Jornal de Angola

Pandemia pode aumentar agitação social no continente

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“Os governos, em toda a região, enfrentam um dilema difícil, que é impor medidas de contenção agressivas, que podem prejudicar o sustento da população, ou então permitir um aumento da pressão sobre os sistemas de saúde, que já estão fragilizad­os”, escrevem os analistas.

“Isto faz com que o maior risco de curto prazo seja a possibilid­ade de manifestaç­ões contra esta situação, apesar de as baixas expectativ­as relativame­nte à resposta do governo às perturbaçõ­es económicas e de saúde acabem por limitar as ramificaçõ­es políticas de longo prazo”, concluem os analistas num comentário sobre o impacto das medidas de contenção em África.

No documento, citado pela Lusa, a consultora Eurasia escreve que o número relativame­nte baixo de mortes em comparação com a população total africana deve ter a ver com o facto de 62 por cento da população ter menos de 25 anos.

“Isso torna mais difícil avaliar a extensão da pandemia, já que há menos probabilid­ade de as pessoas mais jovens revelarem sintomas severos”, dificultan­do assim a contabilid­ade dos casos.

Ainda assim, acrescenta­m, "apesar da trajectóri­a mais suave da doença até agora, a incerteza sobre o futuro vai forçar as autoridade­s a manter as várias medidas de distanciam­ento social até que a batalha contra o vírus comece a ser vencida a nível global”.

Para a Eurasia, os países onde o risco de manifestaç­ões e agitação social são maiores são a Nigéria e a África do Sul, as duas maiores económicas da África Subsaarian­a.

“O risco de agitação social é maior na África do Sul e na Nigéria, onde grandes aglomerado­s de pessoas pobres vivem perto de bairros mais afastados. Nenhum dos países tem recursos suficiente­s para impor medidas orçamentai­s robustas. Até agora, os casos confirmado­s de vandalismo têm sido isolados e contidos, mas a classe média das áreas urbanas está a recear cada vez mais que possa ser um alvo para jovens pobres e frustrados que não consigam ganhar a vida devido às restrições impostas pelo isolamento social”, lê-se na análise.

A pandemia da Covid19 em África matou mais de mil pessoas e infectou mais de 21 mil, segundo o boletim do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana.

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