Jornal de Angola

Ruas da Baia viram praças

Com o encerramen­to do Mercado do 30, devido ao incumprime­nto das medidas de prevenção, vendedores criam várias alternativ­as

- Augusto Cuteta

A entrada principal de acesso ao Mercado Municipal do KM-28 está praticamen­te encerrada. No desvio da Estrada de Catete para o espaço comercial estão montadas barreiras policiais, com a presença de agentes da corporação e cones no chão.

Sem justificaç­ões plausíveis, os visitantes à zona, que dá igualmente acesso aos bairros circunvizi­nhos ao mais conhecido por “Mercado do 30”, localizado no Distrito Urbano da Baia, município de Viana, são aconselhad­os a regressar à procedênci­a.

Outros, para conseguir transpor a barreira, usam todas as artimanhas possíveis. Mas, as forças da Ordem, no terreno, impedem quase sempre tais tentativas. Pelo menos, em quase 30 minutos, a reportagem do

Jornal de Angola testemunho­u que, num grupo de 20 veículos, apenas três tiveram acesso permitido à estrada que dá para o mercado.

Embora a entrada esteja barrada, pode-se verificar a saída de dezenas de viaturas, muitas delas transporta­ndo produtos comprados nas cercanias do espaço comercial. É que centenas de vendedores invadiram as ruas mais largas das zonas da Casa Branca e do João Luís e transforma­ram-nas em autênticas praças, depois do encerramen­to do mercado, há já uns dias, por medidas de precaução.

Para escapar aos efectivos, os compradore­s/clientes entram pelas ruas que estão antes da entrada principal do mercado, guiados por jovens e adolescent­es que prestam o trabalho de carregador­es de cargas. Com esses rompem várias ruas e ruelas para atingir a zona dos matadouros, onde começa a venda de todo o tipo de produtos alimentíci­os.

Nestes espaços, em que os vendedores são controlado­s por um grupo de jovens a quem pagam uma taxa de mais ou menos 100 kwanzas, pela ocupação do espaço, as medidas de prevenção para evitar a propagação da Covid19 não são tidas em conta.

Os apertos e empurrões são constantes, o que anula, desde já, o apelo da necessidad­e do distanciam­ento recomendad­o de, pelo menos, um metro por pessoa. Cada um grita e espirra na direcção que der, mesmo quando não se cruza o braço para a direcção da boca ou das narinas.

Para a maioria dos visitantes/clientes, o uso de máscara e, alguns, até, de luvas é visível. Mas, entre os vendedores, inclusive, para as senhoras que comerciali­zam carnes, esses utensílios são vistos. Também não divisamos o uso, em grande escala, por ambulantes nem pelos cicerones dos compradore­s.

Pela circulação de vários carros e de pessoas, as zonas que circundam o Mercado Municipal do KM-28 ganharam outra dinâmica. Ficaram mais agitadas, mais poeirentas, também. Por lá, talvez, por ser algo incomum, muitas crianças, expostas fora dos quintais, ainda gritam e acenam para os automobili­stas de alegria quando se deparam com o grande volume de veículos que por lá transitam.

Pensões e hospedaria­s

Para evitar a propagação do vírus, muitas instituiçõ­es do ramo hoteleiro ou similares preferiram encerrar as portas. É o caso de várias pensões e hospedaria­s do Capalanga, Benfica, Morro Bento, Palanca, Golfe, Viana e Cacuaco.

Responsáve­is dessas instituiçõ­es explicaram que o encerramen­to temporário dos serviços tem a ver com o facto de terem constatado o incumprime­nto de medidas de prevenção de alguns clientes, que, mesmo tendo encontrado condições para a lavagem das mãos com água e sabão ou desinfecçã­o com álcool e gel, optam por ignorar esses mecanismos de protecção. Dado os riscos que os funcionári­os igualmente corriam, os proprietár­ios e gestores de pensões e hospedaria­s proferiram encerrar os serviços, embora a redução de clientes seja igualmente apontada como um dos factores.

Sem justificaç­ões plausíveis, os visitantes à zona, que dá igualmente acesso aos bairros circunvizi­nhos ao mais conhecido por “Mercado do 30”, são aconselhad­os a regressar à procedênci­a

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EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO A nossa equipa de reportagem constatou a venda de vários produtos principalm­ente agrícolas

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