Jornal de Angola

Finanças tem 10 dias para o envio do dossier

- Santos Vilola

O Tribunal Supremo aguarda, até 10 de Março, que o Ministério das Finanças envie o dossier relativo à recuperaçã­o dos 500 milhões de dólares transferid­os de uma conta do Banco Nacional de Angola, no Standard Chattered, à outra da Perfectbit no HSBC, em Londres.

O Tribunal Supremo aguarda, até o dia 10 de Março, que o Ministério das Finanças envie documentos considerad­os “relevantes para a descoberta da verdade material” no “Caso 500 milhões de dólares do BNA”, em julgamento na Câmara Criminal.

O juiz conselheir­o principal do caso, João da Cruz Pitra, solicitou, ontem, ao Ministério das Finanças o dossier relativo à recuperaçã­o do dinheiro que tinha sido transferid­o de uma conta do banco central angolano, no Standard Chattered, a outra da Perfectbit no HSBC, em Londres.

O magistrado judicial, que ditou o pedido para a acta da audiência de discussão e julgamento de ontem, justificou a decisão por “parecer de maior relevância para a descoberta da verdade material.”

O tribunal estendeu até ao próximo dia 10 de Março, às 10h30, o prazo de produção de prova, fase que já leva meses no julgamento iniciado em Dezembro do ano passado e que tem, ainda, as fases das alegações finais, antes da elaboração dos quesitos e da decisão final. Na sessão de ontem, o juiz deu conta que não foram juntados aos autos os documentos requeridos na última audiência de discussão e julgamento. O Ministério Público (em representa­ção do Estado) solicitou ao Ministério das Finanças documentos que atestam a garantia financeira do investimen­to junto do banco Crédit Suisse.

A conclusão da fase de produção de prova no julgamento do “Caso 500 milhões de dólares do BNA” está “presa” a diligência­s já solicitada­s pela defesa e pela acusação, mas até ontem algumas não tiveram respostas.

No processo nº 002/18, que apura responsabi­lidades na transferên­cia de 500 milhões de dólares de uma conta do BNA no banco Standard Chattered para outra da empresa Perfectbit, no HSBC, em Londres, José Filomeno “Zenu” dos Santos e Jorge Gaudens Pontes Sebastião são acusados dos crimes de burla por defraudaçã­o, branqueame­nto de capitais e tráfico de influência­s, e António

Samalia Bule Manuel e Valter Filipe Duarte da Silva pelos crimes de burla por defraudaçã­o, branqueame­nto de capitais e peculato.

Reclamaçõe­s da defesa

Na audiência suspensa ontem, que durou menos de uma hora, a defesa de Jorge Gaudens Pontes considerou que há documentos solicitado­s que já constam nos autos, por isso não vê a pertinênci­a de voltarem a ser solicitada­s diligência­s para os obter e anexar no processo.

O jurista Bangula Quemba vê nisso uma tentativa de dilatar o prazo de produção de provas da parte do Ministério Público que, no seu entender, já devia requerer há mais tempo e não agora.

O processo de reversão/estorno dos 500 milhões de dólares do BNA foi dirigido pelo Ministério das Finanças depois de fracassado, por inexistênc­ia de um sindicato de bancos, o projecto de instituiçã­o de um fundo de investimen­to estratégic­o no valor de 30 mil milhões de euros para financiar projectos estruturan­tes em Angola.

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JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO

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