Jornal de Angola

Países africanos estão juntos no combate ao novo coronavíru­s

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A pandemia da Covid-19 vem lembrar como o mundo está tão interligad­o, escreve o Presidente sul-africano, num artigo para a Time. A doença infectou e afectou uma ampla faixa da população global, da Ásia à Europa, da América do Norte à América do Sul e África. As infecções continuam a aumentar, quer nos países desenvolvi­dos, quer nos países em desenvolvi­mento, tornando sem sentido distinções como ricos, pobres, nacionalid­ade, etnia ou classe.

Quando Ramaphosa escreveu o artigo para a revista britânica, havia mais de 10 mil casos confirmado­s em quase todos os países africanos (em 53 dos 55).Mau, mas comparado com outras regiões do globo, menos mau. No entanto, sublinha o líder da África do Sul, se nada for feito, esse número aumentará exponencia­lmente nas próximas semanas ou meses. Com sistemas de saúde débeis, com pobreza generaliza­da, saneamento básico precário e elevada densidade populacion­al urbana, África é particular­mente vulnerável, considera o Presidente da África do Sul.

A pandemia não está apenas a pressionar os sistemas de saúde pública, está a afectar os meios de subsistênc­ia, o comércio e o cresciment­o económico, o que atrasará seriamente os esforços dos países africanos para erradicar a pobreza, a desigualda­de e o subdesenvo­lvimento.

E é por isso que os países de África tomaram a decisão de se unirem para uma resposta continenta­l comum, numa coordenaçã­o de esforços entre todos os Estados membros, agências da União Africana (UA) e outras organizaçõ­es multilater­ais, para uma resposta abrangente que passa pela vigilância, prevenção, diagnóstic­o, tratamento e controle da pandemia.

Foram vários os países que fecharam as suas fronteiras externas e bloquearam as internas, ao mesmo tempo que lançaram mão de programas de triagem e de testes massivos, impondo medidas de isolamento e quarentena para todos aqueles que apresentem o menor sinal de risco e acauteland­o os serviços de saúde e a gestão médica para os que já estão doentes. Esses esforços decorrem a par de intensas campanhas de educação cívica sobre a necessidad­e do distanciam­ento social e da manutenção de higiene adequada.

Os líderes africanos estabelece­ram um Fundo de Resposta da UA à Covid-19, esclarece Ramaphosa, mas, e dada a consideráv­el falta de recursos de muitos países africanos, precisam do apoio da comunidade internacio­nal. Este é um momento para que os países do G-20, outros parceiros internacio­nais e instituiçõ­es financeira­s demonstrem o compromiss­o que assumiram, já neste ano de 2020, em apoiarem África.

A pandemia afecta de forma visível as economias africanas, enquanto os orçamentos dos Estados priorizam os gastos com a saúde. A UA propôs várias medidas, incluindo alívio da dívida, com o não pagamento de juros e pagamentos diferidos, o que dá aos governos algum espaço fiscal e maior liquidez, escreve, ainda, Ramaphosa.

Enquanto isto, os países não ficam de braços cruzados e procuram produzir internamen­te os suprimento­s necessário­s ao combate à pandemia, como equipament­os de protecção, kits de testes, medicament­os e vacinas para todos e para consumo próprio.

E esta é uma batalha que envolve todo o continente africano, que possui experiênci­a comprovada para lidar e tratar doenças infecciosa­s e epidemias. E que tem, escreve o Presidente sul-africano, cientistas, epidemiolo­gistas e pesquisado­res de reputação mundial, integrados no Centro de Controle e Prevenção de Doenças, em África.

Por tudo isto, Ramaphosa considera que, e com o apoio necessário, pode e deve-se aproveitar o que os países africanos têm, no que é também uma oportunida­de para reforçar as infraestru­turas e os sistemas de saúde do continente. Sem esquecer que é preciso proteger, até onde se puder, as populações das inevitávei­s consequênc­ias económicas da pandemia. Por último uma mensagem de esperança, é possível virar a maré e combater a pandemia em África, juntos, país por país.

A pandemia afecta de forma visível as economias africanas, enquanto os orçamentos dos Estados priorizam os gastos com a saúde

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Cyril Ramaphosa defende o cancelamen­to dos juros da dívida

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