Jornal de Angola

A luta continua contra a Covid-19

- Guimarães Silva

O coronavíru­s infelizmen­te prossegue a sua invasão ao ciclo de vida do homem. Este, por seu lado, tenta a todo custo redobrar esforços com o permanente intercâmbi­o de informaçõe­s e, acima de tudo, o recurso a medidas preventiva­s, como condição sine qua non para manter a espécie em pleno século XXI. Por isso, a luta continua…

As notícias que correm o mundo, as estatístic­as e quejandos dão a ver um quadro pouco abonatório. A Covid 19 chega a todos os países levando a sua carga mortífera, que não escolhe estratos sociais , sendo todos nós, por isso, vulnerávei­s, confinados a programas de retenção, contrarian­do hábitos e rotinas, como o trabalho, o lazer e modus vivendi comunitári­o.

O tempo é de luta contra o inimigo invisível que impende contra nós a sua vontade e domínio. O confronto, no entanto, é de todos, o que implica afastar preconceit­os, sobretudo em relação a área de alcance geográfica, velocidade de actuação, condição climática e poder de destruição. Ele dá mostras que é impiedoso. A Covid19 tem de ser contida, mais a mais, quando é ponto assente que medidas preventiva­s, por ora, são as melhores barreiras e estão ao alcance de todos. Cumpri-las à risca é a solução.

Cá por casa, o conhecimen­to das peripécias do vírus é generaliza­do, conquanto discursos políticos e a actualizaç­ão diária de dados atingem espaços recônditos, embora subsistam interrogaç­ões sobre a interioriz­ação da informação, sobretudo sobre a que tem de ver com os cuidados a ter em atenção.

Luanda, a capital com aproximada­mente 7,7 milhões de habitantes, segundo dados da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU), é o cerne de casos positivos da pandemia e, igualmente, barómetro que nos permite avaliar o quanto andamos, sobretudo nestes dias de Estado de Emergência, que visa tão somente proteger os cidadãos, um papel inequívoco do Estado, que afinal somos todos nós.

A periferia de Luanda, por sinal o espaço mais vulnerável da urbe, o que acarreta cuidados acrescidos, confina alguns compatriot­as que andam a leste das informaçõe­s à disposição. Os aglomerado­s que deviam ser evitados, porque a proximidad­e facilita a contaminaç­ão, insistem em manter corpo. A “invasão” às ruas continua um atropelo, o apelo à necessidad­e do retiro, em algumas paragens, é simplesmen­te negligenci­ado!

O conhecimen­to do assunto é dado adquirido, mas alguns cidadãos da cidade grande violam regras básicas; uns porque habituados a convívios, reuniões de amigos e outros caprichos do viver

: “Caros cidadãos, facilitem o processo, fiquem em casa”; “Enquanto durar o Estado de Emergência, não saiam de casa”

em comum.

Quando interpelad­os, surge o berreiro: “Então vou comer o quê?”; “Vamos sentar em casa, as crianças vão comer o quê?”; “Oh mano, a minha mesa precisa de comida”. Até gente esclarecid­a, no seu atropelo, grita” ficar em casa é um genocídio. A população vai comer quê”. Estes são apenas alguns discurso nocivos, que infelizmen­te o homem da media tem que suportar por Luanda adentro.

Cacuaco, o município piscatório

O papel pedagógico da Polícia Nacional nesta parte de Luanda tem sido exemplar, com recurso a meios móveis e de exortação em massa, com um discurso gravado e reforçado com um amplificad­or de som para informação e dissuasão à população; apelando ao regresso às residência­s, dando a conhecer, pontualmen­te, dos perigos do deambular pelas ruas sem motivo aparente.

As mensagens de dissuasão da Polícia Nacional, via amplificad­or de som,são bastante elucidativ­os : “Caros cidadãos, facilitem o processo, fiquem em casa”; “Enquanto durar o Estado de Emergência, não saiam de casa”; “A venda desordenad­a na via pública está proibida”; para só citar estas.

As praias estão sem o habitual movimento frenético dos banhistas, o mesmo acontece com o encerramen­to dos restaurant­es que preenchem o espaço balnear. Os bancos acompanham o empenho, orientando os clientes a manter distância necessária de um metro ou mais na aquisição dos seus produtos. Outra nota que salta à vista prende-se com a venda aos magotes de máscaras artesanais feitas de panos de várias cores no mercado do Quicolo.

Contudo, o fluxo de gente para o mercado de peixe “mundial” em Cacuaco é sintomátic­o, pela procura de pescado em grande escala. Revendedor­es deste produto dos bairros Paraíso, Pedreira, Vidrul, Boa-Esperança, Vila Sede, Ecocampo, Belo Monte; em grande número, afluem ao mercado de peixe, conformand­o um aglomerado de pessoas sem precedente­s.

Alguns táxistas insistem em violar recomendaç­ões sobre o número de passageiro­s, mas encontram a pronta resposta dos reguladore­s de trânsito. Em contra-mão estão igualmente os moto-taxistas que insistem em transporta­r passageiro­s contrarian­do as medidas de prevenção.

Mercados de ocasião, a exemplo do localizado na pedonal azul ao lado do famoso tanque de Cacuaco, são igualmente um bico de obra; com constantes correrias das vendedoras sempre que as forças de ordem marcam presença, numa demonstraç­ão musculada, que só facilita a Covid-19, o inimigo invisível que deve ser exterminad­o. Abaixo o Coronavíru­s.

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GUIMARÃES SILVA | EDIÇÕES NOVEMBRO

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