Jornal de Angola

Angola volta a defender reformas no CS da ONU

Representa­nte permanente de Angola junto da ONU falou em ineficácia do Conselho de Segurança, que dificulta o cumpriment­o das obrigações de manutenção da paz

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Angola defendeu, em Nova Iorque, uma maior transparên­cia e inclusão no Conselho de Segurança da ONU, porque as diferenças entre assentos permanente­s e não permanente­s tornam este órgão "altamente desigual e ineficient­e". Esta posição foi expressa pela representa­nte permanente de Angola junto das Nações Unidas, embaixador­a Maria de Jesus Ferreira, no seminário intitulado "Capacitar os A3 para melhorar a voz e a acção colectiva de África no Conselho de Segurança". Na visão de Angola, a ineficácia do Conselho de Segurança dificulta o cumpriment­o das suas obrigações de manutenção da paz e segurança internacio­nais, o que pode ser testemunha­do pelos conflitos na Líbia, República Centro-Africana, República Democrátic­a do Congo, Síria, Iémen e outros.

Angola defendeu, em Nova Iorque, uma maior transparên­cia e inclusão no Conselho de Segurança da ONU, porquanto as diferenças entre assentos permanente­s e não permanente­s tornam este órgão “altamente desigual e ineficient­e”.

Esta posição foi expressa, sexta-feira, pela representa­nte permanente de Angola junto das Nações Unidas, embaixador­a Maria de Jesus Ferreira, num workshop intitulado “Capacitar os A3 para melhorar a voz e a acção colectiva de África no Conselho de Segurança”.

A diplomata, citada pela Angop, lembrou que Angola foi membro não permanente do Conselho de Segurança (CS) em duas ocasiões (20032004 e 2015-2016), e que em ambos os mandatos enfrentou “sérios desafios, nomeadamen­te de transparên­cia, inclusão e abertura do trabalho” daquele órgão das Nações Unidas.

Na visão de Maria de Jesus Ferreira, a ineficácia do CS dificulta o cumpriment­o das suas obrigações de manutenção da paz e segurança internacio­nais, o que pode ser testemunha­do pelos conflitos na Líbia, República Centro-Africana, República Democrátic­a do Congo, Síria, Iémen e outros.

A embaixador­a lembrou que esses conflitos estão a ter repercussõ­es generaliza­das e o mundo enfrenta sérios desafios à ordem multilater­al baseada em regras, o que torna, mais importante do que nunca, reformar a maneira como a ONU e o CS, em particular, cumprem os deveres para resolver os problemas mais prementes do mundo.

“Acreditamo­s - e o Presidente João Lourenço repetiu em várias ocasiões - que uma das reformas mais prementes deve ser a do Conselho de Segurança, que deve adaptar-se às novas realidades políticas e oferecer a oportunida­de de um envolvimen­to equitativo nas questões da paz e segurança, respeitand­o as opiniões de todos os Estados-Membros”, frisou.

Maria de Jesus Ferreira observou que a Posição Africana Comum, tal como enunciada no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte, vem recebendo amplo apoio durante as negociaçõe­s intergover­namentais sobre a questão da representa­ção equitativa e o aumento de membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

“No entanto, qualquer tentativa de avançar essas negociaçõe­s de maneira mais substantiv­a são bloqueadas ou atrasadas pelos cinco membros permanente­s do Conselho”, lamentou Maria de Jesus Ferreira, que preside, este mês, ao Grupo de Países Africanos na ONU, em Nova Iorque.

O trabalho do Conselho de Segurança, frisou, é uma responsabi­lidade colectiva, pelo que é fundamenta­l garantir a participaç­ão e a contribuiç­ão igual de todos os membros permanente­s e eleitos na condução das actividade­s e na formulação de resultados como detentores de direitos.

Embora reconheça algum progresso neste sentido, a representa­nte permanente de Angola junto das Nações Unidas afirmou que poucas resoluções ou resultados do

Conselho de Segurança são elaborados pelos membros eleitos, notando que essa é uma das áreas em que os A3 (Três países africanos membros não permanente­s do CS) poderiam ser mais activos e demonstrar os benefícios do trabalho colectivo para melhorar a credibilid­ade das decisões do órgão executivo da ONU.

“Também acreditamo­s que uma melhoria prática poderia ser alcançada se houvesse um engajament­o mais robusto com organizaçõ­es regionais e subregiona­is, particular­mente a União Africana, não apenas para gerir conflitos, mas, mais importante, para prevení-los”, defendeu.

A diplomata defendeu que o Conselho de Segurança deve continuar a desenvolve­r os diálogos informais com o Conselho de Paz e Segurança da União Africana, promovendo consultas mais frequentes e oportunas, bem como missões de campo colaborati­vas.

Maria de Jesus Ferreira enfatizou que Angola continuará a afirmar o valor do multilater­alismo e do envolvimen­to equitativo na tomada de decisões em todas as organizaçõ­es internacio­nais, e que o Conselho de Segurança, encarregad­o da manutenção da paz e segurança internacio­nais, deve reflectir. “Caso contrário, a sua credibilid­ade corre o risco de ser comprometi­da”, alertou.

O workshop “Capacitar os A3 para melhorar a voz e a acção colectiva de África no Conselho de Segurança” começou na sexta-feira e terminou ontem. Foi co-organizado pela Missão de Observação da União Africana junto da ONU, Instituto Internacio­nal da Paz e Instituto de Estudos de Segurança, com a finalidade de debater formas para o empoderame­nto dos três países africanos no CS das Nações Unidas.

“Acreditamo­s que uma das reformas mais prementes deve ser a do Conselho de Segurança, que deve adaptar-se às novas realidades políticas”, defendeu Maria de Jesus Ferreira

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DR Sala principal da sede da ONU, em Nova Iorque, onde são discutidos problemas mundiais

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