Em todo o mundo, quase seis em cada dez pessoas estão confinadas em casa
Mais de três meses depois de ter revelado o primeiro caso do novo coronavírus, o Governo chinês admitiu que o número de mortos por Covid-19 na cidade de Wuhan, epicentro da pandemia, foi superior ao inicialmente revelado. As autoridades da cidade, de 11 milhões de habitantes, disseram, na sexta-feira, que morreram mais 50 por cento das pessoas do que o contabilizado, acrescentando 1.290 casos ao balanço anterior e colocando o total de vítimas mortais, em Wuhan, em 3.869 e em toda a China em 4.632. A cidade alega que, no pico da epidemia, alguns pacientes morreram em casa, porque não tinham condições de serem atendidos em hospitais e as morte não terem sido, por isso, contabilizadas.
A admissão do erro vem num momento em que a China está sob ataques da comunidade internacional em relação à forma como lidou com a pandemia. As críticas começaram nos EUA, mas já alastraram ao Reino Unido e à França.
“Não vamos ser assim tão inocentes. Nós não sabemos. Claramente, aconteceram coisas que não sabemos”, disse o Presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a gestão da epidemia pela China. Já o Governo britânico indicou que Pequim terá de responder a “perguntas difíceis sobre a forma como o vírus surgiu e porque não foi travado antes”.
A pandemia do coronavírus obrigou o Presidente russo, Vladimir Putin, a adiar a parada militar de comemoração do 75º aniversário da vitória soviética sobre os nazis, na Segunda Guerra Mundial, prevista para 9 de Maio. Putin disse que esse dia era sagrado, mas igualmente sagradas são as vidas das pessoas. O Presidente já tinha adiado o voto sobre as reformas constitucionais, incluindo a possibilidade de poder candidatar-se a mais mandatos, que devia ocorrer neste fim-de-semana.
Nesta sexta-feira, a Rússia registava um total de 32.008 casos de infecção pelo coronavírus, um aumento de 4.070 em apenas 24 horas (quase dois mil só em Moscovo), batendo pelo sexto dia o recorde. Há registo de 273 mortos, um aumento diário de 41. A vice-presidente da câmara de Moscovo, Anastassia Rokova, disse que as próximas semanas vão ser difíceis na capital, esperando-se o pico de mortos nas próximas duas a três semanas.
A quarentena dura, pelo menos, até 1 de Maio em Moscovo, sendo os habitantes da cidade autorizados a sair de casa para trabalhar, passear os cães, despejar o lixo ou ir às lojas mais próximas. Desde a semana que terminou foi introduzido um sistema digital de autorizações, que é obrigatório para quem usa o carro ou os transportes públicos.
O ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, disse, sextafeira, que a pandemia está “sob controlo” no país, no dia em que a taxa de contágios ficou pela primeira vez abaixo de 1. Segundo os dados do Instituto Robert Koch, é agora de 0,7, o que significa que cada pessoa infectada com o novo coronavírus contagia cerca de 0,7 pessoas.
A chanceler alemã, Angela Merkel, tinha dito que este número seria essencial para o aliviar das restrições no país, com pequenas lojas a reabrirem a partir de hoje e as escolas e creches a 4 de Maio. Os grandes eventos de massas, como desportivos ou culturais, continuam, contudo, proibidos até final de Agosto.
O “sucesso desta etapa” contra o coronavírus continua, contudo, a ser “frágil”, alertou Merkel, que, numa entrevista, avisou que um novo aumento da taxa de infecção pode fazer “transbordar” o sistema de saúde do país.
Depois de ter defendido que é ele quem decide sobre a reabertura ou não do país e sido criticado por vários governadores, o Presidente dos EUA, Donald Trump, apresentou o seu plano de reabertura em três fases. Este é um guia para dar aos governadores o poder de decisão, dependendo do número de casos que tenham nos seus Estados.
“Não vamos reabrir de uma vez, mas num cuidadoso processo, passo a passo, e alguns Estados poderão abrir antes de outros”, disse Trump, que procura recuperar rapidamente a economia, com mais de 22 milhões
O Primeiro-Ministro japonês, Shinzo Abe, anunciou, na quinta-feira, a ampliação do Estado de Emergência para todo o país (até então aplicava-se a apenas sete das 47 regiões, incluindo Tóquio), com o objectivo de possibilitar uma luta mais eficaz contra a propagação do novo coronavírus.
Na prática, este Estado de Emergência não implica o
de pessoas a pedirem o subsídio de desemprego, em Março.
Os EUA têm mais de 660 mil casos confirmados e quase 30 mil mortes, mais de 10 mil só no Estado de Nova Iorque, onde o governador Andrew Cuomo estendeu o confinamento até 15 de Maio.
O país da Europa com maior número de mortos pelo coronavírus começou no dia 14 a levantar o confinamento, com pequenas lojas a receber luz verde para reabrir. A Itália vai ainda começar a testar uma aplicação para telemóveis, que permitirá rastrear os casos de coronavírus, com o objectivo de limitar a propagação.
O segundo país mais afectado da Europa está a confinamento obrigatório, mas Abe tem repetido o pedido às pessoas para ficarem em casa e maior distanciamento social. Apesar de inicialmente parecer ter sido poupado à Covid-19, o Japão tem registado um aumento de casos desde o final de Março, tendo já mais de dez mil casos e acima de 200 mortes.
Há uma semana, o Japão começou a distribuir por todas as casas duas máscaras
rever toda a contagem oficial de mortos, já que, inicialmente, apenas eram contabilizados os números de vítimas mortais nos hospitais.
Contudo, algumas comunidades autónomas já começam também a contabilizar os que morrem em lares ou em casas, pelo que as autoridades de saúde revêem os números passados , o que impede comparações.
Na sexta-feira, o número de casos já superava os 188 mil, com as mortes a situarem-se nas 19.478. Além deste, caos na contagem oficial de vítimas, o Governo espanhol continua a enfrentar problemas com o material de protecção. Desta vez, em causa estão 140 mil máscaras FPP2, da empresa Garry Galaxy, que faz parte da lista de fabricantes de material sanitário autorizada pela China, mas cujos testes reutilizáveis de algodão, uma medida anunciada por Abe no dia 1 de Abril, que foi ridicularizada nas redes sociais, nas quais se questionava o que se fazia em lares com mais de dois residentes.
O Primeiro-Ministro anunciou, já nesta sextafeira, que cada residente vai receber 100 mil ienes (856 euros), deixando cair o plano inicial de dar três vezes esse valor por cada lar cujos rendimentos tivessem sido afectados.
O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, continua a ser contra a política de isolamento social defendida pela Organização Mundial da Saúde e, depois de vários choques com o seu próprio ministro da Saúde sobre o tema, acabou por demiti-lo, na quinta-feira. Saiu o médico Luiz Henrique Mandetta e entrou outro médico, o oncologista Nelson Teich, que já disse haver um “alinhamento completo” com o Presidente - que está preocupado com o impacto na economia - e não haverá “qualquer definição brusca, radical” sobre o isolamento social.
Enquanto isso, o número de infectados no Brasil ultrapassava a barreira dos 30 mil, com o de mortos a aproximar-se dos dois mil.
Na quinta-feira, o chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab, alargou por mais três semanas o período de confinamento. “A pior coisa que podíamos fazer agora era aliviar a situação demasiado cedo”, disse Raab, que substitui Boris Johnson na liderança do Governo até que o Primeiro-Ministro fique recuperado, depois de ter estado hospitalizado com coronavírus.
As autoridades de saúde inglesas estão, entretanto, a rever os números de mortos dos últimos dias, apesar de o recorde continuar a ser o de 8 de Abril, quando foram registados 792 óbitos.
revelaram que não cumprem os requisitos para proteger os profissionais de saúde. No lote em causa, o nível de penetração das partículas era de 18 até 29 por cento, quando devia ser inferior a 6 por cento.
A Espanha já começou, entretanto, a aliviar alguns aspectos do confinamento, com cerca de 300 mil trabalhadores não essenciais a voltarem ao serviço, em Madrid. O Governo de Pedro Sánchez vai, ainda, criar um rendimento mínimo garantido, que deve chegar a três milhões de pessoas, num milhão de lares, dos quais 100 mil serão famílias monoparentais.
Hoje, Sánchez vai reunir-se com o líder da oposição, Pablo Casado, do Partido Popular, como parte de uma ronda de consultas para a “mesa de reconstrução” do país no pós-coronavírus.