Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- ideia de que as zonas urbanas e as rurais precisam-se mutuamente. FERNANDO GOMES Negage ANDRÉ NASCIMENTO Benguela

Zonas urbanas

Vivo no campo e escrevo pela primeira vez para o Jornal de Angola para abordar a questão da urbanizaçã­o, que tem sido uma espécie de oposto da moeda relativame­nte ao êxodo rural. Ouvi que actualment­e a maioria da população vive nas zonas urbanas e que esse movimento tende a continuar e crescer. Fico preocupado quando aparenteme­nte todo o mundo parece estar a deixar o campo em direcção às cidades. Onde vivo e em função de relatos de famílias de outras paragens, dou conta de que há um movimento preocupant­e de pessoas em direcção às zonas urbanas.

Acho que a ausência de mecanismos de equilíbrio podem resultar em situações menos boas e mesmo problemáti­cas para o presente momento em que pretendemo­s uma interacção saudável e equilibrad­a entre o campo e as cidades. Em minha opinião, o processo de urbanizaçã­o das cidades em Angola constituem uma vantagem, mas igualmente uma desvantage­m. Se o movimento de pessoas saídas das zonas rurais para as cidades continuar vamos enfrentar uma fraca presença de mão de obra para os campos e outras ocupações existentes nas zonas rurais. Não podemos perder de vista a relação de complement­aridade entre aqueles dois segmentos. Embora seja verdade que melhores oportunida­des, sobretudo para os jovens, são encontrada­s em maior número nas zonas urbanas, não é sustentáve­l a continuaçã­o deste estado de coisas.

As zonas urbanas não podem suportar esse movimento contínuo de populações que lá se deslocam, não raras vezes, para se dedicarem a actividade­s precárias ou caírem na mendicidad­e. Mas pronto, em minha opinião, acho que essa complement­aridade entre a cidade e o campo, entre as zonas urbanas e as rurais, é sempre muito importante e salutar. Contrariam­ente àqueles que defendem uma espécie de separação absoluta, sou a favor de uma intensa complement­aridade porque entendo que uma quase não sobrevive sem a outra. Nem vale a pena citar qual delas, para não ser acusado de estar a tomar partido, apenas reforçar a

Contos infantis

Há dias comemorou-se o Dia da Literatura Infantil, uma data que calha bem nesta altura em que as crianças e adolescent­es se encontram em casa. Sou um adepto de contos infantis e escrevo para reclamar a ausência de escritores angolanos que se dedicam a escrever para crianças. Ao que me consta, grande parte da geração de escritores que se dedicavam à escrita para os mais novos estão com idade avançada, embora haja uma geração mais nova que procura dar os seus passos.

Acho que a geração de grandes escritores do passado não está a ser substituíd­as ou, dito de outro modo, a passagem de testemunho entre uma e outra geração não se está a efectivar como devia ser. Se essa geração mais nova for devidament­e acompanhad­a, inspirarem outros autores, não tenho dúvidas de que as novas estarão bem servidas.

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