Americanos e iranianos trocam acusações
A Guarda Revolucionária, corpo paramilitar do Irão, reconheceu, ontem, ter tido, na semana passada, “um reencontro tenso” com navios de guerra americanos no Golfo Pérsico, a quem responsabilizou pelo incidente, sem apresentar provas.
Na quarta-feira, a Marinha dos Estados Unidos divulgou vídeos onde era possível ver pequenas embarcações iranianas a aproximarem-se dos navios de guerra norteamericanos, que faziam operações com helicópteros Apache junto ao Koweit.
Na versão da Guarda Revolucionária, as suas embarcações estavam em exercícios de rotina no Golfo quando foram surpreendidas pelas “manobras provocatórias e pouco profissionais” dos barcos norte-americanos, que, ainda de acordo com fontes iranianas, acabaram por abandonar o local.
Os iranianos, que não divulgaram qualquer vídeo que suporte a sua versão, acusaram ainda os norteamericanos de terem bloqueado navios da Guarda Revolucionária nos dias 6 e 7 deste mês.
O tenente Pete Pagano, porta-voz do navio Bahrain, da quinta esquadrilha americana, diz que as forças americanas mantêm a acusação original, rejeitando a versão iraniana do encontro.
“Em relação a qualquer outra interacção com os nossos navios, as forças americanas continuam vigilantes e são treinadas para agir de maneira profissional”, disse Pagano à Associated Press.
O incidente ocorreu num momento de maior tensão entre o Irão e os EUA, que não abrandou, apesar do novo coronavírus que afecta os dois países.
Homens armados invadiram um navio-tanque com bandeira de Hong Kong na terça-feira, na costa do Irão, perto do estreito de Hormuz, sequestrando a embarcação por um curto período de tempo perto da costa iraniana.
Embora o Irão não tenha reconhecido estar por detrás do incidente, empresas de segurança privada dizem que a Guarda Revolucionária esteve envolvida no sequestro.
O ministro das Relações Exteriores do Irão, Mohammad Javad Zarif, voltou a criticar o Presidente Donald Trump.
“O senhor precisa de interferir nos assuntos de outras nações; especialmente na minha”, advertiu Zarif, dirigindo-se a Trump, e garantiu que “o Irão não aceita conselhos de qualquer político americano”.
As relações entre os Estados Unidos e Irão há muito que se deterioraram.
Os EUA acusam Teerão de desenvolver programa nuclear, o que Irão nega.