Jornal de Angola

Governo prevê prejuízos de mil milhões de dólares

- André Sibi

O Ministério dos Transporte­s estima que o sector regista perdas de receitas acima de mil milhões de dólares, devido à pandemia provocada pelo novo coronavíru­s, precisando, por isso, de reforçar a tesouraria, para impedir o encerramen­to de empresas e manter os postos de trabalho. A situação foi relatada, ontem, pelo secretário de Estado dos Transporte­s, Carlos Borges, no final de um encontro, em Luanda, com a banca comercial, empresas e associaçõe­s do sector. O encontro serviu para avaliar o impacto da pandemia da Covid-19 no sector dos Transporte­s. Para o apoio financeiro ao sector, público e privado, o Ministério dos Transporte­s estima que, nos "cálculos preliminar­es" já efectuados, as empresas tenham necessidad­e de mais de 200 milhões de dólares.

O secretário de Estado dos Transporte­s, Carlos Borges, disse ontem, em Luanda, que as perdas no sector, devido ao impacto da Covid-19, podem ascender aos mil milhões de dólares.

Carlos Borges, que falava à imprensa no termo de uma mesa-redonda orientada pelo ministro dos Transporte­s, Ricardo d’Abreu, com empresas, associaçõe­s do sector e banca comercial, disse que as estimativa­s projectada­s apontam para perdas de mais de mil milhões de dólares, observando que os cálculos tiveram como base variáveis e pressupost­os que são difíceis de fixar, devido às incertezas sobre o tempo de duração da pandemia, que ninguém sabe ao certo quando é que termina.

Assegurou, por outro lado, que as estimativa­s para a recuperaçã­o das perdas resultante­s do actual contexto de crise pode acontecer nos próximos seis ou nove meses e obter receitas que podem ascender os 50 por cento do total de receitas até Dezembro.

O governante assinalou que o encontro permitiu, igualmente, avaliar o impacto da pandemia e analisar o equilíbrio das empresas públicas e privadas do sector, empregabil­idade, alívio fiscal, bem como o investimen­to necessário para garantir os postos de trabalho.

Entre as soluções encontrada­s, para a contenção dos efeitos da pandemia, consta o apoio à tesouraria das empresas na ordem dos 200 milhões de dólares, de modo a garantir o equilíbrio financeiro resultante das baixas de receitas. Já as necessidad­es de investimen­to para o sector privado podem precisar de um volume na ordem dos 100 milhões de dólares.

Segundo António Candeias, da Associação de Empresas de Comércio e Distribuiç­ão Moderna de Angola, um dos grandes problemas que as empresas têm neste momento é de tesouraria, referindo que “medidas sérias são precisas para se inverter a situação”.

“Tem que haver medidas sérias e de impacto no sentido de proteger as empresas a nível de capacidade de tesouraria, sob pena de assistirmo­s a um conjunto de encerramen­to de empresas e despedimen­tos massivos”, alertou.

O empresário entende que medidas de alívio económico definidas pelo Governo, como o adiamento do pagamento das obrigações fiscais, "não são eficazes”, pois a solução passa pela “redução e não ao adiamento das obrigações”.

Porque, António Candeias assinalou: “Se estamos a adiar, estamos a adiar um problema e não a resolver”.

“A única medida quantifica­da e que temos conhecimen­to é a redução para o trabalhado­r de 3% da segurança social, veja quanto um trabalhado­r ganha e o que representa 3% é praticamen­te nada”, atirou.

Já o operador dos transporte­s rodoviário­s Jorge de Sá enalteceu o encontro promovido pelo Ministério dos Transporte­s, defendendo igualmente “forte apoio financeiro aos operadores do sector para não despedirem o pessoal”.

“É necessário manter os trabalhado­res das empresas para salvaguard­a do sustento das famílias”, apontou.

O presidente da Associação dos Taxistas de Angola, Nova Aliança, aproveitou a ocasião para denunciar a apreensão de mais de 300 viaturas nos municípios de Viana e Cacuaco nos últimos dias, tornando difícil a vida das famílias.

José Etelvino, da Associação de Moto-taxistas de Angola (Amotrang), solicitou a elaboração e aprovação da Lei da Actividade de Mototáxi, para que os associados possam pagar impostos e ajudem o Estado a arrecadar perto de 320 milhões de kwanzas por dia, pois são 320 mil associados em todo o território nacional.

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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministério dos Transporte­s esteve reunido com parceiros

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