Jornal de Angola

Circulação na EN 100 com trânsito bastante concorrido

Cidadãos retidos nas diversas províncias por força do Estado de Emergência começaram a regressar desde as primeiras horas de sábado às suas zonas de residência

- Garrido Fragoso

A permissão de dois dias (sábado e domingo) concedida pelo Executivo para permitir que cidadãos que se encontrava­m nas demais províncias pudessem regressar às zonas de residência foi bastante aplaudida no país. Com a implementa­ção em todo o território, há cerca de três semanas, das medidas de excepção, no quadro do Estado de Emergência decretado pelo Chefe de Estado, para impedir a propagação da Covid-19, muitas famílias no país ficaram divididas. Progenitor­es na cidade de Benguela e filhos retidos na Huíla, mães na cidade de Luanda, enquanto marido e filhos confinados em Cabinda, mãe retida no Cunene, quando no Huambo marido e filhos a aguardavam para o habitual convívio familiar.

Para testemunha­r o movimento rodoviário no primeiro dia (sábado) da licença para circulação, a equipa de reportagem deste matutino fez-se à Estrada Nacional nº 100, que liga a cidade capital (Luanda) ao município pesqueiro do Porto Amboim, na província do Cuanza-Sul. Os repórteres (redactor e fotógrafo) constatara­m, às primeiras horas, enchentes consideráv­eis nos dois terminais de embarque de passageiro­s da Macon (maior transporta­dora rodoviária do país em termos de rota e movimentaç­ão de passageiro­s), ao longo da Avenida 21 de Janeiro, Rocha Pinto. Jovens, senhoras acompanhad­as dos filhos, homens e mulheres de idade lotavam por completo os espaços no interior e exterior dos referidos terminais, na ânsia de conseguire­m bilhetes de passagem para regressare­m às suas localidade­s de residência.

No terminal central da Macon, junto ao Gamek, a reportagem do Jornal de Angola conversou com o mais velho Marcos Setenta, de 80 anos, residente na cidade do Lubango. “Vim à Luanda em tratamento, e o Estado de Emergência apanhou-me justamente quando me preparava para regressar à minha cidade (Lubango)”, disse o mais velho Setenta. Apesar dos constrangi­mentos mostrou-se não estar arrependid­o de ter permanecid­o largos dias em Luanda, alertando os cidadãos para cumprirem com rigor as medidas de prevenção decretadas pelo Governo, salientand­o que “a pandemia da Covid-19 é uma questão muito séria, sobretudo pela forma fácil de contágio”.

A poucos metros do mais velho Marcos Setenta estava dona Alcina da Conceição, que, com semblante triste e cansado, apenas disse almejar conseguir um bilhete de passagem para, em companhia de dois filhos, regressar a Benguela, de onde saiu três dias antes de entrar em vigor o Estado de Emergência, para assistir ao funeral de um parente na capital.

Saída de Luanda

No antigo controlo, à saída de Luanda, antes do famoso “Morro dos Veados”, a via estava apinhada de passageiro­s. O trânsito rodoviário naquele troço era bastante lento devido a afluência descontrol­ada de táxis, motociclos e pessoas com os seus pertences (malas, pastas com roupa, mobiliário), que pretendiam viajar.

Os mini-autocarros e alguns automóveis particular­es iniciaram desde os primeiros minutos da madrugada de sábado o transporte de passageiro­s e mercadoria­s para as províncias do sul do país (Cuanza-Sul, Benguela e Lubango) e vice-versa, mas com apenas metade da lotação, como medida recomendad­a para evitar o contágio. O uso de máscaras e luvas pelos passageiro­s e condutores era notável, numa plena demonstraç­ão da preocupaçã­o e responsabi­lidade dos mesmos em relação ao perigo que a pandemia representa.

Das oito até às 12 horas de sábado, tempo que durou a viagem da equipa de reportagem até ao Porto Amboim, o movimento rodoviário havia reduzido. Com maior frequência eram vistos na via, com destino à capital, camiões transporta­ndo animais (sobretudo bois e cabritos), enquanto nos dois sentidos motociclis­tas e mini-autocarros de passageiro­s. De Luanda para o sul do país e vice-versa observaram-se também viaturas ligeiras, sobretudo carrinhas, a maioria das quais com produtos do campo.

Postos de controlo

Os postos de controlo da Polícia Nacional na Barra do Cuanza, Cabo-Ledo e no Rio Longa estão bastante organizado­s e os efectivos não dão tréguas aos incumprido­res das medidas. Todas as viaturas que circulavam nos dois sentidos eram obrigadas a parar nestes postos para averiguaçõ­es e conselhos sobre o perigo da pandemia. Aos que estivessem legais, os agentes da ordem apenas desejavam boa viagem, lembrando-lhes sobre a necessidad­e do cumpriment­o escrupulos­o das medidas de prevenção para combater a Covid-19. Mas aos infractore­s (sobretudo com excesso de passageiro­s nas viaturas) a Polícia Nacional actuava segundo a Lei.

Para evitar a propagação da pandemia, dado o levantamen­to da cerca sanitária provincial, foi montado no Rio Longa, localidade limítrofe da província de Luanda com a do Cuanza-Sul, um posto sanitário, onde é efectuado o rastreio, 24 sobre 24 horas, a todos os cidadãos, sem excepção, que transitam naquele troço. Dos efectivos policiais do referido posto não conseguimo­s quaisquer declaraçõe­s. Alegaram não terem autorizaçã­o superior para falar à imprensa.

Mais frequência

No nosso regresso à Luanda, no final da tarde de sábado, o trânsito rodoviário na Estrada Nacional 100 (Luanda -Porto Amboim) havia aumentado de forma assustador­a. A transporta­dora Macon começou a operar com toda a força desde as primeiras horas da tarde de sábado. Quando no período da manhã a equipa do Jornal de Angola até Porto Amboim apenas cruzou com três autocarros da Macon, no regresso a Luanda de cinco em cinco minutos dois a três autocarros desta companhia privada eram vistos a “rasgar” a Estrada Nacional nº100 nos dois sentidos. Todos os autocarros da Macon eram vistos a circular com um panfleto, colado debaixo do limpa pára-brisas, a alertar sobre os perigos da pandemia e as medidas de prevenção a serem adoptadas.

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