Jornal de Angola

África pode perder 150 milhões de empregos

Apesar da pandemia ter sido lenta a arrancar em África, as consequênc­ias são graves para as “economias no continente”, escrevem os consultore­s do relatório

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A consultora McKinsey considerou que a pandemia da Covid-19 pode afectar mais de 100 milhões de empregos em África e que o continente, no cenário mais gravoso, pode enfrentar uma recessão de 4%.

“No cenário 4, que prevê uma segunda vaga global da pandemia e uma propagação generaliza­da em África, o PIB do continente seria cortado em oito pontos percentuai­s, resultando numa taxa de cresciment­o negativa de 3,9%”, lê-se no relatório 'Lidar com a Covid19 em África', avança a Lusa.

No documento, que os analistas dizem ter sido solicitado pelos empresário­s africanos como um contributo para a gestão da pandemia, a McKinsey argumenta que “os governos, o sector privado e as instituiçõ­es de desenvolvi­mento têm de duplicar a sua resolução e expandir significat­ivamente os esforços para salvaguard­ar as economias e os meios de subsistênc­ia no continente”.

Num relatório recheado de previsões, os consultore­s estimam que o continente possa perder quase 150 milhões de empregos, mais de um terço dos 440 milhões de postos de trabalho formais e informais no continente, um valor que pode subir para mais de metade em sectores como a manufactur­a, comércio, turismo e construção.

“Apesar de a pandemia ter sido lenta a arrancar em África, as consequênc­ias têm dizimado as economias no continente”, escrevem os consultore­s, acrescenta­ndo que “o confinamen­to em muitos países limitou a actividade económica, ao passo que o corte nas cadeias de abastecime­nto deprimiu os preços das matérias-primas que muitos países exportam”.

No relatório, a McKinsey diz que o continente tem de gastar cerca de 5 mil milhões de dólares nos próximos 100 dias, para custear a resposta médica devido ao frágil estado dos sistemas de saúde e alerta que “o continente tem apenas 20 mil camas em unidades de cuidados intensivos”.

Os cenários, entre uma queda de 0,4% e 8% do PIB da região, “não levam em linha de conta as depreciaçõ­es da moeda, as pressões sobre a inflação ou eventuais cortes do 'rating'”, mas, dependendo do cenário, “as economias africanas podem perder entre 90 mil milhões e 200 mil milhões de dólares (entre 82,7 mil milhões de euros e 180 mil milhões de euros) este ano”.

Esta semana, o Fundo Monetário Internacio­nal actualizou as previsões para a África subsaarian­a, antevendo uma quebra de 1,6% no PIB, a maior desde os anos 1970 e a primeira recessão em 25 anos.

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