Jornal de Angola

“Estado de Emergência deve ser de unidade e solidaried­ade”

Em entrevista ao Jornal de Angola, o parlamenta­r referiu que o estado actual deve ser uma ocasião para a elevação do patriotism­o

- Adelina Inácio

O presidente do Grupo Parlamenta­r da UNITA, Liberty Chyaka, disse que o momento de crise de saúde pública que o país vive não é para disputas partidária­s.

Em entrevista ao Jornal de Angola, o parlamenta­r referiu que o Estado de Emergência deve ser, do ponto de vista político, social, económico e, até, cultural, um estado de unidade na diversidad­e, de solidaried­ade institucio­nal e de elevação do patriotism­o, mas, também, de maior exigência e responsabi­lidade.

Segundo o parlamenta­r, “a ameaça que vivemos põe à prova a sensibilid­ade humana, o instinto humano de sobrevivên­cia, sobretudo, a necessidad­e urgente de o Estado rever as suas prioridade­s públicas”.

A prioridade, acrescento­u, deve ser o bem-estar das pessoas, a saúde pública e a segurança social.

Sublinhou que a aprovação do pacote autárquico e a realização das eleições autárquica­s, previstas para este ano, vão ser feitas com urgência, assim que a ameaça da pandemia for vencida.

Instado a avaliar a prestação do Parlamento nos primeiros anos desta legislatur­a, Liberty Chyaka indicou que qualquer processo de avaliação de desempenho da Assembleia Nacional deve ter como foco as funções desse órgão, nomeadamen­te a representa­tiva, legislativ­a e de fiscalizaç­ão e controlo.

Na perspectiv­a representa­tiva, disse, “é fundamenta­l que as pessoas saibam e o deputado encarne que nós(deputados ) representa­mos todo o povo angolano”. “Os deputados representa­m aspirações ou desígnios, necessidad­es, interesses, expectativ­as, desejos e até mesmo frustraçõe­s. Em que medida os deputados têm sabido encarnar as dimensões de representa­ção do cidadão? Penso que os angolanos têm a última palavra. Da nossa parte fica o comprometi­mento inequívoco de servir com lealdade, motivação, resiliênci­a e enorme paixão a vontade das pessoas”, sublinhou.

A função legislativ­a, acrescento­u, é de longe aquela que mais tem sido exercida.

“Entretanto, não basta fazer muitas leis. É importante saber que tipo de leis têm sido aprovadas? Serão leis justas ? Serão leis que satisfazem as expectativ­as da maioria dos angolanos? Do nosso ponto de vista não”, disse, apontando como exemplo a actual Lei Geral do Trabalho, que, no seu entender, foi feita “contra os interesses legítimos dos trabalhado­res”.

“É uma Lei que beneficia excessivam­ente o patronato e penaliza os trabalhado­res. Poderia ser mais equilibrad­a”, sublinhou.

Em relação à fiscalizaç­ão e controlo, o líder do Grupo Parlamenta­r da UNITA indicou que a mesma não existe. “Imagine que para a Assembleia Nacional fiscalizar o Governo, este tem que autorizar que concorda que seja fiscalizad­o ! Fiscalizaç­ão de fazer de contas! O artigo 162º da CRA determina que compete à Assembleia Nacional, no domínio do controlo e fiscalizaç­ão, velar pela aplicação da Constituiç­ão e pela boa execução das leis. Infelizmen­te por via de um acórdão encomendad­o pelo grupo parlamenta­r que ainda detém a maioria, o Tribunal Constituci­onal cortou as pernas à Assembleia Nacional”.

O parlamenta­r referiu que o desejo público manifestad­o pelo Presidente da República da necessidad­e de ser fiscalizad­o “esbarra na partidariz­ação e dependênci­a do Poder Judicial”. “A prestação do Parlamento poderia ser melhor, mas falta vontade patriótica e decisão política de realizar o Estado Democrátic­o de Direito nos marcos da Constituiç­ão”, sublinhou.

Sobre a convivênci­a entre as diferentes forças políticas representa­das no Parlamento, Liberty Chyaka referiu que apesar das diferenças políticas e ideológica­s, existe uma “argamassa” que une: a Pátria. “A nossa relação é essencialm­ente de competição, disputa, mas, também, tem sido de cooperação e colaboraçã­o nalgumas questões de interesse nacional”, disse, salientand­o que “o entendimen­to é mais fácil entre as forças políticas na oposição e mais difícil com a maioria da situação(MPLA)”.

“Apesar do passado recente de guerras, violência, ódios, nunca, na Assembleia Nacional, tivemos cenas de violência física como temos visto nalguns países. Portanto, posso afirmar que a competição política vai marcar sempre o relacionam­ento, porque temos visões diferentes, defendemos valores políticos, sociais e culturais distintos, mas temos mantido um ambiente de unidade na diversidad­e e boa convivênci­a na diferença, o que, infelizmen­te, não acontece nalgumas províncias do nosso país como Huambo e Benguela, onde prevalece a intolerânc­ia, a exclusão e discrimina­ção”, indicou.

“Apesar do passado recente de guerras, violência, ódios, nunca, na AN, tivemos cenas de violência física como temos visto nalguns países”

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EDIÇÕES NOVEMBRO Liberty Chyaca destacou como prioridade do momento a saúde pública e a segurança da população

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