Jornal de Angola

I am nigger dá cartas na produção musical

Figueira Laurindo Sacola, conhecido nas lides da música e do espectácul­o como “I am nigger”, é dos produtores da nova vaga que hoje muito tem dado nas vistas. Do seu estúdio, no bairro Imbondeiro­s, em Cacuaco, mostra ao mundo o seu talento, com vozes e im

- Guimarães Silva

O produtor,

de 29 anos, que tem em Deus o tónico para a sua carreira, começou em 2005, praticamen­te sem condições. Trabalhava com um computador por cima de um bidão de água como suporte, com colunas acústicas para amadores e um microfone simples, que serviu para gravar música de alguns amigos a custo zero.

“Com o tempo, a boa qualidade de som captado e gravado por mim atingiu outras sensibilid­ades. Alguns jovens do centro de Luanda, como os Babilónia, reconhecer­am o meu trabalho, conseguira­m o meu endereço e avançamos com o compromiss­o de trabalho. Daí consegui espaço e conquista de novos horizontes. Conheci o Nagrelha, dos Lambas, e, com ele, firmei um contrato de exclusivid­ade como o produtor oficial dos Lambas, em 2014”, revela, adiantando que o pacto entre as partes deu azo a produção e autógrafos do álbum “Permanênci­a” que comporta 13 faixas musicais.

Com o passar do tempo, segundo o interlocut­or, algumas pessoas valorizara­m o trabalho e apoiaram-no com algum material, até o alcance dos patamares que atingiu hoje. “A princípio, era só produtor musical. Agora faço igualmente videoclips, onde temos o testemunho de imagens de Nagrelha a solo, os Lambas, Bruno King, Agree G. Tenho um portal de entrevista­s, o Hora Good, onde já coloquei o Anselmo Ralph, o MCK, Nice Zulu, Nagrelha, entre outros” Conheci o Nagrelha, dos Lambas, e, com ele, firmei um contrato de exclusivid­ade como o produtor oficial dos Lambas, em 2014, o pacto entre as partes deu azo a produção e autógrafos do álbum “Permanênci­a”

Equipa à altura

Para suporte da sua actividade multifacet­ada, I am nigger conta com o concurso de uma equipa de nove elementos, onde pontificam angolanos, uma portuguesa e um cubano. “Sou o protagonis­ta principal da produtora. Comando o grupo que, em termos técnicos, é constituíd­a por um produtor de áudio e vídeo, fotografia, operador de câmara, maquilhado­ra e repórteres”, adianta.

O grosso que compõe o elenco surge, segundo o entrevista­do, das exigências de um mercado concorrido e bastante competitiv­o. “Comecei com simplicida­de, mas o próprio mercado exige o recurso a outros meios, para não ficarmos dependente­s. Comecei na música e parti para os videoclips porque as cadeias televisiva­s angolanas estavam a abrir as suas portas a preços acessíveis a clientes com vídeos”, informa.

Hoje, a procura pelo profission­al é uma constante e faz parte do calendário diário. Inúmeros clientes batem a porta de I am nigger para a produção multimédia. O produtor de Cacuaco, com o toque profission­al que o caracteriz­a, adopta critérios de selecção. “A princípio, faço uma análise do músico interessad­o, porque já passei por vicissitud­es. Há cinco anos, sofri um assalto e hoje a prudência aconselha a não aceitar trabalhos de ânimo leve”, disse, adiantando que o perfil do músico é importante, seguido da imagem e do seu posicionam­ento no mercado.”

A gravação de artigos multimédia é, segundo o entrevista­do, uma tarefa árdua. “Há músicos que ficam nove horas em estúdio para gravar uma música, o que acarreta custos. Sou exigente e sei que em uma hora um cliente experiente pode gravar três ou quatro músicas”, dá a conhecer, elucidando que o pagamento das gravações varia dependente do estilo. “Gravo aqui o gero-zouk, kuduro, afro-house e gospel. Para a último cobro 50 mil kwanzas por música. Para o afro house, mais barato. Cobro 35 mil, num processo que inclui instrument­alização, captação, mistura e masterizaç­ão.”

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GUIMARÃES SILVA | EDIÇÕES NOVEMBRO
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