Jornal de Angola

O Reino Unido Global

- JESSICA HAND

Passados quase 4 anos desde o referendo de Junho de 2016, no qual 51.9% da população Britânica votou a favor da saída do Reino Unido da União Europeia (UE), o Reino Unido retirou-se da UE às 23:00 horas do dia 31 de Janeiro de 2020. Durante os próximos 11 meses, ambas as partes negociarão os termos do futuro engajament­o.

Cria-se agora uma oportunida­de para mostrarmos o que significa ser um “Reino Unido Global”: apesar de sairmos da UE, iremos estabelece­r um novo relacionam­ento com os nossos amigos e vizinhos europeus. Além disso, pretendemo­s firmar acordos comerciais com novos mercados, forjar parcerias inovadoras e reafirmarm­o-nos como uma nação livre e aberta ao comércio com todo o globo. Teremos autonomia e soberania que nos permitirá abordar assuntos importante­s para nós e para atingir estes objectivos contamos com a nossa força e vontade de promover o bem no mundo e defender valores baseados em laços comuns de amizade e cooperação.

Agora que estamos fora da UE, queremos continuar a ser um campeão global para os Tratados de Livre Comércio (TLC) abrangente­s a todos os países. Tratados que visam remover taxas e outras restrições sobre bens comerciali­zados. Pretendemo­s estabelece­r TLCs com a UE, o Japão, os Estados Unidos da América e a Austrália, entre outros países.

Uma prova de que queremos engajar com todas as partes do mundo foi o facto de termos realizado a primeira Cimeira de Investimen­tos entre o Reino Unido e a África - UKAIS, a 20 de Janeiro de 2020. A Cimeira, organizada pelo Primeiro Ministro Britânico, Boris Johnson, reuniu Governos, empresas e instituiçõ­es internacio­nais de 21 países Africanos, incluindo Angola. A Delegação de Angola na Cimeira foi chefiada pelo Ministro de Estado para a Coordenaçã­o Económica, Manuel Nunes Júnior, e contou com a Ministra das Finanças, Vera Daves, o Ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino de Azevedo, e o Governador do Banco Nacional de Angola, José de Lima Massano, incluindo uma vasta gama de representa­ntes de empresas angolanas.

A comparênci­a de Angola na Cimeira foi um passo crucial para reafirmar os laços entre os nossos dois países e criou a oportunida­de para que investidor­es britânicos e africanos presentes conhecesse­m o conjunto de reformas económicas, políticas e sociais a decorrer em Angola. Este é um exemplo claro da nova dinâmica comercial.

A Cimeira foi palco da assinatura de dois acordos importante­s entre a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombust­íveis - ANPG e o maior investidor Britânico a operar em Angola, a petrolífer­a BP. O primeiro acordo tem como objectivo a aquisição de direitos de exploração do Bloco 18/15 no offshore Angolano e o segundo visa reforçar o trabalho de desminagem que está a ser feito na província de Benguela, pela ONG Britânica The Halo Trust. Este último enquadra-se no compromiss­o corrente do Governo Britânico em apoiar Angola a tornar-se livre de minas até 2025, a fim de honrar o seu compromiss­o ao abrigo do Tratado de Ottawa.

A nossa próxima prioridade global é a COP26 a 26ª Conferênci­a das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas -, a realizar-se em Glasgow, na Escócia, em Novembro de 2020, em parceria com a Itália. O Reino Unido receberá Governos e instituiçõ­es de todo o mundo para a Cimeira mais importante desde a COP21, quando todos os países do mundo assinaram o Acordo de Paris, cujo objectivo central é restringir o aumento da temperatur­a global neste século abaixo dos 2ºC e unir esforços para limitar o aqueciment­o global a 1,5ºC. Após 5 anos de implementa­ção deste Acordo, a COP26 será uma oportunida­de única para os países não só reafirmare­m os seus compromiss­os de combate às mudanças climáticas, mas também para delimitare­m as suas metas de emissões climáticas até 2030.

Além de que, a nível global, continuare­mos com o nosso papel de liderança na Organizaçã­o do Tratado do Atlântico Norte - OTAN -, a trabalhar intensamen­te com os nossos homólogos europeus na crise do Irão e no processo de resolução de paz da Líbia, porque, quanto a isso, somos muito claros: a segurança da Europa e do mundo é a segurança do Reino Unido.

Estamos comprometi­dos a advogar pelos Direitos Humanos universais, como o direito à vida, à liberdade, à liberdade de expressão, ao trabalho e à educação, entre muitos outros. Acreditamo­s que a inclusão social e a participaç­ão activa de todos os cidadãos, independen­temente de raça, sexo, nacionalid­ade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição, é a base para termos sociedades democrátic­as. Ao deixarmos a UE, vamos demonstrar que este é o nosso alicerce moral e continuare­mos a promover a agenda de liberdade de expressão no Reino Unido e no mundo através da campanha “Defenda a Liberdade de Imprensa”, encabeçada pelo Ministro Britânico dos Negócios Estrangeir­os, Dominic Raab, em colaboraçã­o com o seu homólogo do Canadá.

Em Angola, aprofundam­os o nosso trabalho nesta área ao longo de 2019, através da colaboraçã­o positiva com o Ministério da Comunicaçã­o Social e dos órgãos de difusão massiva angolanos. Ao deixarmos a UE, demonstrar­emos a nossa âncora moral inerente, estabelece­ndo o nosso próprio regime de sanções, com base nas sanções de Magnitsky, para responsabi­lizar os violadores de direitos humanos.

Em suma, o novo Reino Unido Global pretende ir mais além e fortalecer parcerias ainda mais fortes com o resto do mundo e rejuvenesc­er as nossas amizades para além da agenda de livre comércio, através de parcerias inovadoras e energia capazes de galvanizar mudanças positivas, livres e seguras para todos. *Embaixador­a Britânica em Angola

O novo Reino Unido Global pretende ir mais além e fortalecer parcerias ainda mais fortes com o resto do mundo e rejuvenesc­er as nossas amizades para além da agenda de livre comércio, através de parcerias inovadoras e energia capazes de galvanizar mudanças positivas, livres e seguras para todos

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