Quarteto de Madrid devia debater o plano
A Rússia considera que o plano de paz para o Médio Oriente, apresentado ontem pelo Presidente dos EUA, Donald Trump, devia ser analisado pelo Quarteto de Madrid, formado pelos Estados Unidos, ONU, União Europeia (UE) e Rússia.
“É claro que eu gostaria muito que o quarteto de mediadores internacionais analisasse esta situação, nomeadamente a Rússia, os Estados Unidos, a ONU, a UE”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, numa conferência de imprensa após reunir-se com o homólogo do Sudão do Sul, Awut Deng Acuil.
“Este é um mecanismo que ficou inactivo nos últimos anos e que, em geral, não foi usado para ajudar a encontrar soluções aceitáveis para todas as partes”, acrescentou.
Entretanto, fonte do Governo de Israel revelou ontem que o Primeiro-Ministro, Benjamin Netanyahu, desloca-se amanhã a Moscovo para informar o Presidente russo, Vladimir Putin, dos pormenores do plano de paz norte-americano para o Médio Oriente, apoiado por Israel, mas fortemente contestado pelos dirigentes palestinianos.
O plano já teve a reprovação do Primeiro-Ministro palestiniano, Mohamed Shtayeh, que o considera votado ao fracasso e destinado apenas a desviar as atenções políticas em Washington, no momento em que Donald Trump enfrenta um julgamento político no Senado, acusado de abuso de poder e obstrução ao Congresso.
Também o Presidente da Palestina, Mohamoud Abbas, disse que o plano norteamericano é demasiado favorável para Israel e anunciou que impede o regresso à mesa de negociações, a menos que seja retirado e que os EUA reconheçam a solução de dois Estados.
Saeb Erekat, secretáriogeral da Organização para a Libertação da Palestina, disse domingo que se reserva ao direito de se retirar dos acordos de Oslo, que enquadram as relações com Israel, se Trump insistir no plano.
A oposição declarada dos palestinianos poderá tornar o plano inaplicável, mas politicamente útil para o Governo israelita, que o considera vantajoso para as suas aspirações, depois de Netanyahu ter pedido a anexação de colonatos israelitas na Cisjordânia, que fora capturada em 1967 e foco de conflito no Médio Oriente desde então.