Guerra na Líbia sem solução militar
A situação na Líbia motivou uma cimeira de Chefes de Estado da Turquia e da Argélia, tendo este país reafirmado a intenção de assumir o papel de mediador do conflito
O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, reafirmou, domingo, que a crise na Líbia não pode ser resolvida por “meios militares”, após um encontro com o Presidente da Argélia, que quer assumir o papel de mediador do conflito.
“Estamos em conversações intensas com os países da região e com os actores internacionais para garantir o cessar-fogo e permitir o regresso do diálogo político”, disse Erdogan, numa conferência de imprensa, em Argel, citado pela AFP naquela que foi a primeira etapa de uma visita a vários países africanos.
O Presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, disse ter “concordado completamente” com o homólogo turco para “seguir o que foi decidido, em Berlim”, onde, no domingo, se realizou uma conferência internacional sobre a Líbia. “Trabalhamos juntos pela paz através de um acompanhamento diário e atento de todos os desenvolvimentos no terreno”, acrescentou.
A Líbia vive uma situação de caos desde a revolução de 2011, que pôs fim ao regime do Presidente Muammar Kadhafi, com o poder actualmente disputado entre o Governo de Unidade Nacional, em Tripoli, e o Governo rival, liderado pelo marechal Khalifa Haftar, em Tobruk.
A Turquia apoia as autoridades de Tripoli e recentemente autorizou o enviou de militares para o país.
A Argélia, que tem quase mil quilómetros de fronteira com a Líbia, pretende manter-se equidistante das duas partes em conflito e recusa “qualquer ingerência estrangeira”, promovendo uma mediação que preserve a estabilidade regional. Nesse contexto, Argel organizou, na semana passada, uma reunião com os países vizinhos para afirmar o apoio às conclusões da conferência de Berlim de manter o cessar-fogo em vigor desde o dia 12 e respeitar o embargo de armas.
A missão da ONU na Líbia denunciou que o embargo às armas continua a ser violado, o que Erdogan, em declarações à partida de Ankara para Argel, atribuiu ao marechal Haftar.
À parte a situação na Líbia, a visita de Erdogan à Argélia tem uma importante vertente política e económica. O Presidente turco, que viaja com uma comitiva de empresários, preside, com o PrimeiroMinistro argelino, Abdelaziz Djerad, a um fórum económico que visa dar “novo impulso” à parceria económica nos domínios “da indústria, turismo, agricultura e energias renováveis”.
ONU condena ataque
A Missão de Apoio das Nações Unidas na Líbia (UNSMIL) condenou, com veemência, o ataque realizado, domingo, contra o aeroporto de Maitigua, arredores de Tripoli, com dois mísseis de tipo “Grad”, que fez, pelo menos, dois civis feridos, danificou a pista e várias instalações, incluindo propriedades privadas e públicas.
Num tweet publicado, nas redes sociais, a UNSMIL reiterou que “os ataques contra alvos civis, em particular instalações públicas, constituem a violação flagrante do direito internacional humanitário”.
Apesar de uma trégua observada desde o dia 12, a pedido da Rússia e da Turquia, as violações são constantemente cometidas num contexto de acusações dos dois campos.
“Estamos em conversações intensas com os países da região e com os actores inter nacionais para garantir o cessarfogo e permitir o regresso ao diálogo político”, disse Tayyip Erdogan