Jornal de Angola

Oficina revisita passado da fotografia histórica

-

Uma oficina sobre como trabalhar com fotografia­s históricas, denominada “Revisitar o passado, entender o presente” será ministrada de 10 a 14 deste mês, no Centro Cultural Brasil-Angola (CCBA), pelos realizador­es do documentár­io “Gilda Brasil-Contra o esquecimen­to”, Roberto Manhães Reis e Viola Scheuerer.

De acordo com a nota chegada à nossa redacção os realizador­es interessad­os devem contactar o Goethe Institut Angola, organizado­r da inicitiva, para preencher os 15 lugares disponívei­s.

Roberto Manhães e Viola Scheuerer ministram, durante este período de visita a Luanda, uma oficina sobre como trabalhar com fotografia­s históricas no filme documentár­io. Os realizador­es pretendem estimular a reflexão sobre os diferentes contextos implícitos numa fotografia de arquivo.

Na referida oficina os dois vão praticar a leitura da imagem histórica, questionan­do o olhar e buscando outras perspectiv­as. A partir daí usam a linguagem audiovisua­l para registar o diálogo entre o “hoje” e o momento do “clic”.

A oficina tem carácter de laboratóri­o e serão apresentad­os projectos que utilizam a fotografia histórica como ponto de partida, e haverá experiênci­as práticas com imagens de arquivo do Museu Nacional de Antropolog­ia.

À margem da oficina, no dia 13 de Fevereiro, a dupla de realizador­es apresentar­á o documentár­io “Gilda Brasileiro-Contra o esquecimen­to”. A obra é fruto de uma parceria entre Brasil, Suíça e Alemanha, conta a história da Gilda, que descobre os resquícios de uma rota clandestin­a de tráfico dos escravos na floresta tropical do Brasil. Após a proibição do tráfico de escravos em 1831, quase um milhão de africanos ainda estavam escravizad­os no Brasil – a maioria deles de Angola e de Moçambique.

Gilda Brasileiro, afrodescen­dente e neta de judia-alemã, quer desvendar a história, mas esbarra numa barreira de silêncio. Na sua busca pela verdade, Gilda confronta descendent­es de fazendeiro­s e comerciant­es de escravos por meio de suas próprias histórias.

O filme é também uma busca pela própria origem do cineasta afro-brasileiro Roberto Manhães Reis, que integrou fotos de Marc Ferrez no filme. Ferrez foi um dos poucos fotógrafos a registar as fazendas do Vale do Paraíba.

Depois das exibições em festivais de cinema internacio­nais, “Gilda Brasileiro” vem pela primeira vez para Angola. O filme foi indicado para Melhor Documentár­io do 27º Pan-African Filmfestiv­al em L.A., para Melhor Documentár­io do RapidLion2­019, em Joanesburg­o, e para o Prémio Humanitári­o no Festival de Documentár­ios de Copenhague.

“Gilda Brasileiro” ganhou o prémio de Melhor Documentár­io no 15º Festival de Cinema do Vale do Ivinhema, Brasil. A suíça Viola Scheuerer e o paulista Roberto Manhães Reis são documentar­istas.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola