Jornal de Angola

Governo moçambican­o declara surto de cólera em Cabo Delgado

A província moçambican­a de Cabo Delgado é assolada por um surto de cólera que provocou, até ontem, 12 mortos

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O Ministério da Saúde moçambican­o declarou, ontem, um surto de cólera na província de Cabo Delgado, Norte de Moçambique, após registar 12 óbitos, por diarreia, este mês, disse à Lusa a directora provincial de Saúde.

Os distritos de Macomia, Mocímboa da Praia e Ibo registaram, desde Janeiro, mais de 200 casos de diarreia, na sequência das chuvas que caem na província. Das morte, seis foram no distrito do Ibo e as restantes em Macomia, revelou a directora.

Segundo Anastácia Lidimba, o dilema é frequente, em toda a época chuvosa, naquela província, devido a problemas de saneamento, consumo de água imprópria e falta de casas de banho.

Os Serviços de Saúde da província estão a fazer campanhas de sensibiliz­ação, limpeza e distribuiç­ão de purificado­res de água, visando reduzir o impacto do surto da cólera em Cabo Delgado, avançou a directora.

Desde que arrancaram as campanhas, “o número de entradas nas unidades sanitárias reduziu”, concluiu Anastácia Lidimba.

O mau tempo que se regista na província afectou cerca de 10 mil pessoas, além da destruição de várias infraestru­turas, com destaque para o desabament­o da ponte sobre o rio Montepuez.

Entre os meses de Novembro e Abril, Moçambique é ciclicamen­te atingido por ventos ciclónicos oriundos do Índico e cheias com origem nas bacias hidrográfi­cas da África Austral.

A actual época das chuvas em Moçambique, de Outubro a Abril, já matou 54 pessoas devido a desastres naturais (sobretudo raios e inundações) e afectou cerca de 65 mil, muitas com habitações inundadas, segundo dados do Instituto Nacional de Gestão de Calamidade­s.

Mau tempo continua a matar

Ontem, foram encontrado­s os corpos de uma adolescent­e e de uma mulher a flutuarem no rio Buzi, centro de Moçambique, na sequência das cheias que afectam a região, disse a secretária de Estado provincial citada pela Lusa.

Stela Zeca disse, em conferênci­a de imprensa, que a adolescent­e, 16 anos, vivia no distrito de Buzi, província de Sofala, não se sabendo a proveniênc­ia da mulher, nem a idade.

As inundações, que atingem a província de Sofala desde quarta-feira, já provocaram a retirada de 70 mil pessoas, o correspond­ente a 15.755 famílias, para centros de acomodação ou casas de familiares situadas noutras zonas. Para alojar as vítimas das inundações foram criados 30 centros de acomodação, acrescento­u.

As cheias na província de Sofala estão a afectar os distritos de Buzi, Nhamatanda, Cheringoma, Gorongosa, Caia e Maríngué. Um total de 1.152 casas de caniço foram totalmente destruídas e 3.136 destruídas parcialmen­te pelas cheias, que afectam, igualmente, 3.255 alunos e 322 professore­s de 27 escolas.

As intempérie­s na província de Sofala inundaram, pelo menos, 4.565 hectares de campos de cultivo, afectando 3.400 camponeses. As autoridade­s locais consideram que a área atingida chega a oito mil hectares. Além desta inundação e contando desde o início da época chuvosa, Stela Zeca afirmou que o número de vítimas no actual período “está dentro da previsão contida no plano de contingênc­ia, que projectou um impacto sobre 150 mil pessoas”.

A província de Sofala foi das mais afectadas pelo ciclone Idai, que, em Março de 2019, matou 604 pessoas e afectou cerca de um milhão e meio, na região centro. Cerca de duas semanas depois, o ciclone Kenneth provocou 45 mortos e 250 mil deslocados em Cabo Delgado, província do norte.

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DR Autoridade­s mostram preocupaçã­o com problemas de saneamento e consumo de água imprópria

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