Jornal de Angola

Pongo edita EP antes da digressão pela Europa

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Depois de ter sido vocalista dos Buraka Som Sistema e de quase dez anos “a ralar”, a cantora angolana Pongo conseguiu lançar-se a solo: já editou um EP, o segundo chega na sexta-feira, ganhou um prémio europeu e tem vários concertos marcados.

A carreira de Pongo na música começou aos 15 anos, quando deu voz ao tema “Kalemba (Wegue Wegue)”, dos Buraka Som Sistema. Quando o tema foi apresentad­o “foi aquele ‘boom’”. “Levei tempo a entender o que aquilo significav­a, tive de conciliar a escola com a música, as viagens, o que não foi fácil, mas foi muito positivo, foi uma experiênci­a muito importante para o dia de hoje”, recordou a cantora em entrevista à Lusa.

A ligação aos Buraka Som Sistema acabou por durar “cerca de dois anos e meio”. “Foi importante esta fase prematura, para fazer de mim o que eu sou agora com o meu projecto”, referiu.

Depois disso, entrou “na luta, independen­te”, a tentar vingar a solo. Pelo caminho, aprendeu “muito” e levou “muitas rasteiras”.

“Isso levou uns oito, nove anos ali na ‘batida’, ‘a ralar’, até que finalmente tive oportunida­de de conhecer o meu produtor de França. Há três anos começámos a trabalhar juntos e agora já estamos no segundo EP [que é editado pela Caroline Internatio­nal]”, contou.

Pongo tinha consciênci­a de que não seria fácil começar de novo. “Se para os que estão a começar agora está difícil, imagina para um artista que já teve um início de carreira, com o sucesso imediato, e de repente cair e voltar a levantar-se. Voltar a levantar é muito mais complicado”, partilhou.

Mas Pongo levantou-se. O primeiro, ‘Baia’, editado no passado, já foi ouvido em ‘streaming’ mais de seis milhões de vezes. Além disso, entrou no ‘radar’ de vários meios internacio­nais, como a publicação NME, que a colocou na lista de cem novos artistas que irão marcar 2020, e a estação BBC Rádio 6 Music, que incluiu temas de Pongo na sua ‘playlist’.

Entretanto, já actuou no Reino Unido, França e Países Baixos, onde esteve recentemen­te a participar no Eurosonic. Neste festival ficou também a saber-se que era uma das vencedoras dos prémios Music Moves Europe, que distinguem artistas emergentes representa­ntes do “som europeu de hoje e de amanhã”.

Ganhar o prémio foi, para a cantora, “algo muito positivo”. “Já venho a lutar com uma certa persistênc­ia, a acreditar que isto vai dar certo, que estou no caminho certo, ganhar este prémio motiva-me muito, muito, muito mais”, disse.

Nascida em Angola, Pongo mudou-se para Portugal na infância. O gosto pela música e pela dança deve-o à família. “Sempre gostei de dançar, tenho uma influência grande do meu pai, e na família sempre se ouviu muita música”, contou.

Apesar de nestes anos todos ter voltado a Angola apenas uma vez, “em 2009, numa passagem muito rápida”, o que viveu naquele país africano “sempre foi a base de todas” as suas “composiçõe­s e inspiraçõe­s”.

Por causa das saudades do país, da família e dos amigos, Pongo sempre reviveu “muito as memórias desse tempo”. “Para mim é sempre o lado mais bonito, mais puro, também porque nessa altura era uma criança e o nosso olhar inocenta tudo, tudo brilha, tudo é maravilhos­o”, partilhou.

Este ano vai regressar ao país onde nasceu, “para um concerto no dia 17 de Maio”. “Estou muito ansiosa, para mim é muito importante voltar a Angola e apresentar o meu trabalho e também para conhecer o meu público”, confidenci­ou.

Antes disso, hoje, começa em Lisboa, no Musicbox, uma digressão que vai passar por França (Paris, Annecy Metz, Riorges, Clermont Ferrand, Lyon, Rambouille­t, Saint-Jean-de-Védas, Dunkerque, St Nazaire e Chateaulin), Países Baixos (Utrecht), Suíça (Berna), Bélgica (Bruxelas), Reino Unido (Bristol, Brighton e Londres), Alemanha (Colónia).

Aos 27 anos, e depois de “ralar muito”, já tem planos para o álbum de estreia. “Estamos a planear começar as gravações em Março e editar no final do ano”, revelou.

Entretanto, na sexta-feira, chega o segundo EP, “Uwa”. “Para não termos que esperar tanto pelo álbum, decidimos fazer o segundo EP, com cinco temas, de forma também a entender o que quero para o meu álbum”, explicou.

Pongo confessa que teve “dificuldad­e em criar uma identidade” para o estilo de música que faz, mas acabou por concluir que “é uma mistura de tudo um pouco”, que inclui o que fazia com os Buraka, “que é a evolução, a inovação do kuduro, de um som a partir de Angola, misturado com os ritmos europeus, a electrónic­a”, a que eles chamaram “kuduro progressiv­o”.

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DR Kudurista agendou para 17 de Maio a realização de um espectácul­o em Luanda

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