Separatistas raptaram mais de 100 pessoas
Vários grupos armados das regiões anglófonas dos Camarões sequestraram mais de cem pessoas, de Novembro até às eleições realizadas domingo, revelou, ontem, a Organização Não-Governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW).
“Os líderes separatistas deveriam dar instruções claras aos seus combatentes para acabarem com os crimes contra civis”, afirmou o director da organização para a África Central, Lewis Mudge, citado pela agência Efe.
A HRW acusou, também, as forças de segurança camaronesas de não só “não protegerem adequadamente os civis das ameaças dos separatistas”, como de “cometerem mais abusos” contra a população durante o mesmo período.
A ONG fundamenta as acusações em entrevistas realizadas a 55 vítimas de abusos e a testemunhos da violência levada a cabo pelos grupos armados separatistas e pelas forças de segurança desde o anúncio, em Novembro, das eleições realizadas no passado dia 9.
A HRW falou ainda com membros da oposição política nos Camarões, candidatos eleitorais e residentes das regiões anglófonas do Noroeste e Sudoeste do país, assim como analisou imagens recolhidas por satélites e vídeos para corroborar com os testemunhos.
“Várias dezenas” de pessoas morreram durante o período em análise em incidentes relacionados com choques entre separatistas e as forças de segurança, assim como entre facções secessionistas rivais, segundo a ONU e a HRW, que admite ser difícil a confirmação fiável do número de mortos devido à inexistência de um mecanismo oficial de monitorização.
Já mais clara foi a ameaça feita pelos separatistas a todos os que manifestaram a intenção de participar nas eleições, fossem candidatos, funcionários eleitorais, activistas ou eleitores, concretizada através de vários incidentes violentos.