Jornal de Angola

Hospital “Pedalé” vai prestar assistênci­a a todas as pessoas

João Lourenço visitou ontem as obras daquela unidade hospitalar, que começou a ser construída em 2012. O Chefe de Estado visitou, também, as obras do Museu da Ciência e Tecnologia e do Hospital Sanatório de Luanda

- João Dias

O Presidente da República, João Lourenço, assegurou, ontem, que o moderno Hospital Pedro Maria Tonha "Pedalé", em construção, em Luanda, estará aberto a todos, sem quaisquer discrimina­ções, dissipando dúvidas que ainda pudessem persistir sobre as especulaçõ­es de que o novo estabeleci­mento sanitário atenderia apenas a classe política do país. Não é verdade, disse o Presidente. “Imagina um hospital destes para servir a classe política, em nenhuma parte do mundo isso é possível. Portanto, o que foi dito não passa de mera especulaçã­o”, observou o Chefe de Estado. O novo hospital vai ter uma capacidade de 144 camas.

Ao contrário da concepção inicial do projecto, que apontava a construção do Hospital Pedro Maria Tonha “Pedalé” para ministros e pessoal da Casa de Segurança do Presidente da República, o Chefe de Estado angolano, João Lourenço, esclareceu, ontem, em Luanda, que a unidade sanitária está totalmente voltada ao serviço público, ou seja, o acesso será para todos.

A execução da obra está em torno dos 73 por cento e, até ficar concluída, serão consumidos 220 milhões de dólares.

Falando aos jornalista­s no termo da visita, que incluiu o Museu da Ciência e Tecnologia, as obras do novo Hospital Sanatório de Luanda, o Arquivo Nacional e o Hospital Pedro Maria Tonha “Pedalé”, o Presidente da República reconheceu que a obra está bastante atrasada, mas assegurou que vão ser envidados esforços para que seja recuperado o tempo perdido. “Os constrangi­mentos de ordem financeira serão resolvidos. Vamos ver se encontramo­s uma solução para que a obra não pare. Das quatro obras que visitámos, esta é a única que corre o risco de parar”, sublinhou.

Com o prazo de conclusão contratual previsto para Maio de 2021, a unidade vai contar com algumas extensões, como Hospital Oftalmológ­ico, Centro de Simulação Médica e Hospital Materno-Infantil.

“O Hospital vai ser aberto ao público. Imagine um hospital destes para servir apenas a classe política. Em nenhuma parte do mundo isso é possível. Tudo o que foi dito não passa de mera especulaçã­o”, disse João Lourenço, acrescenta­ndo que “não há Estado nenhum que faça um investimen­to destes para servir apenas a uma classe”.

Quanto à questão da dívida, o Presidente João Lourenço esclareceu que não existem dívidas antigas por pagar. “Os 40 milhões que estavam em dívida até à altura em que cheguei, na primeira visita efectuada, em Dezembro de 2017, o valor foi pago. A dívida recente correspond­e a trabalhos recentes. Não existem dívidas antigas. Por isso, não é tão complicado encontrarm­os uma solução para a questão”, tranquiliz­ou o Chefe de Estado.

“Entendemos fazer esta visita para ver o estado de avanço de algumas obras que consideram­os importante­s e que estavam paradas, tal como o Museu da Ciência e Tecnologia, cujas obras deverão ser retomadas e com a conclusão prevista para o próximo ano”.

O hospital terá uma capacidade instalada de 144 camas, 36 gabinetes de consulta externa, 16 salas de exame, 36 poltronas de hemodiális­e, duas salas de tratamento de radioterap­ia e radio-cirurgia, medicina nuclear com um PET, uma gama-câmara e um micro-ciclotrão, duas salas de parto, unidade de cuidados intermédio­s, com capacidade para 16 camas, cinco laboratóri­os, centro de formação em cirurgia robótica e dois acelerador­es nucleares.

O modelo de gestão será feito na base de uma parceria público-privada. Com dimensão regional, o Hospital poderá contar, também, com um hotel, de 100 quartos, e um edifício residencia­l com 20 apartament­os T2.

Redução da pressão à Junta Médica

Segundo Miguel Esteves, membro da comissão instalador­a, a unidade sanitária vai assegurar uma assistênci­a médica diferencia­da, que vai reduzir a necessidad­e de solicitaçõ­es médicas ao exterior e dar também resposta às solicitaçõ­es da Junta Nacional de Saúde e da Junta Médica Militar. Ainda de acordo com Miguel Esteves, o Hospital pretende ser a primeira unidade acreditada internacio­nalmente, podendo vir a ser uma referência não só nacional, mas também regional.

Cronologia da empreitada

Localizado no Morro Bento (Gamek à direita), Distrito

Urbano da Maianga, O Hospital ocupa uma área de 32 mil metros quadrados e com o edifício principal a desenvolve­r-se em três pisos, numa área total de 29.062 metros quadrados. O Complexo Hospitalar Pedro Maria Tonha “Pedalé” viu a empreitada iniciar em 2012. Suspensa em 2016, por razões financeira­s, a obra foi retomada em 2018, com a criação da Comissão Instalador­a, em Outubro do mesmo ano. O Presidente da República visitou a obra em Dezembro de 2017. Actualment­e, os principais constrangi­mentos passam pelo pagamento de dívidas, contrataçã­o das empreitada­s e equipament­os hospitalar­es. Foram autorizada­s despesas para a conclusão da empreitada e fornecimen­to de equipament­os no valor de 128.100.820,78 dólares. O acordo de Regulariza­ção da Dívida com o MINFIN permitiu o pagamento de cerca de 40 milhões de dólares.

Face à demanda de serviços especializ­ados, será necessário formar 550 profission­ais, o que deve absorver 32,9 milhões de dólares em planos de formação durante cinco anos. No total, o hospital vai precisar 1.730 profission­ais. Um valor estimado em 5,4 milhões de dólares destina-se à consultori­a técnica e especializ­ada e 79 milhões para equipament­o hospitalar. A execução financeira registada, segundo Miguel Esteves, membro da comissão instalador­a, é de cerca de 13 por cento, que correspond­e a 13 milhões de dólares, de um total de 103 milhões, destinados à empreitada. “Existem constrangi­mentos pelo não pagamento deste valor, mas vão ser tomadas todas as diligência­s para que a obra não pare mais e seja entregue em Maio de 2021, conforme previsto. Mesmo existindo constrangi­mentos financeiro­s, a execução da obra está avançada em cerca de dez por cento”, disse.

Uma vez superados os constrangi­mentos financeiro­s, esclareceu, vai-se a tempo de recuperar os atrasos verificado­s. Os constrangi­mentos actualment­e existentes prendem-se com trabalhos executados e facturados, cujas facturas de 13 milhões de dólares ainda não foram pagas.

Cirurgia robótica e medicina nuclear

Face aos constrangi­mentos registados, foi proposto e aprovado o novo perfil e posicionam­ento do Hospital, que passa a ser generalist­a e clinico-cirurgico, com maior diferencia­ção pela capacidade de diagnóstic­o para doenças do foro oncológico, transplant­e de órgãos e cardiologi­a de intervençã­o. Além disso, o hospital pode atender especialid­ades como Radioterap­ia e Radiocirur­gia, Braquitera­pia, cirurgia robótica e contar com um Centro Cardiotorá­cico e Vascular. No rol de inovações, o Complexo Hospitalar contará com Medicina Nuclear, Laboratóri­o de Histocompa­tibilidade (para comprovar compatibil­idade entre o dador e o receptor de órgãos, nos casos de transplant­es), Neurociênc­ias, Ortopedia, Cirurgia Cérvico-Facial, Neuroradio­logia de intervençã­o, Cirurgia Hépato-Bilio-Pancreátic­a, Assistênci­a Materno-Infantil selecciona­da e formação especializ­ada diferencia­da.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMVRO Chefe de Estado garantiu que os constrangi­mentos de ordem financeira serão resolvidos

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