PAIGC apoia apuramento já marcado para amanhã
Está marcado para amanhã um novo apuramento eleitoral, decisão já apoiada pelo PAIGC e CEDEAO. A candidatura de Umaro Sissoco Embaló ainda não se pronunciara até ontem
O Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) congratulouse, sábado, à noite, com as recomendações da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) e decisão assumida pelo Supremo Tribunal para se ultrapassar o impasse póseleitoral na Guiné-Bissau.
Segundo o porta-voz do PAIGC, Óscar Barbosa, citado pela Lusa, o partido considera que as recomendações da CEDEAO “vão ao encontro” da posição defendida pelo Supremo Tribunal de Justiça, na apreciação ao recurso contencioso interposto por Domingos Simões Pereira, líder e candidato do partido às eleições presidenciais, que não concordou com os resultados da votação, anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE).
A CNE, dando seguimento à decisão do Supremo Tribunal, e em obediência à Lei, decidiu marcar para amanhã, na sua sede em Bissau, um novo apuramento da contagem dos votos respeitante à segunda volta das eleições presidenciais. “Para nós, a posição da CEDEAO é um aconselhamento às partes envolvidas ao estrito cumprimento do acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, fazendo entender às entidades que o respeito às leis é o único caminho para a salvaguarda da democracia na Guiné-Bissau”, observou Óscar Barbosa.
Uma missão ministerial da organização africana esteve em Bissau, na quinta e sextafeira tendo, no final de vários encontros, recomendado que, até ao dia 7, a CNE proceda ao apuramento nacional dos resultados, na presença de representantes de Umaro Sissoco Embaló e Domingos Simões Pereira, os candidatos à segunda volta das eleições.
No sábado, a CNE emitiu um comunicado onde dava conta de que amanhã de manhã decorrerá o novo apuramento dos resultados eleitorais, convocando representantes de Umaro Embaló, supostamente o candidato mais votado, de Domingos Simões Pereira, concorrente vencido e ainda um elemento da CEDEAO que assistirá ao acto na qualidade de observador.
Alguma desconfiança
Um membro do PAIGC disse, sábado, que “há gato escondido com o rabo de fora” na Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau, no que diz respeito ao cumprimento do acórdão do Supremo Tribunal de Justiça para repetição do apuramento eleitoral.
“O posicionamento da instituição competente para o anúncio dos resultados eleitorais que resiste ao cumprimento de um acórdão da corte suprema do nosso país, não deixa margem de dúvidas para ninguém de que aí há gato escondido com o rabo de fora”, afirmou João Bernardo Vieira.
O membro do Comité Central do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) falava na cidade da Praia, numa mensagem ao congresso ordinário do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV). O representante do PAIGC disse que o partido já recorreu aos meios legais à sua disposição, mas entendeu que, dessa forma, pretende-se “escamotear a verdade eleitoral mais uma vez e adiar a esperança de todo um povo”.
“Quero assegurar-vos a todos que o camarada Domingos Simões Pereira ganhou as eleições presidenciais na Guiné-Bissau e se Deus quiser será o próximo Presidente guineense”, reclamou o dirigente político. Na mensagem, João Vieira exortou, por isso, a comunidade internacional, particularmente a União Africana e a Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), a contribuírem para o reforço das instituições internas nos países, nomeadamente os órgãos de soberania, e não a sua substituição.
Contactada pela Lusa, a CNE não reagiu ao comunicado da CEDEAO nem à desconfiança manifestada pelo PAIGC, e a candidatura de Umaro Sissoco Embaló diz estar a analisar o comunicado e a decisão da CNE de marcar para amanhã um novo apuramento dos resultados para então se posicionar.
A CNE deu Umaro Sissoco Embaló, apoiado pelo Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), como o vencedor do escrutínio, com 53,55 por cento dos votos, enquanto Domingos Simões Pereira conseguiu 46,45. A candidatura de Simões Pereira não aceita os resultados, alegando irregularidades na forma como a CNE conduziu o processo e ainda fraude eleitoral, daí o recurso ao Supremo Tribunal de Justiça.
Uma missão ministerial da CEDEAO esteve em Bissau, na quinta e sexta-feira, tendo recomendado que até ao dia 7 a CNE proceda ao apuramento nacional dos resultados das presidenciais