Uso das máscaras
As máscaras tidas como armas fundamentais no combate ao coronavírus, cada vez com mais aderentes em todo o mundo, podem transformar-se em navalhas de dois gumes, pelo que todo o cuidado com elas é pouco.
Mal se soube do surgimento, na China, de um novo coronavírus, as imagens que chegavam daquele país mostravam-nos multidões de rostos cobertos com máscaras que imediatamente dividiram opiniões em todo o mundo, mesmo entre especialistas de saúde. Uns a defender a generalização do uso, como essencial para dificultar a propagação do vírus pelas gotículas de saliva, outros, a desaconselhá-la, argumentando que micróbios do cuspe em vez de se libertarem, com elas possam reentrar no organismo de quem as expele.
Opiniões científicas à parte, a verdade é que face ao poder assassino da nova doença, ainda sem medicamentos que a cure, nem vacinas que a evite, as pessoas começaram a usá-la, mesmo sem saberem, muitas vezes, como e quando. Com frequência se vê quem para falar a retire e a use como objecto de decoração, caída sobre o peito, a modos de gravata de nó folgado, ou na testa, como óculos de sol, quando se entra em local onde ele não penetra. Em Luanda, já vi trabalhadores da recolha de lixo público, debruçados sobre os contentores, com elas numa daquelas posições e transeuntes a atirá-las para aqueles receptáculos, passeios e ruas, num desafio ao inimigo que enfrentamos, quando a deviam inutilizá-las e pô-las em sacos bem fechados, para evitar a reutilização contagiosa. E há, ainda, as de pano, de “fabrico doméstico”, vendidas na via pública, que ficam para próximo “periscópio”