Jornal de Angola

Apoio da Itália à Líbia é risco para migrantes

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A Human Rights Watch alertou, ontem, que o apoio renovado da Itália à guarda costeira da Líbia coloca em risco os migrantes que são devolvidos aos centros de detenção degradados no país.

A Itália considera a guarda costeira da Líbia como a solução para conter um enorme afluxo de migrantes que atravessam o Mediterrân­eo para a Europa.

A guerra na Líbia, onde milícias rivais disputam o controlo, piorou o desafio de lidar com os fluxos de migrantes. Cerca de cinco mil migrantes encontrams­e em dezenas de centros sem condições na Líbia, onde são frequentes violações, torturas e outros abusos.

“A Itália não pode ocultar a cumplicida­de no sofrimento de migrantes e refugiados que caem nas mãos da guarda costeira da Líbia”, realçou Judith Sunderland, directora associada da divisão Europa e Ásia Central da Human Rights Watch.

Segundo a agência de refugiados da ONU, a guarda costeira intercepto­u e devolveu cerca de 40 mil migrantes à Líbia, devastada pela guerra desde que o acordo foi alcançado há três anos. O número total de migrantes intercepta­dos no mês passado aumentou 121 por cento em relação ao mesmo período do ano passado.

A HRW instou a Itália a suspender todo o financiame­nto e formação da guarda costeira até a Líbia fechar os centros de detenção no país.

A Itália estendeu recentemen­te o acordo de apoio à guarda costeira da Líbia, provocando fortes críticas de grupos humanitári­os.

Em entrevista à Associated Press, o ministro dos Negócios Estrangeir­os de Itália, Stefano Zanini, revelou que Roma pediu à Líbia que modifique o acordo para dar aos grupos humanitári­os alguma responsabi­lidade pelos migrantes intercepta­dos pela guarda costeira.

Judith Sunderland descreveu as mudanças sugeridas como um “aprimorar” de um acordo já quebrado.

“As autoridade­s italianas devem insistir no encerramen­to de centros de detenção”, acrescento­u,

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DR Cerca de cinco mil migrantes encontram-se detidos na Líbia

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