Semba será elevado a Património Nacional
O estilo musical semba será proclamado, ainda este ano, Património Imaterial Nacional pelo Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, garantiu, em declarações ao Jornal de
Angola, a directora do Instituto Nacional do Património Cultural, Cecília Gourgel.
Falando por ocasião da celebração do 18 de Abril, Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, assinalado sábado, Cecília Gourgel avançou que a esperada proclamação do semba como Património Imaterial Nacional acontecerá ainda este ano, e será incluída no âmbito dos festejos do 45º aniversário da Independência Nacional.
“Apesar de ainda estarmos todos afectados com o surgimento da pandemia Covid-19, tão-logo se retome aos postos de trabalho os estudos e investigações levadas a cabo para a sustentabilidade da proclamação prosseguirão, permitindo desta forma a finalização do inventário que se ocupa em destacar as particularidades e importância do estilo musical sembaeasuarespectivadança”, observou Cecília Gourgel.
Segundo apontou, nesta empreitada conta com a contribuição de outros organismos do ministério de tutela, nomeadamente o Complexo de Escolas de Arte (CEARTE), da Direcção Nacional de Formação Artística, da Direcção Nacional da Cultura e de artistas que directamente estão empenhados na conservação e massificação deste ritmo baptizado por artistas como “a nossa bandeira musical”.
De salientar que esta classificação consolida, a nível nacional, a corrida do semba a Património Imaterial da Humanidade, proposta tornada pública por Carolina Cerqueira, ao tempo em que era ministra da Cultura. Angola, neste domínio, pode orgulhar-se pelo feito de ter conseguido reunir condições para a elevação da zona histórico da secular cidade de Mbanza Kongo a Património Mundial da Humanidade, classificada em 2017 pela UNESCO.
Sona tem processo avançado
Relativamente à efeméride de amanhã, Cecília Gourgel destaca que o seu instituto tinha programado, antes das consequências administrativas causadas pela Covid19, a classificação de mais monumentos e sítios, para que fossem assim protegidos e dado um tratamento à altura da sua importância histórica.
“Tínhamos em carteira a classificação do edifício da antiga capitania do Porto de Luanda, a Praça da Independência, o Sítio Histórico de Bernó, em Nambuangongo (Bengo), o Cemitério Histórico de Capanda, na província de Malanje, e o Sona, geometria de desenhos traçados na areia, símbolo da cultura cokwe”, destacou Cecília Gourgel.
No âmbito do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, que este ano se comemora sob o lema “Cultura Partilhada, Património Partilhado,
Responsabilidade Partilhada”, o ministério havia programado, para além da classificação de novos monumentos e sítios, a realização de conferências e palestras em parceria com instituições nacionais cujos trabalhos incidem na cultura, como são os casos do Centro de Estudos e Investigação Científica de Arquitectura da Universidade Lusíada de Angola (CEICA) e a Ordem dos Arquitectos, com vista a reflexão da amplitude e diversificação dos bens patrimoniais nacionais e sua salvaguarda.
Quanto a resultados destas parcerias, Cecília Gourgel salienta que já avançaram acordos com estas instituições no sentido de se proceder a uma investigação sobre os Sonas (desenhos ou inscrições na areia), tendo em conta o avanço do processo da sua classificação como Património Imaterial Nacional.No nosso país, disse a directora do Instituto Nacional do Património Cultural, estão classificados cerca de 280 bens culturais.
O Dia Internacional dos Monumentos e Sítios foi criado pelo Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS) a 18 de Abril de 1982, e instituído pela UNESCO, no ano seguinte, com o objectivo de sensibilizar os cidadãos para a diversidade e vulnerabilidade do património, bem como para a necessidade da sua protecção e valorização. Além da valorização do património nacional de cada país, a data serve também para comemorar a solidariedade internacional em torno do conhecimento, da salvaguarda e da valorização do património no mundo.