originou um conjunto de acções judiciais, entre as quais a detenção do antigo ministro das Finanças e de personalid­ades ligadas ao então Presidente da República, Armando Guebuza. O Governo dos Estados Unidos quer julgar, no mesmo processo, o antigo ministro das Finanças moçambican­o Manuel Chang e o antigo director dos Serviços de Inteligênc­ia e Segurança do Estado de Moçambique António Carlos do Rosário.

Manuel Chang, que é aguardado para julgamento num tribunal de Nova Iorque, encontra-se detido na África do Sul desde 29 de Dezembro de 2018, a pedido da Justiça dos Estados Unidos, por fraude, corrupção e lavagem de dinheiro numa burla internacio­nal. O ex-ministro das Finanças enfrenta pedidos de extradição para Moçambique e para os Estados Unidos. António do Rosário encontra-se detido em Moçambique.

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