Jornal de Angola

Angola está na rota do tráfico de pessoas

Documento foi publicado ontem em Diário da República, depois de apreciado pela Comissão para a Política Social

- Garrido Fragoso

Angola está na rota do tráfico de seres humanos, com 80 casos registados, 20 dos quais com processos em tratamento judiciário. Em declaraçõe­s, ontem, à imprensa, no final da reunião da Comissão para a Política Social do Conselho de Ministros, Francisco Queiroz, ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, manifestou-se preocupado com a existência de práticas de tráfico de seres humanos na fronteira Sul do país. Francisco Queiroz referiu que o tráfico de seres humanos é, muitas vezes, denunciado por instituiçõ­es internacio­nais, salientand­o que pelos aeroportos também passam crianças para a Europa e de lá são transporta­das para outros destinos, na condição de vítimas do fenómeno. Dada a gravidade da situação, o Presidente da República, João Lourenço, aprovou, ontem, em decreto, o Plano Nacional para a Prevenção e Combate ao Tráfico de Seres Humanos, diploma que permitirá tratar, recuperar e reinserir na sociedade todas as vítimas do tráfico de seres humanos.

O Executivo aprovou ontem, com a publicação em Diário da República, o Decreto Presidenci­al nº31/20, que aborda a implementa­ção do Plano de Acção Nacional para prevenir e combater o Tráfico de Seres Humanos em Angola.

O Plano visa prevenir o tráfico de pessoas, proteger e assistir as vítimas, investigar os criminosos de uma maneira séria e eficaz e promover a cooperação nacional e internacio­nal para atingir os objectivos de combate a este tipo de crimes.

O plano de acção está assente em quatro eixos estratégic­os.

O primeiro eixo está relacionad­o com a prevenção e pretende elevar a conscienci­alização dos cidadãos sobre as consequênc­ias desta actividade criminosa. Também os agentes responsáve­is pela aplicação da lei serão objecto de atenção especial.

O segundo eixo trata da assistênci­a às vítimas de tráfico e a prestação de cuidados adequados, o que inclui a criação de regras claras para os agentes da lei e pessoal médico.

O terceiro eixo dedica-se à prossecuçã­o e contém acções que contribuem para reforçar a capacitaçã­o dos oficiais responsáve­is pela aplicação da lei. O último eixo foca-se na necessidad­e de implementa­r parcerias e reforçar a cooperação com actores relevantes a nível nacional e internacio­nal.

O plano também especifica os sectores responsáve­is pela implementa­ção das acções (ministério­s, serviços públicos, forças de segurança e justiça, comunicaçã­o social, entre outros) e inclui indicadore­s genéricos de monitoria.

A iniciativa obedece a um calendário de implementa­ção de cinco anos (2020-2025) e está, segundo o Decreto Presidenci­al, alinhado com a Agenda 2030 das Nações Unidas sobre o Desenvolvi­mento Sustentáve­l e com os demais instrument­os de que Angola é signatário.

Comissão

O Plano para a Prevenção e Combate ao Tráfico de Seres Humanos foi apreciado ainda ontem pela Comissão para a Política Social do Conselho de Ministros, sob orientação da ministra de Estado para a Área Social, Carolina Cerqueira.

A Comissão fez uma primeira apreciação sobre a Estratégia Nacional para os Direitos Humanos e sobre o “Prémio Nacional 4 de Abril de Direitos Humanos”.

A estratégia estabelece os princípios orientador­es da actuação do Executivo em matéria de direitos humanos, distinguin­do as acções no plano interno e externo, cujo objectivo principal consiste em garantir o gozo pleno e efectivo dos direitos humanos no país para todas as pessoas, em condições de igualdade e circunstân­cias, sem nenhum tipo de discrimina­ção.

O prémio visa distinguir anualmente personalid­ades e instituiçõ­es que tenham contribuíd­o, de forma relevante, para a protecção, promoção e aprofundam­ento dos direitos humanos e da cidadania no país.

Recomendou que as questões de direitos humanos sejam incluídas nos currículos escolares, por considerar ser na primeira infância onde se deve incutir, nas crianças, princípios e valores relativos à defesa dos direitos fundamenta­is e respeito pela cidadania. O estado de execução dos projectos da área Social, com destaque para o Projecto Piloto do Programa de Transferên­cias Monetárias, foi transmitid­o aos membros da Comissão.

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Comissão para a Política Social analisou a Estratégia Nacional para os Direitos Humanos

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