Presidente Mnangagwa com discurso optimista
Como se não bastassem os problemas causados pela actual pandemia da Covid-19, o Zimbabwe festejou, sábado, os 40 anos de independência mergulhado numa profunda crise económica
O Presidente do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, assinalou, sábado, os 40 anos da independência, sem festas, apenas com um discurso, no qual garantiu aos compatriotas que o país triunfará sobre a crise económica e a pandemia da Covid-19.
“Ao celebrarmos o passado e abraçarmos o futuro, garanto-vos que juntos ultrapassaremos esta provação”, disse Mnangagwa, no discurso, transmitido sábado à noite pela rádio e televisão nacionais, noticiou a Reuters.
“Embora separados fisicamente, estamos unidos em espírito”, disse, acrescentando: “em unidade, amor e determinação comum, nada nos pode fazer cair”.
O Zimbabwe ficou praticamente paralisado durante as duas últimas semanas por medidas rigorosas que pretendem evitar o progresso da pandemia. Tanto o Governo como a população receiam o impacto desastroso da crise mundial provocada pela Covid-19 no país, já desgastado por 20 anos de crise económica catastrófica.
“Para os nossos pais fundadores e para os nossos valentes heróis e heroínas, o dever patriótico era lutar pela liberdade. Hoje, a nossa tarefa, por causa da Covid19 é ficar em casa, manter a distância e lavar as mãos”, disse o Chefe de Estado.
“Temos também de produzir, produzir e produzir. É assim que celebramos a nossa independência, salvando vidas e a nossa economia”, continuou.
Os 15 milhões de habitantes do Zimbabwe estão a lutar para ganhar a vida num país atingido pelo desemprego em massa, inflação galopante e escassez de produtos essenciais.
Vários anos de seca agravaram a situação do país e hoje, segundo a ONU, quase um terço da população (4,4 milhões de pessoas) encontra-se em “insegurança alimentar aguda”, que requer a ajuda de emergência dos Estados doadores.
Sábado, o Presidente Mnangagwa instou os países ocidentais a levantarem as sanções económicas impostas ao país por causa das violações dos direitos humanos durante a era de Robert Mugabe, o primeiro Chefe de Estado. “Estas (sanções) são ilegais e fazem o nosso povo sofrer, o Zimbabwe não as merece”, disse Emmerson Mnangagwa.
Mugabe, que morreu em Setembro do ano passado, foi forçado a demitir-se, no final de 2017, após 37 anos de Governo, por um golpe militar que levou Emmerson Mnangagwa a Presidente.
Mnangagwa também prestou homenagem aos combatentes da guerra da independência, mas sem mencionar o nome de Robert Mugabe.
Críticas da oposição
A oposição reagiu ao discurso do Chefe de Estado, acusando-o de perpetuar o regime autoritário do seu antecessor. “É triste constatar, hoje, que, embora o Zimbabwe seja politicamente independente, o povo não é livre”, afirmou Luke Tamborinyoka, porta-voz do Movimento para a Mudança Democrática (MDC).
“Continuamos acorrentados a carências, presos e incapazes de nos expressarmos livremente no nosso país, supostamente independente”, acrescentou.
“Para os nossos pais fundadores e para os nossos valentes heróis e heroínas, o dever patriótico era lutar pela liberdade. Hoje, a nossa tarefa, por causa da Covid19, é ficar em casa, manter a distância e lavar as mãos”