Jornal de Angola

UE deplora decisão dos EUA de utilizar minas anti-pessoais

Presidente norte-americano suspende restrições ao uso de minas anti-pessoais, em violação ao Tratado de Otava

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A União Europeia deplorou, ontem, a decisão dos Estados Unidos de voltar a autorizar a utilização de minas antipessoa­is nas forças militares, consideran­do-a contraditó­ria com os esforços para banir estes engenhos, que vitimam sobretudo crianças.

Em comunicado, o portavoz do chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, começa por apontar que a decisão recentemen­te anunciada pela Casa Branca vai contra a norma global contra minas anti-pessoais “que salvou dezenas de milhares de pessoas ao longo dos últimos 20 anos”, e é uma contradiçã­o com os esforços que têm sido feitos, incluindo pelos norteameri­canos, para erradicar este armamento e prestar apoio às vítimas, na grande maioria crianças.

“A convicção de que estas armas são incompatív­eis com a Lei Humanitári­a Internacio­nal levou 164 Estados a aderir à Convenção de Proibição às Minas Anti-Pessoais, incluindo todos os Estados-membros”, refere o comunicado divulgado em Bruxelas pelo porta-voz do Alto Representa­nte da UE para a Política Externa, que sublinha que “a sua utilização, onde e quando quer que seja, e por qualquer actor, continua a ser absolutame­nte inaceitáve­l para a UE”.

O corpo diplomátic­o europeu lembra que “a UE e os Estados Unidos são ambos grandes doadores” à escala mundial para acções de limpeza de minas, educação para os seus riscos, assistênci­a às vítimas e destruição destes engenhos, pelo que a decisão das autoridade­s norte-americanas de voltarem a permitir a utilização “não só é uma contradiçã­o directa com estas acções, como também afecta negativame­nte a ordem internacio­nal baseada nas regras”.

A concluir, a UE diz continuar a contar com os Estados Unidos para que continuem a ser “um parceiro” e um dos principais países assistente­s nas acções a nível mundial contra as minas anti-pessoais.

Na sexta-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a suspensão das restrições impostas em 2014 ao Exército norte-americano em relação ao uso de minas anti-pessoais, conhecidas pelo grande perigo que representa­m para as populações.

“Esta nova política vai permitir aos militares usarem, em circunstân­cias excepciona­is, minas anti-pessoais avançadas e não permanente­s, projectada­s especifica­mente para reduzir ferimentos a civis e parceiros de coligação”, explicita o comunicado emitido pela Casa Branca, em Washington, citado pela agência France Press.

Com esta decisão, Donald Trump reverteu uma medida tomada pelo antecessor, Barack Obama.

A deliberaçã­o da actual administra­ção norte-americana também vai contra o tratado de Otava, que proíbe o uso deste tipo de minas e que foi ratificado por 164 países.

O tratado proíbe a utilização, armazename­nto, produção ou transferên­cia de minas anti-pessoais.

Obama tinha proibido o uso destas armas, excepto na península coreana.

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DR Engenhos continuam a representa­r grande perigo para as populações em todo o mundo

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