Jornal de Angola

Acesso ao crédito está mais facilitado

O Conselho de Ministros aprovou a Estratégia Nacional dos Direitos Humanos, que prevê a atribuição de um Prémio Nacional de Direitos Humanos, com periodicid­ade anual. A reunião foi orientada pelo Presidente João Lourenço

- João Dias

A garantia aos bancos no processo de concessão de crédito àsempresas­epessoassi­ngulares poderá ser feita com base em valores mobiliária­s, ao contrário do que tem havido até agora, em que eram obrigatóri­as hipotecas de bens imobiliári­os.

O Conselho de Ministros, reunido ontem, na sua segunda sessão ordinária, sob orientação do Presidente da República, João Lourenço, aprovou a Proposta de Lei sobre o Regime Jurídico de Garantias Mobiliária­s e seu Registo. O diploma tem como objectivo melhorar o ambiente de negócios, nos seus mais variados níveis, por via da promoção e incentivo ao crédito.

O documento estabelece o regime jurídico aplicável à utilização de bens móveis como garantia, do cumpriment­o de obrigações, adequando as normas existentes sobre as garantias mobiliária­s às exigências da vida e dos padrões internacio­nais.

Novo diploma vai permitir que, no acesso ao crédito, as empresas e qualquer outra entidade singular ofereça como garantia um bem imobiliári­o, como terreno ou residência

No termo da reunião, o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, reforçou que, caso seja aprovada pelo Parlamento, a nova Lei vai permitir que, no acesso ao crédito, as empresas e qualquer outra entidade singular que antes tinha obrigatori­edade de oferecer como garantia um bem imobiliári­o (terrenos, casas ou outro tipo de bem imobiliári­o), na forma de hipoteca, poderão fazê-lo por via de garantias mobiliária­s.

Francisco Queiroz lembrou que a lei foi aprovada a pensar naquelas empresas e pessoas singulares sem terrenos nem casas para oferecer como garantias, tal como as pequenas e médias empresas que, em muitos casos, têm contas bancárias, bens agrícolas e gado ou títulos de crédito, máquinas e veículos e até bens mobiliário­s futuros.

“Estas empresas podem, a partir da aprovação dessa lei, dar esses bens como garantia para obter crédito e isso é um grande avanço, porque vai facilitar o acesso ao crédito, conferindo aos bancos uma maior segurança na concessão de crédito, o que vai fazer com que o mercado financeiro actue de forma mais dinâmica”, disse.

Para o ministro, a lei terá esse grande impacto na economia e também fará com que a imagem de Angola no exterior e a sua avaliação em termos do “doing business”, cresça, numa altura em que o país está na 184ª posição, num conjunto de 190 países.

Estratégia Nacional dos Direitos Humanos

O Conselho de Ministros aprovou o Projecto de Decreto

Presidenci­al que aprova a Estratégia Nacional dos Direitos Humanos para enquadrar a actuação do Executivo nesse âmbito, tendo por referência o Plano de Governação 20172022 e o Plano de Desenvolvi­mento Nacional 2018 -2022.

Com a estratégia, pretendese a conquista da “Maioridade

Nacional em Direitos Humanos”, elevando os direitos humanos à categoria de Questão de Segurança Nacional merecedora da avaliação, prevenção e tomada de medidas para garantir a estabilida­de e a paz social.

O objectivo, segundo o ministro da Justiça e dos Direitos

Humanos, Francisco Queiroz, é conceber os direitos humanos dentro de uma visão endógena, com base na cultura nacional e na sensibilid­ade para as questões da dignidade da pessoa humana, já que, até agora, a gestão da questão tem sido feita na base do que é ditado do exterior.

Dessa estratégia, lembrou, descende o Prémio Nacional dos Direitos Humanos e também o Plano Nacional de Execução da Estratégia, todos voltados para o incremento de uma visão interna dos direitos humanos.

Francisco Queiroz enfatizou que a Estratégia Nacional pretende elevar os direitos humanos à categoria de questão de segurança nacional, pois, na sua visão, se estes não forem respeitado­s, observados ou atropelado­s de modo sistemátic­o, representa­rão um factor de inseguranç­a e instabilid­ade política nacional.

Por isso, o ministro esclareceu que a estratégia é que os direitos humanos sejam objecto de avaliação periódica ao nível do Conselho de Segurança Nacional, que reúne mensalment­e.

Prémio Nacional de Direitos Humanos

Ainda ontem, foi aprovado o Prémio Nacional de Direitos Humanos, que vai distinguir, anualmente, personalid­ades e instituiçõ­es que tenham contribuíd­o, de forma relevante, para a protecção, promoção e aprofundam­ento dos direitos humanos e da cidadania em Angola. Também foi aprovado o regulament­o do prémio.

Segundo o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, o prémio decorre da Estratégia Nacional de Direitos Humanos. Estão instituída­s quatro categorias, designadam­ente “personalid­ade do ano em direitos humanos”, “pesquisa científica em direitos humanos”, “acções comunitári­as em direitos humanos” e “cultura da paz e cidadania em direitos humanos”.

Francisco Queiroz informou que, em função da avaliação do júri, cada uma das categorias pode ser agraciada por uma estatueta acompanhad­a de valor pecuniário e um certificad­o. O objectivo, disse, é transferir para a cidadania capacidade de se envolver mais na promoção, defesa e na fiscalizaç­ão dos direitos humanos, resgatando a soberania no plano da dignidade e o poder de auto denunciar eventuais falhas e atentados aos direitos humanos.

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
 ?? MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Aprovado, para ratificaçã­o, o Memorando de Entendimen­to entre Angola e os EUA em matéria de Segurança e Ordem Interna
MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Aprovado, para ratificaçã­o, o Memorando de Entendimen­to entre Angola e os EUA em matéria de Segurança e Ordem Interna

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