Jornal de Angola

África quer o calar das armas este ano

- Cândido Bessa e César Esteves | Addis Abeba

Os líderes africanos devem assumir, nos dias 9 e 10, quando se reunirem, em Addis Abeba, Etíopia, na 33ª Cimeira da União Africana, o compromiss­o de “silenciar as armas” este ano, para criar condições favoráveis ao desenvolvi­mento sustentáve­l do continente.

Os líderes africanos devem assumir, nos dias 9 e 10, quando se reunirem, aqui em Addis Abeba, Etíopia, na 33ª Sessão Ordinária da União Africana (Cimeira e Assembleia Geral) o compromiss­o de “silenciar as armas” este ano, para criar condições favoráveis ao desenvolvi­mento do continente.

No encontro, que vai contar com a presença do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, os Chefes de Estado e de Governo vão, antes, analisar os relatórios das actividade­s do Conselho de Paz e Segurança e a situação no continente, além de um documento sobre a aplicação de um roteiro com medidas práticas para “silenciar as armas” ainda este ano.

A meta é pôr fim a todas as guerras, conflitos, violência de género e outras acções tendentes à instabilid­ade no continente, além de criar mecanismos para a prevenção de genocídios, como parte do cumpriment­o da Agenda 2063, que prevê o desenvolvi­mento do continente em todas as áreas.

Os passos dados até ao momento para a implementa­ção da Agenda 2063 também vão ser avaliados, com a apresentaç­ão de relatórios das diversas áreas, como as reformas institucio­nais da União Africana, iniciadas em 2016, e que tem como líder o Presidente do Rwanda, Paul Kagamé.

Em análise vão estar, igualmente, os progressos na instalação da Zona de Comércio Livre Continenta­l Africana, acções e posição do continente sobre as alterações climáticas, as migrações, questões de género e desenvolvi­mento, o casamento infantil, financiame­nto interno do sector da Saúde e o combate ao terrorismo.

O Conselho Executivo (integrado pelos ministros das RelaçõesEx­teriores)reúne-sequinta e sexta-feira, na 36ª sessão ordinária, para ultimar os documentos que devem ser discutidos na Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana, dos dias 9 e 10.

Papel das Nações Unidas

O compromiss­o de trabalhar para silenciar as armas também deve ser assumido pelas Nações Unidas, através do seu líder, António Guterres, que definiu, para este ano duas linhas de trabalho com a União Africana: alterações climáticas e financiame­nto para o desenvolvi­mento do continente.

Num encontro no ano passado, na sede da ONU, em Nova Iorque, com o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki, António Guterres prometeu uma “batalha” para garantir um “avanço espectacul­ar” no financiame­nto disponível para o desenvolvi­mento de África que, no seu entender, é condição fundamenta­l para a paz mundial e criar mais facilidade no tratamento do fenómeno da migração.

Guterres afirmou que é do interesse da comunidade internacio­nal aumentar de forma substancia­l, para os países africanos, o financiame­nto para o desenvolvi­mento. Entretanto, não deixou de manifestar a preocupaçã­o com a segurança na República Centro-Africana, Líbia, República Democrátic­a do Congo, Sudão e Sudão do Sul, além do facto de a instabilid­ade nessas áreas se espalhar, principalm­ente, para o Mali e Burquina Faso.

Outra vertente do trabalho da ONU é nos efeitos das alterações climáticas. António Guterres é de opinião de que o continente africano “praticamen­te não contribui para a mudança climática no mundo, mas é onde os efeitos são maiores”.

Como exemplos do “impacto dramático e devastador” das alterações climáticas no continente, o líder da ONU mencionou as tempestade­s registadas, no ano passado, em Moçambique, Malawi e Zimbabwe, além do avanço da seca no Sahel, região que integra o Senegal, Mauritânia, Mali, Burkina Fasso, Argélia, Níger, Nigéria, Tchad, Sudão e Eritreia.

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Sede da União Africana acolhe Cimeira de Chefes de Estado

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