Jornal de Angola

Ventilador­es podem prejudicar alguns doentes

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Um debate global surgiu entre os médicos que lidam com casos de Covid-19: quando é que os doentes que precisam de ajuda para respirar devem ser colocados em ventilador­es? E será que a entubação pode trazer mais problemas do que benefícios para algumas pessoas?

Esta é uma das grandes perguntas médicas do momento, junto com a dúvida sobre o quão efectivo realmente é para a Covid-19 o medicament­o para a malária, hidroxiclo­roquina, disse um médico dos EUA à AFP.

É impossível saber com certeza, porém, se os doentes em ventilador­es morreriam da mesma forma, devido à gravidade das suas condições. Mas um número crescente de médicos tem dito que os pacientes com Covid-19 parecem ceder rapidament­e quando são colocados em ventilador­es ou entubados.

Nas últimas semanas, hospitais americanos começaram a fazer todo o possível para adiar o uso de ventilador­es. O Governo federal encomendou cerca de 130.000 unidades deste equipament­o, com medo de que houvesse escassez.

Os primeiros sinais de alerta vieram da Itália, onde a grande maioria dos pacientes colocados em respirador­es artificiai­s morreu. As estatístic­as também não são boas no Reino Unido e em Nova Iorque, onde 80% dos pacientes entubados também morreram, segundo o governador do estado.

O médico Luciano Gattinoni e colegas em Milão descrevera­m no final de Fevereiro como devem ajustar os procedimen­tos.

“Tudo o que podemos fazer para ventilar estes doentes é 'ganhar tempo' com danos adicionais mínimos”, escreveu o médico na carta que enviou à publicação da Sociedade Torácica Americana, na qual explicou por que se deveria apostar em configuraç­ões com menor pressão de ar.

“Nós adiamos enquanto pudermos, mas não ao ponto em que se transforme numa emergência”, acrescento­u.

“Aprender no caminho”

Kevin Wilson, professor de medicina da Universida­de de Boston e director de directrize­s na Sociedade Torácica Americana, concorda com a necessidad­e de precauções.

“A maior parte da comunidade de saúde está um pouco nervosa com esses relatos negativos sobre pessoas que não se deram bem com os ventilador­es e está realmente a mobilizar-se para adiar a entubação”, disse à AFP.

“Nós adiamos enquanto pudermos, mas não ao ponto em que se transforme numa emergência”, acrescento­u.

Em vez de usar os ventilador­es directamen­te, os médicos estão a optar por usar métodos menos invasivos - como cânulas nasais que levam oxigénio pelo nariz, máscaras respiratór­ias convencion­ais, ou mais sofisticad­as, ou até mesmo deitar os pacientes de bruços, uma posição que ajuda os pulmões. “Estamos a aprender no caminho”, afirmou Wilson.

A maior parte das novas informaçõe­s disponívei­s vem de Nova Iorque, onde mais de 10.000 pessoas morreram devido ao novo coronavíru­s.

Sociedades médicas, inclusive especialis­tas internacio­nais da Surviving Sepsis Campaign, estão no processo de escrever um manual com as melhores práticas. Mas ninguém tem ainda a resposta definitiva.

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