Governo prevê prejuízos de mil milhões de dólares
O Ministério dos Transportes estima que o sector regista perdas de receitas acima de mil milhões de dólares, devido à pandemia provocada pelo novo coronavírus, precisando, por isso, de reforçar a tesouraria, para impedir o encerramento de empresas e manter os postos de trabalho. A situação foi relatada, ontem, pelo secretário de Estado dos Transportes, Carlos Borges, no final de um encontro, em Luanda, com a banca comercial, empresas e associações do sector. O encontro serviu para avaliar o impacto da pandemia da Covid-19 no sector dos Transportes. Para o apoio financeiro ao sector, público e privado, o Ministério dos Transportes estima que, nos "cálculos preliminares" já efectuados, as empresas tenham necessidade de mais de 200 milhões de dólares.
O secretário de Estado dos Transportes, Carlos Borges, disse ontem, em Luanda, que as perdas no sector, devido ao impacto da Covid-19, podem ascender aos mil milhões de dólares.
Carlos Borges, que falava à imprensa no termo de uma mesa-redonda orientada pelo ministro dos Transportes, Ricardo d’Abreu, com empresas, associações do sector e banca comercial, disse que as estimativas projectadas apontam para perdas de mais de mil milhões de dólares, observando que os cálculos tiveram como base variáveis e pressupostos que são difíceis de fixar, devido às incertezas sobre o tempo de duração da pandemia, que ninguém sabe ao certo quando é que termina.
Assegurou, por outro lado, que as estimativas para a recuperação das perdas resultantes do actual contexto de crise pode acontecer nos próximos seis ou nove meses e obter receitas que podem ascender os 50 por cento do total de receitas até Dezembro.
O governante assinalou que o encontro permitiu, igualmente, avaliar o impacto da pandemia e analisar o equilíbrio das empresas públicas e privadas do sector, empregabilidade, alívio fiscal, bem como o investimento necessário para garantir os postos de trabalho.
Entre as soluções encontradas, para a contenção dos efeitos da pandemia, consta o apoio à tesouraria das empresas na ordem dos 200 milhões de dólares, de modo a garantir o equilíbrio financeiro resultante das baixas de receitas. Já as necessidades de investimento para o sector privado podem precisar de um volume na ordem dos 100 milhões de dólares.
Segundo António Candeias, da Associação de Empresas de Comércio e Distribuição Moderna de Angola, um dos grandes problemas que as empresas têm neste momento é de tesouraria, referindo que “medidas sérias são precisas para se inverter a situação”.
“Tem que haver medidas sérias e de impacto no sentido de proteger as empresas a nível de capacidade de tesouraria, sob pena de assistirmos a um conjunto de encerramento de empresas e despedimentos massivos”, alertou.
O empresário entende que medidas de alívio económico definidas pelo Governo, como o adiamento do pagamento das obrigações fiscais, "não são eficazes”, pois a solução passa pela “redução e não ao adiamento das obrigações”.
Porque, António Candeias assinalou: “Se estamos a adiar, estamos a adiar um problema e não a resolver”.
“A única medida quantificada e que temos conhecimento é a redução para o trabalhador de 3% da segurança social, veja quanto um trabalhador ganha e o que representa 3% é praticamente nada”, atirou.
Já o operador dos transportes rodoviários Jorge de Sá enalteceu o encontro promovido pelo Ministério dos Transportes, defendendo igualmente “forte apoio financeiro aos operadores do sector para não despedirem o pessoal”.
“É necessário manter os trabalhadores das empresas para salvaguarda do sustento das famílias”, apontou.
O presidente da Associação dos Taxistas de Angola, Nova Aliança, aproveitou a ocasião para denunciar a apreensão de mais de 300 viaturas nos municípios de Viana e Cacuaco nos últimos dias, tornando difícil a vida das famílias.
José Etelvino, da Associação de Moto-taxistas de Angola (Amotrang), solicitou a elaboração e aprovação da Lei da Actividade de Mototáxi, para que os associados possam pagar impostos e ajudem o Estado a arrecadar perto de 320 milhões de kwanzas por dia, pois são 320 mil associados em todo o território nacional.