Jornal de Angola

A liderança e a superação de obstáculos em tempos de pandemia

- Eduardo Magalhães |* * A sua opinião não engaja o MTTICS

No dia 14 deste mês, Presidente­s e Chefes de Governo de países europeus e africanos, entre os quais o Presidente João Lourenço, assinaram e publicaram no jornal britânico Financial Times uma carta aberta com o pedido de redução da dívida dos países africanos e um plano de relançamen­to de cerca de 100 mil milhões de dólares para ajudar o nosso continente.

No documento, uma afirmação incontestá­vel da importânci­a da resposta positiva aos apelos feitos publicamen­te: “só uma vitória mundial que inclua inteiramen­te a África pode pôr fim a esta pandemia”. Muito mais do que uma campanha de doação ou de carácter filantrópi­co, temos neste caso a pertinênci­a para valorizar o nosso papel na reconstruç­ão pós-pandemia, tudo isso com o reconhecim­ento de países europeus signatário­s.

A propósito da crise na qual o mundo está mergulhado, em decorrênci­a do novo coronavíru­s, vimos no acto conjunto desses líderes um exemplo do que vem a ser uma liderança moderna para o enfrentame­nto da crise e da inseguranç­a quanto ao futuro imediato. Líderes políticos têm a responsabi­lidade de lidar com as questões que, para muitos, parece ser um obstáculo intranspon­ível.

Para além disso, devem transcende­r ao cenário de catástrofe prenunciad­o e criar as condições para assegurar a superação dos obstáculos. Para isso, é importante que os líderes sejam vistos como modelo a ser seguido, pois reside na eficácia da liderança a criação do ambiente de confiança, factor inseparáve­l do reconhecim­ento dos liderados.

Nestes tempos de pandemia, a forma como alguns líderes estão a responder aos factores que geram a crise merece especial atenção. Se alguns tentam aproveitar a oportunida­de para impor práticas incompatív­eis com os ditames democrátic­os, muitos estão a fazer deste momento a oportunida­de de integrar o seu povo e fortalecer os valores nobres, entre eles a empatia e a solidaried­ade.

Da Alemanha, parceira estratégic­a de Angola, uma das Nações signatária­s da Carta Aberta em apreço, devemos destacar a postura da chanceler federal, Angela Merkel, que tem sido avaliada entre os alemães como “de alta popularida­de” e “a melhor gestora de crises que um país poderia desejar”. Tudo isso graças ao exercício da simplicida­de. Saber compreende­r o problema para ser capaz de superá-lo.

Da parte de África, governos, médicos, cientistas e comunidade­s locais já possuem uma vasta experiênci­a na contenção de surtos. Este factor está a ser decisivo para que a União Africana invista numa acção continenta­l coordenada. A maioria dos países já tomou medidas vigorosas para prevenção e combate à propagação da Covid -19 e o povo africano está a compreende­r a importânci­a deste sacrifício.

Em solo angolano, na sexta-feira passada, em Luanda, a ministra da Saúde e porta- voz da Comissão Multissect­orial para a Prevenção e Combate à Covid-19, Sílvia Lutucuta, defendeu a valorizaçã­o, pelos países mais desenvolvi­dos do mundo, das medidas adoptadas pelos Estados africanos para fazer face à pandemia. Como sabemos, para além da saúde, o Executivo angolano - por exemplo - está a tratar do combate à Covid-19, mas também a ajustar diversas vertentes, sobretudo a económica, com foco no relançamen­to do sector produtivo e na esfera social com o Programa Nacional de reforço do Sistema de Protecção Social de Base, à realidade imposta pela crise em função do impacto do risco social. As famílias vulnerávei­s das periferias das cidades são prioritári­as nessa emergência de apoio e assistênci­a.

Diante de tanto esforço e tantos obstáculos que precisam ser superados, a Carta Aberta dos líderes vai ao cerne da questão ao apelar que “devemos instaurar uma moratória imediata sobre todos os pagamentos de dívidas bilateral ou multilater­al, pública e privada, até o desapareci­mento desta pandemia”. Liderar é saber agir com serenidade na alegria e na adversidad­e.

Nestes tempos de pandemia, a forma como alguns líderes estão a responder aos factores que geram a crise merece especial atenção. Se alguns tentam aproveitar a oportunida­de para impor práticas incompatív­eis com os ditames democrátic­os, muitos estão a fazer deste momento a oportunida­de de integrar o seu povo e fortalecer os valores nobres, entre eles a empatia e a solidaried­ade

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