Reposta autoridade do Estado no Norte do Mali 6 anos depois
As Forças Armadas malianas regressaram, sábado, a Kidal (Norte), depois de uma ausência de seis anos, com o objectivo de estender a autoridade do Estado naquela região, anunciou a ONU, cujas tropas escoltaram os militares governamentais, noticiou ontem a AFP.
Durante o referido período, Kidal foi a capital do Estado secessionista de Azawad, proclamado pelos tuaregues. O regresso do Exército maliano àquela zona surge num contexto de grave deterioração da situação de segurança no Mali e no Sahel.
As forças são compostas por unidades “reconstituídas”, que incluem antigos rebeldes integrados nas Forças Armadas, conforme o Acordo de Paz de Argel, de 2015. Com essa iniciativa, prevê-se que outras forças sejam desdobradas em Ménaka, Gao e
Tombouctou. A aplicação do Acordo de Argel, e as disposições para a integração dos antigos rebeldes e a restauração da autoridade do Estado, são considerados actos políticos indispensáveis à saída da crise, além de acções puramente militares desenvolvidas pelo Exército, forças francesas, da ONU e africanas.
Desde 2012, o Mali enfrenta insurreições independentistas, salafistas, jihadistas e violências inter-comunitárias, que partiram do Norte do país, propagando-se para o Centro e nos países vizinhos, como o Burkina Faso e o Níger e que já causaram milhares de mortos e centenas de milhares de deslocados.
Kidal situa-se mil e 500 quilómetros a Nordeste de Bamako, é o bastião cultural tuaregue e berço histórico dos clãs com maior influência no país. A região foi marginalizada, desde a independência, em 1960, tendo de lá nascido várias rebeliões tuaregues.
Até agora, Kidal era controlada pela Coordenação dos Movimentos do Azawad (CMA), aliança maioritariamente tuaregue composta por antigos rebeldes. A CMA é signatária do Acordo de Argel de 2015, com uma aliança de grupos armados pró-governamentais, chamada “Plataforma”.