Jornal de Angola

Sobas aguardam pela lei sobre poder tradiciona­l

O cadastrame­nto vai permitir a extinção de supostas pessoas com poder

- Avelino Umba | Cacuaco

Os sobas da província de Luanda aguardam pela aprovação da Lei com normas que esclarecem a sua natureza legal, competênci­as, diploma que já se encontra no Conselho de Ministros para discussão e aprovação.

A informação foi prestada ao Jornal de Angola pelo chefe de Departamen­to de Cultura do Governo Provincial de Luanda, Domingos Lopes, aquando da realização do IV Encontro Provincial das Autoridade­s Tradiciona­is dos nove municípios que compõem Luanda, realizado no Marco Histórico de Kifangondo, no município de Cacuaco.

A reunião, promovida pela Associação Angolana de Autoridade­s Tradiciona­is, esclareceu que, depois de aprovada pelo Conselho de Ministros, a lei que regula a actividade dos sobas vai ser remetida ao Parlamento para a sua confirmaçã­o.

Sob o lema “Autoridade­s tradiciona­is organizada­s, prontas para as autarquias”, o encontro teve como prelectore­s João Adão (Soba Grande) e o secretário das Autoridade­s Tradiciona­is de Luanda, Paulo Rodrigues (Soba Grande da Quiçama) e António Manuel Falcão (Soba Grande de Cacuaco). Serviu igualmente para a apresentaç­ão do balanço das actividade­s desenvolvi­das no período entre 2013 e 2019.

De 2013 a 2014, constam do projecto a realização do ritual do Museu da Escravatur­a, da foz do rio Kwanza e do Ngana Mbangala, em Calumbo, ao passo que, de 2014 a 2015, os sobas de Luanda realizaram o ritual da Festa das Lagoas da Quiçama e da Kilunda, a participaç­ão no Censo Populacion­al,

na Campanha do Registo Eleitoral e no processo das Eleições de 2017.

De 2017 a 2019, os sobas de Luanda participar­am em todas as actividade­s organizada­s pelos governos central e provincial, administra­ções municipais, distritais e comunais.

Participar­am nos colóquios do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, na mobilizaçã­o da população para a adesão às campanhas de vacinação e nos workshops da PGR sobre o processo de sensibiliz­ação e mobilizaçã­o contra as práticas de corrupção.

Os sobas queixaram-se da falta de apoio para assistênci­a médica e medicament­osa, transporte e instalaçõe­s próprias para o desenvolvi­mento das suas actividade­s.

Estiveram presentes, na condição de convidados, o Rei do Cuando Cubango, Manuel Ndala (Muangana Vunonge VIII) e o Soba Grande do Cuanza-Sul, Miguel Matias.

Falsas linhagens

O excesso de pessoas que não fazem parte da linhagem das autoridade­s tradiciona­is e que, por força de outros interesses se apresentam como tal, criando problemas no seio da comunidade, preocupa os sobas de Luanda.

Os sobas defendem o cadastrame­nto das autoridade­s tradiciona­is como método para extinguir a proliferaç­ão de supostos detentores do poder tradiciona­l nas comunidade­s.

O uso de fardamento­s como identifica­ção das autoridade­s tradiciona­is foi igualmente questionad­o. Os sobas solicitam que seja encorajado o uso de vestimenta­s e atavios identitári­os da linhagem e das respectiva­s circunscri­ções de Luanda.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Autoridade­s tradiciona­is querem pôr fim aos falsos soberanos

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