ENSINO A DISTÂNCIA
Lubango faz aposta em salas virtuais
Fernanda, Catanha e Leirinha, estudantes do 3º ano do curso de Ciências de Comunicação do Instituto Superior Politécnico Independente (ISPI), já totalizaram 20 dias de aulas virtuais em várias disciplinas, na sequência de uma iniciativa gizada pela direcção da instituição.
No mesmo diapasão se encontram numa das casas da Centralidade da Quilemba, arredores da cidade do Lubango, os pequenos António Ananás e Nataniela Gomes, alunos da 3ª e 6ª classes. As portas para a entrada das aulas, tanto para os do ensino superior como para o de base são o Class-rom e o WhatsApp.
O acesso às aulas se processa via Internet para ambos os níveis de ensino, diferenciando-se apenas no formato de transmissão dos conteúdos. Os estudantes do ISPI absorvem os conteúdos ou pesquisas sobre temas recomendados através de áudios, vídeo-conferências ou ainda por troca de mensagens entre docentes e discentes.
Procede-se também à distribuição da bibliografia remendada ou mesmo as respectivas obras literárias, onde os estudantes baixam num dispositivo electrónico, facilitando, deste modo, a consulta ou equiparação com os vários autores que se debruçam sobre o mesmo assunto.
Já para os alunos do ensino de base, os professores scaneam os conteúdos de cada disciplina e encaminham via WhatsApp aos pais ou encarregados de educação, que, com base a um acompanhamento prévio, colocam à disposição dos alunos. Há quem socorre-se das teleaulas da TPA, para ajudar os filhos na aprendizagem e resolução das tarefas.
O chefe de Departamento de Engenharia do ISPI, Daniel Domingos, explicou que o estudante deve utilizar a plataforma da Google, onde acede ao class-room e utilizar as turmas virtuais a partir de um código para cada estudante. O ISPI utiliza o Zoom Mid, referiu.
António e Nataniela preferem abordar os conteúdos com a mãe a partir das 11h, acompanhando a tele-aula. Ao pai, cabe a responsabilidade de auxiliar nos exercícios de matemática. “O pai explica melhor a matemática e é paciente”, disseram, para reconhecer o valor da mãe nas demais disciplinas.
Figueiredo Ananaz, pai dos dois garotos, enalteceu a iniciativa das várias escolas do ensino privado, por ocupar melhor as crianças neste período de quarentena. “As crianças já se consciencializaram que nos dias da semana, a partir das 11h, devem sentar-se em frente ao ecrã, com os livros e cadernos para estudar”.
Apesar de se cultivar já algum hábito, descreveu, ainda continua a ser difícil permanecer 24/24 horas em casa, mesmo sendo por uma boa causa. “Urge sermos criativos para entreter as crianças, de modo que não percam o gosto pela escola, pelos livros e despertá-los à importância dos estudos”.
Figueiredo Ananaz e as estudantes do ISPI explicaram ao Jornal de Angola que as aulas virtuais, apesar do seu valor, não deixam de ser onerosas, por exigirem a utilização de equipamento tecnológico de ponta, recargas das companhias telefónicas e paciência em praticar pelo facto de não ser algo físico.
Fortalecer as aulas virtuais O responsável do Departamento de Ciências de Engenharia e Tecnologia do Instituto Superior Politécnico Independente (ISPI), Daniel Domingos, argumentou que a implementação das turmas virtuais em todos os cursos representa uma mais-valia no contexto actual. “A iniciativa surge nesta fase de Estado de Emergência, face à Covid-19, que assola várias nações do mundo, com perdas de vidas assustadoras”, argumentou, para garantir que as acções em curso neste momento consistem em dar continuidade às aulas e tornálas atraentes e ricas, em abordagens de conteúdos.
Destacou que o empenho de todo o colectivo, neste momento, consiste em melhorar, fortalecer e diversificar o debate académico e, ao invés da passividade em consequência das acções de prevenção contra o contágio da pandemia, manter os estudantes cada vez mais activos.
Daniel Domingos argumentou ainda que as turmas são uma extensão das salas físicas, onde os professores podem orientar trabalhos e interagir com os estudantes em aulas por vídeo-conferência. “Através da plataforma do Google denominada “class room”, os docentes estão a interagir com os estudantes sobre vários conteúdos”.
Importa realçar que a nova experiência contempla alunos das Ciências da Comunicação, Formação de Professores, Direito, Sociologia, Informática e Gestão de Empresas e Engenharia e Informática.