Passageiros retidos em Menongue à espera do comboio
O comboio dos Caminhosde-Ferro de Moçâmedes (CFM), não apitou ontem na cidade de Menongue, para desagrado de centenas de pessoas, na sua maioria negociantes, que pretendiam regressar para o convívio familiar nas localidades de Kuvango, Matala, Quipungo, Lubango (Huíla) e na província do Namibe.
Dentro dos serviços mínimos, o Executivo angolano concedeu dois dias (sábado e domingo) para a circulação dos transportes públicos e privados, para permitir o regresso às suas zonas de origem de milhares de pessoas retidas nas 18 províncias devido ao Estado de Emergência que se vive actualmente. Mas o comboio do CFM não se fez aos carris.
Mateus Pascoal e Teresa Martins, ambos exercem actividade de venda de produtos diversos do campo, na cidade de Menongue, onde se encontram confinados desde a entrada em vigor do Estado de Emergência, no passado dia 27 de Março, devido ao novo Coronavírus (Covid-19). Assim como Mateus Pascoal e Teresa Martins, centenas de negociantes adquirem os seus produtos do campo e não só, a partir dos grandes centros de produção de Kuvango, Matala, Quipungo e Lubango, que são transportados de comboio até Menongue, onde são comercializados nos diferentes mercados da cidade.
“Nós somos os principais clientes do CFM, injectamos milhões de kwanzas nos cofres do Estado através dos nossos negócios e não entendemos o porquê da postura dos responsáveis dos caminhos-de-ferro de nos fecharem as portas num momento como este, quando mais precisamos para ficarmos junto dos nossos familiares”, desabafaram. O comboio é a nossa única alternativa, porque não há táxis directos para a cidade do Lubango, devido ao péssimo estado do troço rodoviário entre a sede municipal do Cuchi e a comuna do Cutato. Se optarmos por esta via (rodoviária) passando pelas províncias do Bié, Huambo e Benguela, a viajem chega a ser bastante onerosa”, disse.
Enquanto isso, no outro extremo, ou seja, no troço rodoviário de acesso ao Bié, Huambo, até Luanda, assistiu-se a um movimento frenético e vice e versa. A operadora Macon, bem como outros serviços de transportes privados, obedecendo às medidas de segurança e de distanciamento entre as pessoas, realizaram o seu trabalho sob o olhar atento dos efectivos da Polícia Nacional.
Vigilância epidemiológica
O porta-voz da comissão provincial multissectorial de prevenção e combate à propagação do Covid-19, Mirco Macai, disse que as fronteiras terrestres do Cuando Cubango foram reforçadas com equipas de vigilância epidemiológica para fazer o rastreio dos cidadãos que entram para a província. Salientou que todos os cidadãos que regressaram ao Cuando Cubango durante os dias do levantamento do cerco sanitário foram postos a cumprir quarentena domiciliar e o não cumprimento obrigará a que as autoridades sanitárias da província lhes submetam à quarentena institucional.
Disse que, para tal, os populares provenientes de outros pontos do país estão a ser registados a partir dos postos fronteiriços e posteriormente aconselhados sobre as medidas de prevenção contra o Covid-19 e acompanhados por uma equipa de vigilância epidemiológica. Mirco Macai sublinhou que, logo à chegada, não há necessidade de submeter as pessoas à quarentena institucional por não existirem, a nível do país, casos de contágio comunitário da Pandemia do Covid-19. Por esta razão decidiu-se que os mesmos ficarão em quarentena domiciliar, sob o olhar atento das autoridades sanitárias da província.