Solidariedade internacional
Poucos são os países que, nesta fase de luta contra a Covid-19, se prestam a envidar esforços que se traduzam na colocação à disposição de outros países e povos de pessoal médico e material. Numa altura em que a humanidade se engaja para reverter o quadro de progressão da Covid-19, a linguagem privilegiada dos Estados e das Organizações Internacionais tinha que ser a mesma, traduzida essencialmente na promoção da solidariedade, na ajuda mútua e multilateral. Como aconselhou o presidente da Comissão Executiva da União Africana, Mousa Faki Mohamat, este não é tempo de apontar o dedo na busca de eventuais responsáveis pelo que acontece agora com a humanidade, mas conjugar esforços no sentido de uma resposta única, coordenada em que a maioria dos países se consiga rever. Enquanto alguns países e lideranças parecem mais interessadas em “perder tempo” com tentativas para a responsabilização de terceiros, outros Estados procuram ganhar tempo com iniciativas de solidariedade, que constituem verdadeiros exemplos a seguir. E um dos exemplos vem da República de Cuba que, junto dos países com os quais possui boas relações, não mede esforços para, dentro das suas limitações, recursos humanos e materiais, demonstra ao mundo que contra a Covid-19 não há tempo a perder. De facto, não há tempo a perder na medida em que grande parte dos países a braços com a Covid-19 não atingiram ainda o esperado “pico”, ou seja, o ponto mais alto para a curva que se pretende descendente, em sinal de contenção e controlo. E como alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nem há garantias de que os actuais esforços consigam assegurar um eventual não ressurgimento da doença, pelo que os esforços actuais se forem desbaratados por disputas políticas entre os Estados, em nada vai ajudar na contenção e controlo do vírus.
A cooperação e a solidariedade internacionais devem falar mais alto entre os países, tal como ocorreu e ocorre quando a humanidade enfrenta um inimigo comum.
Em Angola, as autoridades governamentais, através das entidades que superintendem o sector da Saúde, tudo fazem no sentido de um controlo e acompanhamento que permita a minimização a níveis significativos, eventualmente a zero, do chamado contágio comunitário. E nesta empreitada, Angola está aberta à cooperação com todos os países do mundo, tal como sucedeu agora no âmbito das relações com a República de Cuba. Este país, cujas autoridades e povos foram sempre solidários com Angola, despachou homens, mulheres e material medicamentoso para reforçar os meios de luta contra a gripe.
O gesto de Cuba, com a vinda de mais de 200 médicos de várias especialidades para o nosso país, embora se enquadre também no quadro das excelentes e privilegiadas relações entre os Estados e povos, é sempre motivo para realçarmos e encorajarmos. Isto ficou patente na recepção da comitiva, cuja chegada no Aeroporto 4 de Fevereiro ficou marcada por cenas de boas vindas típicas de dois povos que se conhecem e forjam laços que se fortalecem ao longo de mais de 40 anos.
Na verdade, a República de Cuba esteve, tem estado ao lado de Angola nos momentos difíceis e, acreditamos, que estará sempre a fazer prova da sua amizade, cooperação e ajuda, na base de reciprocidade de vantagens.
As autoridades angolanas, como não podia deixar de ser, têm sido coerentes e firmes, na preservação desses laços históricos, razão pela qual tem procurado honrar e, cada vez mais, cimentar as bases em que assentam os laços bilaterais.
A vinda dos técnicos de saúde do país irmão de Cuba é mais uma página que se escreve agora com letras de ouro numa fase em que a palavra de ordem em todo o mundo deve ser a solidariedade internacional, em vez da politização do actual desafio causado pela Covid-19.