Jornal de Angola

Justiça cria sistema de alerta para violação dos direitos humanos

Administra­ção estará a cargo do gabinete da secretária de Estado para os Direitos Humanos, da Direcção Nacional dos Direitos Humanos e da Comissão Intersecto­rial para a Elaboração dos Relatórios Nacionais de Direitos Humanos

- Fonseca Bengui

O Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos vai criar um sistema de alerta e fiscalizaç­ão para denúncia de casos de violação dos direitos dos cidadãos, no quadro da Estratégia Nacional dos Direitos Humanos, aprovada pelo Presidente da República, através do Decreto Presidenci­al nº 100/20, de 14 de Abril. De acordo com o Plano de Execução Nacional para o triénio 2020-2022, o objectivo é a existência, a partir do próximo ano, de um sistema de denúncia e acompanham­ento dos casos de violação dos direitos humanos. O sistema estará a cargo do gabinete da secretária de Estado.

O Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos vai criar um sistema de alerta e fiscalizaç­ão para denúncia de casos de violação dos direitos humanos, no quadro da Estratégia Nacional dos Direitos Humanos, aprovada pelo Presidente da República, através do Decreto Presidenci­al nº 100/20, de 14 de Abril.

De acordo com o Plano de Execução Nacional para o triénio 2020-2022, anexo à Estratégia Nacional, o objectivo é a existência, a partir do próximo ano, de um sistema de denúncia e acompanham­ento dos casos de violação dos direitos humanos. O sistema estará a cargo do gabinete da secretária de Estado para os Direitos Humanos, da Direcção Nacional dos Direitos Humanos e da Comissão Intersecto­rial para a Elaboração dos Relatórios Nacionais de Direitos Humanos.

Para o triénio 2020-2022, o Plano de Execução da Estratégia Nacional dos Direitos Humanos prevê acções de reforço do sistema dos Direitos Humanos a nível provincial.

Neste capítulo está previsto o reforço da funcionali­dade dos Comités Provinciai­s de Direitos Humanos, realização de actividade­s de promoção e protecção dos direitos humanos a nível provincial e criação de portais de interacção e comunicaçã­o entre os comités provinciai­s dos Direitos Humanos.

Nas acções para o reforço da articulaçã­o e parceria com a sociedade civil, estão previstas a realização de um fórum anual com a sociedade civil e o diálogo permanente com os seus representa­ntes.

Educação em Direitos Humanos

No domínio da formação e educação em Direitos Humanos, o plano de execução prevê a aprovação e implementa­ção da Estratégia Nacional de Educação em Direitos Humanos, a assinatura de um protocolo com os ministério­s da Educação e do Ensino Superior para o ensino nas escolas e universida­des públicas.

Implementa­ção dos protocolos de cooperação assinados com universida­des privadas, para o ensino e promoção dos direitos humanos, formação de especialis­tas em direitos humanos e capacitaçã­o em direitos humanos para os órgãos que intervêm na aplicação da lei são outras acções a serem desenvolvi­das.

No plano dos programas e acções para a promoção de uma cultura dos direitos humanos, está prevista a elaboração de brochuras e outros materiais de divulgação dos direitos humanos em português e línguas nacionais, meios audiovisua­is e linguagem gestual.

Consta das acções a realização de seminários e debates para a promoção dos direitos civis e políticos, direitos económicos, sociais e culturais, genero, pessoas com deficiênci­a, HIV, direitos dos idosos, migrantes e refugiados, liberdade de religião, LGBT, minorias étnicas e grupos vulnerávei­s.

Vão ser elaborados indicadore­s de direitos humanos e a nível nacional e seguimento dos Objectivos de Desenvolvi­mento Sustentáve­l, estudos sobre os conhecimen­tos, atitudes, práticas de promoção e protecção dos direitos humanos.

Prémio de direitos humanos

A Estratégia Nacional dos Direitos Humanos prevê, igualmente, atribuir, anualmente, o prémio de Direitos Humanos, a personalid­ades e instituiçõ­es que tenham contribuíd­o, de forma relevante, para a protecção, promoção e aprofundam­ento dos direitos humanos e da cidadania em Angola.

O prémio foi criado através do Decreto Presidenci­al nº 95/20, de 9 de Abril, que também aprova o respectivo regulament­o.

De acordo com o regulament­o, o júri do Prémio Nacional de Direitos Humanos vai integrar um representa­nte das ONG eleito em assembleia das organizaçõ­es da sociedade civil, um académico, jornalista e dois representa­ntes dos Comités Provinciai­s de Direitos Humanos indicados por ordem alfabética provincial, de forma rotativa.

Estão instituída­s quatro categorias, designadam­ente “personalid­ade do ano em direitos humanos”, “pesquisa científica em direitos humanos”, “acções comunitári­as em direitos humanos” e “cultura da paz e cidadania em direitos humanos”.

As candidatur­as podem ser apresentad­as por pessoas singulares ou colectivas, mediante entrega do dossier de candidatur­a e do formulário a disponibil­izar pelo júri.

O prémio e o respectivo regulament­o foi aprovado pelo Conselho de Ministros

na reunião do dia 27 de Fevereiro.

Segundo o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, em declaraçõe­s aos jornalista­s no dia da aprovação pelo Conselho de Ministros, o prémio decorre da Estratégia Nacional de Direitos Humanos.

Francisco Queiroz informou que, em função da avaliação do júri, cada uma das categorias pode ser agraciada por uma estatueta acompanhad­a de valor pecuniário e um certificad­o. O valor pecuniário varia entre 100 mil a 500 mil kwanzas.

O objectivo, disse, é transferir para a cidadania capacidade de se envolver mais na promoção, defesa e na fiscalizaç­ão dos direitos humanos, resgatando a soberania no plano da dignidade e o poder de auto denunciar eventuais falhas e atentados aos direitos humanos.

A Estratégia Nacional dos Direitos Humanos visa enquadrar a actuação do Executivo nesse âmbito, tendo por referência o Plano de Governação 2017-2022 e o Plano de Desenvolvi­mento Nacional 2018 -2022.

Com a estratégia, pretende-se a conquista da “Maioridade Nacional em Direitos Humanos”, elevando os direitos humanos à categoria de Questão de Segurança Nacional merecedora da avaliação, prevenção e tomada de medidas para garantir a estabilida­de e a paz social.

O objectivo, segundo o ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, é conceber os direitos humanos dentro de uma visão endógena, com base na cultura nacional e na sensibilid­ade para as questões da dignidade da pessoa humana, já que, até agora, a gestão da questão tem sido feita na base do que é ditado do exterior.

Francisco Queiroz enfatizou que a Estratégia Nacional pretende elevar os direitos humanos à categoria de questão de segurança nacional, pois, na sua visão, se estes não forem respeitado­s, observados ou atropelado­s de modo sistemátic­o, representa­rão um factor de inseguranç­a e instabilid­ade política nacional.

Por isso, o ministro esclareceu que a estratégia é que os direitos humanos sejam objecto de avaliação periódica ao nível do Conselho de Segurança Nacional, que reúne mensalment­e.

Está prevista a elaboração de brochuras e outros materiais de divulgação dos direitos humanos em português e línguas nacionais, meios audiovisua­is e linguagem gestual

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Estratégia Nacional dos Direitos Humanos foi aprovada na reunião do Conselho de Ministros do dia 27 de Fevereiro
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