A liderança e a superação de obstáculos em tempos de pandemia
No dia 14 deste mês, Presidentes e Chefes de Governo de países europeus e africanos, entre os quais o Presidente João Lourenço, assinaram e publicaram no jornal britânico Financial Times uma carta aberta com o pedido de redução da dívida dos países africanos e um plano de relançamento de cerca de 100 mil milhões de dólares para ajudar o nosso continente.
No documento, uma afirmação incontestável da importância da resposta positiva aos apelos feitos publicamente: “só uma vitória mundial que inclua inteiramente a África pode pôr fim a esta pandemia”. Muito mais do que uma campanha de doação ou de carácter filantrópico, temos neste caso a pertinência para valorizar o nosso papel na reconstrução pós-pandemia, tudo isso com o reconhecimento de países europeus signatários.
A propósito da crise na qual o mundo está mergulhado, em decorrência do novo coronavírus, vimos no acto conjunto desses líderes um exemplo do que vem a ser uma liderança moderna para o enfrentamento da crise e da insegurança quanto ao futuro imediato. Líderes políticos têm a responsabilidade de lidar com as questões que, para muitos, parece ser um obstáculo intransponível.
Para além disso, devem transcender ao cenário de catástrofe prenunciado e criar as condições para assegurar a superação dos obstáculos. Para isso, é importante que os líderes sejam vistos como modelo a ser seguido, pois reside na eficácia da liderança a criação do ambiente de confiança, factor inseparável do reconhecimento dos liderados.
Nestes tempos de pandemia, a forma como alguns líderes estão a responder aos factores que geram a crise merece especial atenção. Se alguns tentam aproveitar a oportunidade para impor práticas incompatíveis com os ditames democráticos, muitos estão a fazer deste momento a oportunidade de integrar o seu povo e fortalecer os valores nobres, entre eles a empatia e a solidariedade.
Da Alemanha, parceira estratégica de Angola, uma das Nações signatárias da Carta Aberta em apreço, devemos destacar a postura da chanceler federal, Angela Merkel, que tem sido avaliada entre os alemães como “de alta popularidade” e “a melhor gestora de crises que um país poderia desejar”. Tudo isso graças ao exercício da simplicidade. Saber compreender o problema para ser capaz de superá-lo.
Da parte de África, governos, médicos, cientistas e comunidades locais já possuem uma vasta experiência na contenção de surtos. Este factor está a ser decisivo para que a União Africana invista numa acção continental coordenada. A maioria dos países já tomou medidas vigorosas para prevenção e combate à propagação da Covid -19 e o povo africano está a compreender a importância deste sacrifício.
Em solo angolano, na sexta-feira passada, em Luanda, a ministra da Saúde e porta- voz da Comissão Multissectorial para a Prevenção e Combate à Covid-19, Sílvia Lutucuta, defendeu a valorização, pelos países mais desenvolvidos do mundo, das medidas adoptadas pelos Estados africanos para fazer face à pandemia. Como sabemos, para além da saúde, o Executivo angolano - por exemplo - está a tratar do combate à Covid-19, mas também a ajustar diversas vertentes, sobretudo a económica, com foco no relançamento do sector produtivo e na esfera social com o Programa Nacional de reforço do Sistema de Protecção Social de Base, à realidade imposta pela crise em função do impacto do risco social. As famílias vulneráveis das periferias das cidades são prioritárias nessa emergência de apoio e assistência.
Diante de tanto esforço e tantos obstáculos que precisam ser superados, a Carta Aberta dos líderes vai ao cerne da questão ao apelar que “devemos instaurar uma moratória imediata sobre todos os pagamentos de dívidas bilateral ou multilateral, pública e privada, até o desaparecimento desta pandemia”. Liderar é saber agir com serenidade na alegria e na adversidade.
Nestes tempos de pandemia, a forma como alguns líderes estão a responder aos factores que geram a crise merece especial atenção. Se alguns tentam aproveitar a oportunidade para impor práticas incompatíveis com os ditames democráticos, muitos estão a fazer deste momento a oportunidade de integrar o seu povo e fortalecer os valores nobres, entre eles a empatia e a solidariedade