CARTAS DOS LEITORES
Zonas urbanas
Vivo no campo e escrevo pela primeira vez para o Jornal de Angola para abordar a questão da urbanização, que tem sido uma espécie de oposto da moeda relativamente ao êxodo rural. Ouvi que actualmente a maioria da população vive nas zonas urbanas e que esse movimento tende a continuar e crescer. Fico preocupado quando aparentemente todo o mundo parece estar a deixar o campo em direcção às cidades. Onde vivo e em função de relatos de famílias de outras paragens, dou conta de que há um movimento preocupante de pessoas em direcção às zonas urbanas.
Acho que a ausência de mecanismos de equilíbrio podem resultar em situações menos boas e mesmo problemáticas para o presente momento em que pretendemos uma interacção saudável e equilibrada entre o campo e as cidades. Em minha opinião, o processo de urbanização das cidades em Angola constituem uma vantagem, mas igualmente uma desvantagem. Se o movimento de pessoas saídas das zonas rurais para as cidades continuar vamos enfrentar uma fraca presença de mão de obra para os campos e outras ocupações existentes nas zonas rurais. Não podemos perder de vista a relação de complementaridade entre aqueles dois segmentos. Embora seja verdade que melhores oportunidades, sobretudo para os jovens, são encontradas em maior número nas zonas urbanas, não é sustentável a continuação deste estado de coisas.
As zonas urbanas não podem suportar esse movimento contínuo de populações que lá se deslocam, não raras vezes, para se dedicarem a actividades precárias ou caírem na mendicidade. Mas pronto, em minha opinião, acho que essa complementaridade entre a cidade e o campo, entre as zonas urbanas e as rurais, é sempre muito importante e salutar. Contrariamente àqueles que defendem uma espécie de separação absoluta, sou a favor de uma intensa complementaridade porque entendo que uma quase não sobrevive sem a outra. Nem vale a pena citar qual delas, para não ser acusado de estar a tomar partido, apenas reforçar a
Contos infantis
Há dias comemorou-se o Dia da Literatura Infantil, uma data que calha bem nesta altura em que as crianças e adolescentes se encontram em casa. Sou um adepto de contos infantis e escrevo para reclamar a ausência de escritores angolanos que se dedicam a escrever para crianças. Ao que me consta, grande parte da geração de escritores que se dedicavam à escrita para os mais novos estão com idade avançada, embora haja uma geração mais nova que procura dar os seus passos.
Acho que a geração de grandes escritores do passado não está a ser substituídas ou, dito de outro modo, a passagem de testemunho entre uma e outra geração não se está a efectivar como devia ser. Se essa geração mais nova for devidamente acompanhada, inspirarem outros autores, não tenho dúvidas de que as novas estarão bem servidas.