Vila piscatória preparada para travar o avanço da pandemia
O município do Tômbwa, 95 quilómetros a sul de Moçâmedes, capital da província do Namibe, está preparado não só para lutar contra o avanço das areias movediças que ameaçam soterrar a vila, mas também atento às medidas de prevenção e combate à Covid-19. Neste momento conta com um centro de tratamento de eventuais casos, com dez camas a funcionar nas instalações cedidas pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF). Conta, igualmente, com a subdivisão de algumas zonas - amarela, verde e vermelha , enfermaria para mulheres e demais serviços. O centro de quarentena institucional, com duas salas, está instalado na escola do segundo ciclo José Francisco Republicano e o de acolhimento para crianças e idosos está localizado no CIC-CEC do Bairro João Firmino Tchinanga, enquanto o principal ponto de rastreio foi colocado no Quilómetro 50, na Estrada Nacional nº 100, em direcção à sede da província, onde já foram rastreadas um total de 12.468 pessoas.
O director municipal da Saúde, Felisberto Kuliakite, informou que as acções de sensibilização começaram na comuna do Yona, concretamente na localidade do Monte Negro, fronteiriça com a Namíbia, expandindo as mensagens para mudança de comportamento da população em função das medidas de prevenção. Revelou que quatro pessoas que entraram no Tômbwa estão em acompanhamento pelos serviços de saúde. No Tômbwa ainda não há casos suspeitos da Covid19. Foi criada uma estrutura para a quarentena domiciliar para todo aquele que sair das zonas de risco. Ao todo, quinze técnicos estão seleccionados para trabalharem na eventualidade de qualquer caso surgir. Três pontos de rastreios foram criados em todo o município.
A vice-governadora do Namibe para o Sector Técnico e Infra-Estruturas, Ema Guimarães, declarou, em entrevista ao Jornal de Angola, que, no âmbito da Covid-19, a província do Namibe tem o seu programa de contingência provincial que envolve a criação de infra-estruturas que estão a servir de centros de isolamento, de quarentena institucional e também de testagem. Nos cinco municípios - Bibala, Camucuio, Moçâmedes, Tômbwa e Virei - foram criadas instalações adaptadas para fazer face a um eventual número de pessoas contaminadas com o novo coronavírus. A adaptação dessas instalações contou com a colaboração de várias instituições, como o Ministério da Educação, que cedeu algumas escolas, centros de formação e outras instalações para, depois de adaptadas, servirem de centros de quarentena e serem equipadas de forma temporária durante o período de vigência do Estado de Emergência, para receberem eventuais pacientes ou pessoas suspeitas que necessitem de um tratamento primário, antes de serem encaminhadas para unidades hospitalares de referência.
Ema Guimarães garantiu que essas adaptações foram antecedidas de um estudo técnico, uma vez que antes de ser declarado o Estado de Emergência, a província do Namibe já tinha desenhado um plano de contingência. “Nós fomos trabalhando no sentido de identificar possíveis espaços como escolas, campos polidesportivos, por exemplo, no Virei, como centros que poderiam acolher pacientes ou funcionar como
centros de isolamento”. E se houver uma situação de contaminação, o Governo vai usar essas infra-estruturas, que estão neste momento activas. Se os números forem além das capacidades do Governo da Província, será necessário reforçar ou até arranjar outros locais para poder atender a população, assegurou a vicegovernadora.
Ao nível dos municípios, a vice-governadora avançou que o pelouro está a criar condições para acolher os médicos que poderão estar ao serviço do governo local, em particular, para auxiliar no combate à Covid-19 e não só. Para que eles estejam bem acolhidos, “nós estamos a preparar residências com condições mínimas que tenham serviços básicos, no caso, o fornecimento de água e energia e que também estejam próximos das unidades sanitárias".
Relativamente ao sector que dirige, Ema Guimarães afirmou que continuam a trabalhar no sentido de garantir que as populações, neste período de emergência em que estão em situação de confinamento em casa, não tenham dificuldades no que se refere ao abastecimento de água potável e ao fornecimento de energia eléctrica. Na Bibala, no Tômbwa e também no Virei , garantiu, tem havido fornecimento regular. Já em Moçâmedes e no Camucuio tem havido algumas dificuldades, por serem redes sobrecarregadas, o que por vezes provoca alguns constrangimentos.
Em relação ao abastecimento de água, a fonte avançou que a rede “ainda não é extensiva a 100 por cento aos habitantes da província”, mas, tem-se conseguido com o apoio da Protecção Civil, a empresa de Águas, as administrações e voluntários, fazer uma distribuição possível. Não é a ideal e nem é feita todos os dias em todos os locais, por existir um programa de abastecimento em dias alternados, mas têm conseguido, por via de moto-cisternas, atender as necessidades das populações. Destacou a colaboração das várias entidades e da sociedade civil, como o Conselho da Juventude e voluntários, que, além de ajudarem nesse processo, também têm feito um grande trabalho de sensibilização no concernente às medidas higio sanitárias, de distanciamento social e confinamento em casa.