Transportadoras sem capacidade de resposta
Insuficiência de viaturas deixa preocupado quem quer regressar a Luanda e outras províncias de onde é originário
A província de Malanje regista uma grande procura de transportes públicos por parte de cidadãos que pretendem regressar às suas zonas de origem, em função do estado de emergência decretado para fazer face à pandemia da Covid-19. A reportagem do Jornal de Angola efectuou sábado uma ronda aos locais de embarque e desembarque de passageiros, designadamente Lumbos,TCUL, Macom e Morvic.
No parque dos Lumbos, na EN-230, interpelamos o cidadão Canianga Gomes, residente em Luanda, que disse ter vindo à Malanje para resolver problemas familiares e que calhou na altura em que foi decidida a aplicação do decreto presidencial, o que forçou a sua presença na província durante os primeiros quinze dias do estado de emergência. Canianga Gomes fala em escassez de autocarros para a transportação de passageiros para os seus destinos, uma vez que há limitações impostas em função da pandemia.
A cidadã Antónia Jacinto, reside em Luanda e deslocase regularmente a Malanje, onde pratica actividade agrícola. Depois do decreto presidencial, não foi a tempo de regressar a Luanda, onde reside. Com o levantamento da cerca sanitária, afirmou que pretende regressar à capital do país para se juntar à família. Todavia, lamentou pela falta de transporte. A reportagem do Jornal de Angola encontrou-a sábado no parque da TCUL, onde já tinha pernoitado, mas sem a certeza de embarcar. O relógio marcava já 9 horas e, no horizonte, Antónia nada vislumbrava.
O gestor da empresa TCUL, em Malanje, Jorge Mbande, explicou que os autocarros acabaram por ficar em Luanda desde que foi decretado o Estado de Emergência, e que aguardavam pela chegada de cinco. garantiu que os preços mantinham-se nos 3.500 kwanzas. Acrescentou, entretanto, que outros autocarros vão fazer o trajecto entre as províncias de Luanda e Huambo e o Uíje.
Até às 9 horas de sábado, já tinham sido comercializados 69 bilhetes de viagem, mas a procura era maior, segundo Jorge Mbande. A operadora tem também disponíveis autocarros para as regiões do Huambo e Uíge, assegurando estar a cumprir com as medidas de segurança impostas, como a lavagem das mãos dos clientes, desinfecção dos autocarros, bem como o cumprimento da lotação até 50 por cento.
Na operadora de transportes públicos Macom, a procura era visível e até às primeiras horas da manhã tinham sido vendidos igualmente 69 bilhetes de viagem e cada autocarro transportava no mínimo 23 passageiros. Os primeiros três autocarros, segundo apurou o Jornal de Angola, empreenderam viagem a partir das 9h00 com 23 passageiros cada.
Oliveira Joaquim é militar das Forças Armadas Angolanas (FAA) destacado na província do Zaire. Ficou retido os primeiros quinze dias em Malanje onde se encontrava a cumprir a sua licença disciplinar desde o dia 9 de Março. Tentou a sorte de viajar pela companhia Macom mas sem sucesso, dada a insuficiência de viaturas.
Disse ter chegado ao parque da Macom na companhia de outros três colegas que se
encontravam igualmente em gozo de férias e temem pelo não regresso ao local de serviço nestes dois dias concedidos para a circulação automóvel inter-provincial devido ao estado de emergência decretado pelo Executivo, prorrogado para os próximos 15 dias, dada a escassez de transporte. A reportagem do Jornal de Angola deslocou-se ainda ao parque de estacionamento da Operadora Morvic, que opera desde 2010 em Malanje. O funcionário da área de bilheteira, Ilídio Zola, disse existir neste momento um movimento lento por possuir apenas um único autocarro que esteve retido na comuna de Xandel, município do Quela, que vai levar apenas 26 pessoas para Luanda com o bilhete a ser comercializado a 3 mil kwanzas.
O chefe de departamento do Gabinete Provincial dos
Transporte, Correios e Telecomunicações, Monteiro Júnior, disse que em função das medidas tomadas para sábado e domingo, as empresas de transportes públicos fizeram a transportação das pessoas que estavam retidas em certas províncias para as zonas de origem. Explicou que as operadoras têm a obrigatoriedade de levar um terço de passageiros em função da capacidade do veículo e cumprir com todas as medidas de segurança e prevenção contra o Covid-19.
A província de Malanje, disse, possui várias operadoras de transportes públicos, com realce para a Macom, Tcul e JJR. Monteiro Júnior alertou as empresas de transportes públicos no sentido de evitarem a especulação de preços, sob pena de serem submetidas a medidas rigorosas e disciplinares ou serem encaminhadas à PGR.