Clubes “desconhecem” regras
Membro do Conselho Técnico Desportivo detalha passos dados até à reunião que aprovou as únicas alterações feitas no estatuto
As próximas eleições da Federação Angolana de Futebol (FAF) têm dominado, nos últimos dias, o debate desportivo, depois de o presidente do Petro de Luanda, Tomás Faria, ter sublinhado quarta-feira, numa entrevista à Rádio Cinco, que os clubes estão impedidos de votar, com base no estatuto da instituição publicado em Diário da República.
Um mês antes, na mesma estação, o jornalista e jurista Teixeira Cândido, convidado por Mário Rosa de Almeida, para analisar o movimento associativo com o advogado Mário Freud, chamou a atenção para a mudança introduzida no documento.
A estranheza revelada por vários dirigentes de clubes, quando confrontados com a suposta descoberta, denuncia um certo distanciamento dedicado às questões relacionadas com a FAF, dada a inexistência de acta de alguma assembleia que tenha aprovado a alteração dos sócios com capacidade eleitoral.
Adão Simão, membro do Conselho Técnico Desportivo (CND), fez questão de detalhar os paços dados até à reunião de 25 de Julho de 2018, a única que aprovou alterações ao estatuto, mas nenhuma relacionada com a alteração da população eleitoral.
“A alteração ao estatuto da FAF foi proposta, pela primeira vez, na Assembleia Geral de 18 de Dezembro de 2017. Na altura os sócios pediram à Federação para que fosse aprovado numa próxima Assembleia. Foram alterados dois artigos. Um que tratava da proibição antidopagem e o outro sobre o licenciamento de clubes, porque era obrigatório. A reunião seguinte, com carácter ordinário, realizou-se a 25 de Julho de 2018, no Hotel Real Plaza. Nesta altura discutiu-se e aprovou-se o Estatuto com o artigo 24º com os seus pontos 1,2 com as alíneas (a) e (b) do número 1. E (a), (b) e( c) do número 2”, recordou o funcionário da instituição.
O técnico do órgão federativo teve o cuidado de tranquilizar a população votante. “Esta é uma questão que não pode ser posta em causa. A República de Angola possui legislação desportiva sobre a matéria, como é o caso da Lei dos Desportos 5/2014 de Maio. A lei 6/2014 de 23 Maio e a circular 35 de 26.11.19 da Direcção Nacional dos Desportos, do Ministério da Juventude e Desporto. A lei é clara. votam os clubes, as associações e os sócios indirectos, que são as associações de treinadores e de jogadores”.
Candidatos prontos
Com as competições suspensas por força da pandemia da Covid-19, sem data prevista de retorno à actividade, as atenções estão voltadas para a corrida à liderança do organismo reitor da modalidade em Angola, que tem já confirmada a candidatura de Artur Almeida e Silva, convencido da reeleição.
Líder do CND, sob a liderança de Pedro Neto, Fernando da Trindade Jordão surge como corrente, numa lista reforçada por António Costa, presidente cessante da Associação Provincial de Benguela. Pronto a disputar o cadeirão está, igualmente Norberto de Castro, apontado nos bastidores como forte candidato, enquanto se aguarda por uma tomada de posição de António Gomes, dirigente desportivo e antigo futebolista.
Incumprimento
Apostado num segundo mandato, Artur Almeida é o principal alvo das críticas, dos adversários e de parte do eleitorado. Em final de mandato na Associação Provincial de Luanda, onde esteve 12 anos, Domingos Tomás aconselhou o presidente da FAF a desistir de concorrer, por ter ficado aquém do esperado.
Entrevistado pelo canal desportivo da Rádio Nacional de Angola, o engenheiro de petróleos, cuja bandeira nos últimos anos foi o combate à adulteração de idades e a tripla identidade, foi peremptório:
“Uma pessoa com dificuldades no relacionamento humano não muda do nada. Infelizmente, o Artur Almeida não conseguiu cumprir mais do que 40 por cento do que prometeu. Não acredito que estará em condições de fazer diferente agora”, defendeu.
O isolamento nos períodos conturbados da Selecção Nacional, Palancas Negras, sobretudo depois do afastamento da Taça de África das Nações, disputada no Egipto, do qual resultou a saída do treinador, o sérvio Srdjan Vasiljevic, por desentendimentos com o vicepresidente Adão Costa, destaca-se entre as críticas feitas ao líder federativo.