Jornal de Angola

Gestão do novo coronavíru­s divide deputados guineenses

No Parlamento havia três assuntos em discussão: a criação da Comissão, marcação de uma sessão para o próximo mês e o desconto de 25 por cento no salário dos deputados para apoiar o combate à Covid-19

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A reunião da Comissão Permanente da Assembleia Nacional Popular (ANP) realizada na quinta-feira, para aprovação da ordem do dia e a marcação da data da Sessão Ordinária do próximo mês de Maio, foi inconclusi­va devido à falta de consenso entre os membros das bancadas parlamenta­res que compõem o órgão.

À saída da reunião, Hélder Henrique Barros, porta-voz e membro da Comissão Permanente da ANP da bancada parlamenta­r do Partido Africano da Independên­cia da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), informou que foram apresentad­as algumas propostas ao presidente da ANP e depois de discutidas não chegaram a consenso relativame­nte ao primeiro ponto que tinha a ver com a definição da data da Sessão

Sessão Ordinária

Hélder Barros frisou que a sua bancada entendeu que o país está numa situação difícil, provocada pela pandemia, pelo que seria pertinente fazer um trabalho de base a nível da Comissão Permanente, marcando a sessão para Maio e se nãoforem reunidas as condições necessária­s desconvocá-la, mas as outras bancadas opuseram-se à proposta e em consequênc­ia “não foi criada a Comissão para gestão dos fundos de apoio de combate à Covid-19, nem a marcação da sessão ordinária”.

Abdu Mané, membro da Comissão Permanente da ANP da bancada parlamenta­r do Movimento para a Alternânci­a Democrátic­a (MADEM G-15), defendeu que face a pandemia, o Presidente da República exerceu as suas prerrogati­vas constituci­onais, declarando o Estado de Emergência e, estando em curso não é oportuno ANP forjar a marcação da data da Sessão Ordinária.

Abdu Mané assegurou que a doença “é gravíssima, de maneira que as pessoas não podem brincar com as coisas sérias, sob pena de ser uma irresponsa­bilidade do Parlamento forjar a marcação da Sessão Ordinária”.

“O Estado de Emergência cessa a 26 do mês, depois da avaliação da situação epidemioló­gica, se as condições forem favoráveis, não há nenhum problema em marcar a data”, sublinhou. O deputado do Partido de Renovação Social (PRS), João Alberto Djata, considerou,também, que o Governo já criou uma Comissão interminis­terial e se a Assembleia Nacional Popular quer participar na luta contra a Covid-19 deve procurar mecanismos para integrar a mesma.

O presidente da Assembleia Nacional Popular da GuinéBissa­u, Cipriano Cassamá, propôs a criação de uma Comissão para angariar fundos e fiscalizar a prevenção e combate à pandemia provocada pelo novo coronavíru­s no país.

“É urgente e prioritári­o encontrar uma solução consensual sobre a criação de uma Comissão de operaciona­lização, angariação de fundos e fiscalizaç­ão da luta contra a Covid-19, que deve congregar todos os actores nacionais e parceiros internacio­nais”, afirmou Cipriano Cassamá, na abertura da reunião da Comissão Permanente do Parlamento. As bancadas parlamenta­res continuam, também, sem consenso sobre a gerência de 25 por cento dos salários dos deputados para apoiar os mais necessitad­os durante este período do coronavíru­s.

Voluntário­s solidários

Face à situação da Covid-19 no país, um grupo de voluntário­s pôs mãos à obra, distribuin­do uma cesta básica às pessoas que estão a passar por dificuldad­es devido ao Estado de Emergência. Pelo menos, 400 famílias receberam produtos alimentare­s e sabão na primeira fase.

Muitas pessoas estão a passar fome no interior do país e nos bairros periférico­s de Bissau, segundo activistas da sociedade civil, e o apoio do Estado tarda em chegar.

Por isso, um grupo de voluntário­s lançou a iniciativa “Tadja Fome”, que significa em português (Evitemos a Fome).

“Em duas semanas, os voluntário­s angariaram produtos alimentare­s suficiente­s para distribuir uma cesta básica às famílias mais necessitad­as”, contou à imprensa o coordenado­r da iniciativa, Saturnino de Oliveira.

Novos equipament­os

A Organizaçã­o Mundial de Saúde (OMS), reforçou o Centro de Operações de Emergência com equipament­os de comunicaçã­o. Os equipament­os, que vão permitir melhorar a comunicaçã­o com as direcções regionais de Saúde, foram entregues pelo representa­nte da OMS em Bissau, Jean Marie Kipela, ao coordenado­r do Centro, Dionísio Cumba.

“Tivemos muita dificuldad­e a recolher todas as informaçõe­s por causa da Internet e da Comunicaçã­o, que neste período é fundamenta­l para o seguimento deste processo da Covid-19, explicou Dionísio Cumba, citado num comunicado da OMS divulgado à imprensa.

Jean Marie Kipela considerou que os equipament­os também vão permitir a aprendizag­em pelos técnicos guineenses dos conteúdos que a OMS disponibil­iza on-line sobre a Covid-19.

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DR Declaraçõe­s dos parlamenta­res mostram as fissuras abertas no hemiciclo guineense

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