Coronavírus é emergência de saúde global
Defesa e Segurança e ministérios das Relações Exteriores, do Comércio, da Comunicação Social, dos Transportes e do Governo Provincial de Luanda fazem parte da comissão
O Conselho de Ministros aprovou, na quarta-feira, uma comissão multissectorial integrada por vários ministérios para trabalhar no reforço das medidas de vigilância epidemiológica face ao novo coronavírus.
A comissão multissectorial integra órgãos de Defesa e Segurança e ministérios das Relações Exteriores, do Comércio, da Comunicação Social, dos Transportes e do Governo Provincial de Luanda. Entre as medidas de vigilância a reforçar destacam-se: rastreios nos principais pontos de entrada internacionais do país, através do controlo de temperatura, acções de formação nos principais pontos, orientações ao público em geral sobre regras de higiene, instalação de dispositivos para lavagem das mãos, disponibilização de equipamentos de protecção individual, intensificação da vigilância da gripe e reforço dos sistemas de alerta precoce e vigilância comunitária.
O comunicado refere ainda que o Governo angolano está a trabalhar com as autoridades chinesas na garantia de apoio logístico aos cidadãos angolanos residentes na cidade de Wuhan, particularmente aos estudantes.
Paciente chinês estável
O paciente de nacionalidade chinesa, internado desde o dia 26, na Clínica Girassol, em Luanda, com suspeita de coronavírus, apresenta um quadro clínico estável, sem febres durante as últimas 24 horas, deu a conhecer, ontem, em Luanda, o inspector-geral da Saúde.
Em conferência de imprensa, Miguel de Oliveira desmentiu informações postas a circular em várias plataformas de comunicação, incluindo as redes sociais, sobre a alegada morte do cidadão chinês, supostamente infectado com a doença.
Internado desde o passado dia 26, o paciente foi submetido a exames laboratoriais, tendo sido diagnosticado uma gripe comum. Ainda assim, seguindo as normas da Organização Mundial da Saúde (OMS), as amostras de fluidos do paciente foram enviadas, ontem, para um laboratório de referência na África do Sul. O inspectorgeral da Saúde explicou que os resultados dos exames devem estar prontos dentro de cinco ou seis dias e durante este período o paciente vai continuar em quarentena na Clínica Girassol.
Instado a justificar o envio das amostras para a África do Sul, Miguel de Oliveira disse que a nível mundial apenas existem 11 laboratórios de referência, para fazer o diagnóstico do coronavírus e outras doenças virais . Para a região Austral de África, o recomendável é o que está localizado na África do Sul.
Emergência internacional
O director-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, declarou, ontem, que o novo coronavírus é um caso de “emergência de saúde pública internacional”.
“Por todas estas razões, declaro uma emergência de saúde pública internacional sobre o surto global 2019NCOV”, afirmou.
“A principal razão para esta declaração não é pelo que está a acontecer na China, mas pelo que está a acontecer noutros países. A nossa maior preocupação é o potencial que o vírus tem de se propagar por países com sistemas de saúde frágeis e que não estão preparados para lidar com isso”, frisou o director-geral da OMS.
“Deixe-me ser claro: Esta declaração não é um voto de falta de confiança na China. Pelo contrário, a OMS continua a ter confiança na capacidade da China para controlar a propagação do coronavírus”, acrescentou.
“Devemos acelerar o desenvolvimento de vacinas, terapias e diagnósticos; combater os rumores e a desinformação; rever os planos de preparação, identificar lacunas e avaliar os recursos necessários para identificar, isolar e cuidar de casos para impedir a transmissão; e partilhar dados, conhecimentos e experiências com a OMS e o mundo. A única maneira de derrotar este surto é que todos os países trabalhem juntos num espírito de solidariedade e cooperação. Estamos todos juntos nisto e só podemos parar juntos”, rematou Tedros. Adhanom Ghebreyesus.
Nos últimos dez anos, a Organização Mundial da Saúde (OMS) só uma vez tinha avançado com um alerta pandémico. Foi com a gripe das aves H1N1, em 2009. Depois disso, avançou apenas com situações de emergência internacional com o vírus ébola, em 2013, com o ressurgimento da pólio, em 2014, e com o zika, em 2016.
Um Alerta da Situação de Emergência Internacional tem como objectivo travar uma situação ainda mais grave de uma pandemia. É isso que as autoridades de saúde internacionais querem travar a todo o custo.