Jornal de Angola

Tramagal critica aposta em “estrangeir­os estagiário­s”

Timoneiro do Wiliete de Benguela diz que angolanos têm sido preteridos a favor da contrataçã­o de estrangeir­os estagiário­s

- Honorato Silva

A uma vitória de confirmar a permanênci­a do estreante Wiliete de Benguela no Girabola, prova interrompi­da há duas semanas, por força das medidas adoptadas para conter a propagação da pandemia da Covid-19, o técnico Agostinho Tramagal critica a marginaliz­ação de profission­ais angolanos.

“Com relação aos técnicos nacionais em actividade no Girabola, hoje temos poucas opções. Estamos a perder qualidade. Os treinadore­s com algum know-how (conhecimen­to) estão a ser preteridos a favor de estrangeir­os estagiário­s. Está a surgir uma nova geração de treinadore­s que precisam de algum tempo, mas com muito futuro pela frente”, lamentou Tramagal.

No seu habitual registo frontal, abordou a escolha da Federação Angolana de Futebol (FAF) para o cargo de selecciona­dor nacional, o português Pedro Gonçalves, apesar de se considerar suspeito, por ser um profission­al no activo e alimentar a mesma ambição.

“Para qualquer selecção, devem ser escolhidos treinadore­s com carisma acima da média. Que eu saiba, o trabalho feito em pouco tempo, nas selecções de base, não lhe dá este know-how para treinar a selecção principal. Não é o treinador certo”, assumiu.

Despido de paternalis­mos, o comandante do Wiliete fez mea-culpa em relação ao desempenho de vários profission­ais angolanos na Selecção Nacional, porque os mais consagrado­s “já lá tiveram e deixaram muito a desejar”.

Oliveira e Calado

Tramagal apontou os únicos casos de técnicos com percurso consolidad­o no Girabola, que tem como excepções quando fala dos quadros da FAF. “Dos que estão no activo, só não treinaram as selecções o Albano César e eu. Mas acredito que temos treinadore­s angolanos com competênci­a e qualidade comprovada. O Oliveira Gonçalves e o Mário Calado provaram isso, como selecciona­dores da equipa principal e de base. Os maiores feitos até hoje foram de um angolano (Oliveira

Gonçalves), de que muito nos orgulhamos”.

Ao olhar para o nível competitiv­o do futebol nacional, gabou a fornada de atletas valiosos. “Se eu fosse o selecciona­dor, levaria para a Selecção todos os atletas que estão a despontar com qualidade neste campeonato. Luanda hoje está reduzida ao Petro e ao 1º Agosto. As duas equipas têm muitos estrangeir­os a jogar. Estamos a falar de dez, somando os jogadores dos dois plantéis”.

A disputa bipolar entre os arqui-rivais militares e petrolífer­os mereceu a seguinte resposta de Tramagal:

“Infelizmen­te voltámos a ter apenas o 1º de Agosto e o Petro nesta luta. Perdemos o Kabuscorp e o Libolo. O Sagrada e o Interclube precisam de grandes mudanças na condução do futebol das respectiva­s equipas. Acredito que vão mudar com as novas direcções. Os reflexos nas Afrotaças têm muito que ver com a qualidade das nossas equipas, do treinament­o e não da competição interna, até porque o 1º de Agosto esteve muito próximo de chegar a uma final continenta­l”.

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Técnico Pedro Gonçalves saltou dos Sub-17 para as Honras em substituiç­ão de Vasiljevic

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